29 fevereiro, 2008

Carta branca

Acabo de chegar do CCB, onde Jorge Palma deu hoje o concerto Carta Branca, semi acompanhado pelo quarteto de cordas Lacerda e onde também Vicente deu um ar de sua graça.
O que dizer de Jorge Palma? O que dizer de cada uma das canções que cantou, das mais antigas às do seu último álbum Voo Noturno?
Enquanto assistia ao concerto pensava "vou publicar esta música hoje" e dava comigo a pensar o mesmo da música seguinte e assim durante todo o concerto. Talvez acabe por escolher "a gente vai continuar" já que foi o seu último "encore"...
Seja com for, Jorge Palma, está muito bem. Os cabelos grisalhos, mas em grande forma. A mesma simplicidade de sempre. A simplicidade dos génios. Daqueles que não percebem o que têm para dar a tanta gente, o tanto que deram...
A mesma lucidez de sempre. É claro que a malta brincou com a água que ele bebeu durante todo espectáculo. Garanto que era água. Vi-o abrir as garrafas à minha frente.
Jorge Palma continua um génio como compositor de letras e canções. Como compositor apenas... cantou um poema lindíssimo de Al Berto.
Enfim... venho com a alma cheia de alegria, por ver que um dos homens que mais amei nesta vida, que me acompanhou desde a adolescência, quando ele tocava nas ruas e no Metro de Lisboa e a quem as pessoas olhavam de lado, sem perceber que ali ao lado estava o génio de um homem, que apesar de tudo nunca perdeu a lucidez.
Obrigada Jorge Palma. Por este e por todos os concertos em que me encantaste... e por aqueles com que ainda me hás-de encantar.
Hoje sou só tua.
Hoje és só meu.
A gente vai continuar... enquanto houver ventos e mar.

28 fevereiro, 2008

O que será - Simone (clica aqui)

O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar
Por que todos os risos vão desafiar
Por que todos os sinos irão repicar
Por que todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo...

Visão


I
Minha mãe cantava no caos.
Entre incêndios de estrelas
riscos num céu de nuvens
lá estava ela cabeça olhos sorrisos.
II
Minha mãe não canta mais.
Fantasma fugidio,
o tempo vence o corpo e o canto.
Resta o caos.
(Tanussi Cardoso)

Coisas de família...


Tenho passado muito, do pouco tempo livre que tenho, a tratar fotos antigas. Fotos de família. Fotos de avós que nem conheci e que quando pergunto à minha mãe "quem é? ela fica escandalizada. Mas a verdade é que à conta das perguntas tenho obtido algumas estórias que nem sonhava. Fui criada praticamente só com os meus pais e irmãos. Durante algum tempo tive por perto uma tia avó e depois uma avó. Mas foi por muito pouco tempo. Não cresci rodeada de tios (também não tinha assim tantos e agora ainda tenho menos), nem por primos... Não conheço muito da minha família e o pouco que conheço deve-se às férias que passava em Portugal.
Mas ontem estive a tratar a foto de uma velha senhora, muito bonita. Quando perguntei à minha mãe quem era, explicou-me que era a avó do meu pai. Que tinha levado uma vida muito dura, junto de um marido que trabalhava meses a fio para obter dinheiro que gastava em bebida nos meses seguintes, enquanto tivesse para tanto. Dizem que era muito difícil de aturar quando bebia um copito a mais. Para além disso, esta minha bisavó criou uma neta que deve ter sido a criança mais levada da breca da família... e continuou assim pela vida fora, demonstrando uma inteligência rara que toda a vida usou para ludibriar as autoridades de todos os países por onde passou. Chegou a estar proibida de entrar nos USA mas nem por isso deixava de passar a fronteira do Canadá para entrar nos USA e visitar o pai em Nova York, sempre que lhe apetecia...
Hoje tive, (não há coincidências, atenção) notícias dessa prima de quem não havia notícias há quase 6 anos. Gostava de a rever. Gostava muito mesmo de ver na mulher em que te tornaste Maria Luísa.

27 fevereiro, 2008

Divino Maravilhoso - Gal Costa (clica aqui)

Atenção
Tudo é perigoso
Tudo é divino maravilhoso
Atenção para o refrão
É preciso estar atento e forte
Não temos tempo de temer a morte



Privilégio


Mesmo as almas de berço venturosas,
os espíritos graves, os ascetas,
mesmo os sábios, os santos e os poetas,
colhendo espinhos onde plantam rosas,

— todos têm suas crises dolorosas,
seus anseios e dúvidas secretas,
que derrubam as crenças mais concretas,
motivando as visões mais assombrosas.

Todos na vida têm um dia estranho
de incertezas cruéis e abatimentos,
mas sobre todos nesse transe eu ganho.

Pois venço o mal e fujo aos desalentos,
quando os meus olhos pecadores
banho nas duas pias dos teus olhos bentos.

(Orlando Brito )

Eu quero é sossego!


Há quem goste tanto do seu trabalho que o leva para casa. Física ou psíquicamente. Francamente não faz o meu género. Misturar trabalho com a minha vida particular não é coisa que eu consiga combinar. E olhem que eu gosto do meu trabalho. Gosto mesmo. Mas saindo a porta para fora acabou. Deixa-o lá estar, deixa a poeira assentar, deixa que cada um resolva os seus problemas. A gente até ajuda, pois claro. Mas como não se pode resolver nada só com boa vontade, também não adianta levar os problemas para casa.
É por isso que não gosto que me telefonem para casa à noite com conversas sobre o trabalho. Não gosto e começo a "despachar" em grande estilo. Só vos digo que o meu primeiro emprego foi num despachante (exactamente: quem se lembra dos despachantes que foram praticamente despachados em grande força com a entrada de Portugal na CEE?. Mas acredito hoje que teria feito uma belíssima carreira como despachante e, até podia estar a esta hora a despachar em grande estilo da China para cá. E quem diz da China diz de um outro qualquer país asiático, daqueles que exploram a todo o gás a força de trabalho.
Mas como não segui a carreira de despachante e já fui tantas coisas nesta vida, quero agora ter algum sossego.
Nem que seja o direito a noites tranquilas frente à TV!

26 fevereiro, 2008

O que foi feito de Vera - Elis Regina (clica aqui)


O que foi feito, amigo
De tudo que a gente sonhou
O que foi feito da vida
O que foi feito do amor
Quisera encontrar
Aquele verso menino que escrevi
Há tantos anos atrás

Gata de rua


Afinal o que sou?
Se não sei o que sinto,
Quantas vezes já amei?
Ou então fantasiei
Amores infinitos.
Sou gata de rua...
Sem amo sem dono
Sem gato e sem cama.
Sem laço de fita
Que faça eu sentir
Aflição no pescoço.
Sou gata de rua...
Só sei amar a Lua.
Sei enlear-me no macho,
Ser apertada num abraço
Comer, beber e sumir.
Sou gata de rua...
Sem dono e sem laço.

(Yedda Gaspar Borges)

Como Alvin Toffler


Alvin Toffler tem acertado em quase todas as previsões futuristas que vem fazendo. Considerado um dos maiores pensadores do século XX, quase a chegar aos 80 anos vem dizer agora que as escolas são apenas fábricas, onde às crianças não são ensinados os conteúdos que lhes virão a fazer falta no futuro.
O mundo tem vindo a mudar de uma forma vertiginosa. Os velhos de hoje já não não são os sábios que eram no tempo da minha avó. Hoje não podem competir com uma criança de 10 anos. E isso faz toda a diferença. As crianças já não crescem aprendendo com os avós ou mesmo com os pais. Uns estão demasiado velhos e confusos para tomarem conta deles e lhes ensinarem alguma coisa e os outros não têm tempo para estar com os filhos e o pouco que lhes resta aproveitam-no muitas vezes para eles próprios aprenderem um pouco mais. Eu confesso que faço os possíveis para não ficar muito atrás do meu neto de 11 anos na corrida ao conhecimento.
Felizmente sinto-me mais ultrapassada por ele nos desportos radicais do que no conhecimento,. Mas ele não é uma criança do século XXI. Prefere andar de skate ou de bicicleta, jogar futebol ou qualquer outra coisa que implique estar fora de casa que passar horas frente a um televisor ou a um computador. Felizmente.
O mundo está a mudar vertiginosamente. Os avós já não vivem até à morte com os filhos. Quando se encontram incapazes de dar conta de si, metem-nos em "lares" ou "casas de repouso"... sejamos mais concretos e admitamos que os metem em asilos que cheiram mal, a urina e desinfectante e aqueles que não cheiram cobram rendas tão ou mais elevadas que hotéis de *****.
É por isso que eu não quero chegar a esse ponto. Não quero ficar por cá até estar completamente gasta e inútil... prefiro partir mais cedo que mais tarde. Enquanto me sinto útil e com forças para trabalhar e aprender todos os dias... ou simplesmente relembrar verdades tão simples com aquela que nos ensina que quanto mais alto se sobe maior é a queda! Estar por cá enquanto a minha cabecinha entender o que dizem os homens sábios como Alvin.

25 fevereiro, 2008

Verdes são os campos - Zeca Afonso (clica aqui)

Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.

Eu


Às vezes sou oceano,
Sou deserto,
Às vezes estou distante,
Outras vezes muito perto;

Às vezes sou antídoto,
Sou veneno,
Às vezes sou gigante,
Outras vezes , sou pequeno;

Às vezes sou presença,
Sou saudade,
Às vezes sou um inteiro,
Outras vezes, sou metade;

Às vezes sou estrela,
Sou breu,
Às vezes sou você,
Outras vezes, sou eu;

Às vezes sou sorriso,
Às vezes lágrima,
Às vezes sou tudo,
Outra vezes não sou nada.

(Tatiane Correia Silva )

O mundo é dos "espertos"


Tens-me faltado todos os dias desde que partiste. Todos os dias penso em ti com carinho, com saudade. Penso em ti como uma das pessoas mais generosas, íntegras e justas que conheci. Todos os dias me faltas. Mas hoje faltas-me mais do que nunca. Porque carrego sobre os ombros um fardo que só existe porque partiste. Porque guardo segredos que não posso revelar a ninguém. E tudo isto só porque resolveste abandonar-me. E o que me rodeia, cheira mal. Cheira mesmo muito mal. O cinismo, a hipocrisia, o vale tudo mesmo tirar olhos, tudo isto me tira o sono sossegado a que me julgo com direito, porque tudo isto só cai em cima de mim porque as pessoas confiam em mim. E eu não tenho alternativa senão continuar a merecer essa confiança. Não posso trair ninguém nem mesmo aqueles que eu sei perfeitamente que me traem. Faço o meu papel de parva, o meu papel de quem nem sequer anda por aqui, conto umas estórias engraçadas para que ninguém perceba a angústia em que vivo.
Fazes-me tanta falta. Hoje fazes-me mais falta. Já não consigo aguentar por muito tempo, disfarçar o horror que sinto por gente que vive de mexer cordelinhos, de lixar quem se atreva a passar-lhe à frente. De gente que quer "subir" na vida à custa de trambiques e cambalachos e não de profissionalismo e sobretudo de honestidade... Gente que acha que quem não é trambiqueiro é estúpido. Quem não é honesto é estúpido...
Pois é minha amiga. Criaram o monstro e agora temos que o aturar. Mas uma coisa é certa. E assim será por muitos anos. O mundo é dos "espertos".
Saudades, amiga.

24 fevereiro, 2008

La boheme - Charles Aznavour (clica aqui)

La bohème, la bohème
Ça voulait dire on est heureux
La bohème, la bohème
Nous ne mangions qu'un jour sur deux




Tarot


Há muitas espadas cruzadas sobre meu peito,
todas mortais e frias,
empunhadas por sombras e angústias.
Verdadeiramente letal só uma:
perpendicula sobre minha vida
esta abrasada por chamas vivas:
teus olhos ambíguos no gume;
a ausência da tua mão no cabo.

(Zula Garcia Giglio)

Quando...


José Cardoso Pires morreu há 10 anos. O Miguel fez 8 anos. Aznavour deu um show no Pavilhão Atlântico aos 83 anos. E o meu tempo é quando.
O meu tempo é hoje, esta hora, este minuto, este segundo. Recordo estórias de todos os tempos, estórias que me foram contadas pela minha avó, estórias que vivi, estórias que li... mas o meu tempo é quando. Quando as coisas acontecem. O futuro não sei se existe, ou está ali mesmo ao virar da esquina... Daqui a pouco a RTP1 transmite mais um episódio do "conta-me com foi" e eu lembro que foi assim. Lembro pelos olhos do Carlitos. Sinto como sente o Carlitos... o mundo dos adultos é sempre demasiado complicado aos olhos das crianças. O mundo dos adultos continua a ser muito complicado aos meus olhos. É por isso que quando me dizem que tenha juízo eu respondo que preciso de muita coisa, talvez, mas não de juízo.
A vida não é para ser levada a sério. Senão ficaremos todos hirtos como o José e o Aníbal. Incapazes de rir sem esforço, incapazes de viver espontaneamente, incapazes de perguntar como hoje ouvi na festa de aniversário do Miguel "quem quer ser o segundos?".
Pois é. Daqui a uns anos nenhum deles responderá como hoje responderam todos "eu". Daqui a uns anos, num futuro que será deles mas não meu, quererão ser os primeiros... e não existe nada de errado nisso. Só que por enquanto eles não se importam nada de se os segundos...
Hoje tinha assuntos demais para tratar. Fiz muitas coisas quando. Por isso hoje fico por aqui e afirmo que vou comprar o livro inédito de José Cardoso Pires "Lavagante", quando...

23 fevereiro, 2008

Eu sei que vou te amar -Daniela Mercury e Adriana Calcanhoto (clica aqui)

Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou

Quer viver a emoção?


Quer viver a emoção?
Adolesce o coração
e deixa ninar a razão.
(J. Cardias)

Que vença o melhor


Parece-me irrelevante que os principais candidatos democratas à presidência dos USA sejam uma mulher e um negro. Não acho que alguém possa escolher alguém para um cargo tão importante com base no sexo ou na raça. Mas parece que é o que está a acontecer. Os latinos e brancos preferem em maioria Hillary e a comunidade negra prefere Barak.
Espero que nenhum deles tente usar qualquer destas condições para apelar ao voto em si. Porque o que importa é o que cada um vale, o que cada um pensa, qual o tipo de política que pretende implementar nos USA. Porque quer queiramos quer não, no fim, tudo isto diz respeito a todos nós, sejamos americanos, sul americanos, europeus, africanos ou asiáticos. Isto diz respeito a todos nós desde que o mundo deixou de ser dividido em duas super potências. A URSSS perdeu. E o mundo ficou simplesmente sem escolha (se bem que a escolha era tão pouca que pouca diferença podia fazer, mas enfim...)
Já agora que afinal isto também me diz respeito, dir-vos-ei que em termos exteriores tanto Hillary como Barak são pessoas bonitas. E com dizia o poeta, beleza é fundamental. Não estou a brincar. Ou estou? Que interessa?
Por mim eu votaria, se me dessem direito a isso, em Barak. Não porque é negro, não porque é bonito, mas porque me parece representar a diferença de todos os estilos de governação que já vimos na Casa Branca. E também porque Hillary afinal até já fez uma perninha quando o Bill foi presidente. Todos sabemos: por trás de um grande homem está sempre uma grande mulher. Por isso, se é verdade que acho que Hillary não seria uma má opção, parece-me que desta vez (finalmente) a questão não é escolher o menos mau mas escolher o melhor. E para mim Barak é mesmo o melhor. Porque representa a juventude, os ideais ainda sonhados e uma reviravolta de verdade na Casa Branca.
Que ganhe o melhor.

22 fevereiro, 2008

Cabide -Mart´nália (clica aqui)


Se eu fingir e sair
Por aí na noitada
Me acabando de rir
E se eu disser que não digo
E não ligo e que fico
E que só vou aprontar...

Auto retrato II



No espelho
minha face envelhece.
Um cafajeste
ao outro reconhece.
(Odair da Costa Moreira)

Há princesas e princesas...

Lembro-me de ouvir a minha avó materna, que era uma mulher que gostava de contar estórias, falar da "roda". Eu era muito garota e fazia-me impressão que houvesse gente que se desfizesse assim dos seus filhos. E por mais que a minha avó tentasse explicar que era uma forma de as crianças não serem abandonadas e morrerem à fome, aquilo não entrava na minha cabeça. Mal comparado é como os miúdos de hoje ficarem espantados quando contamos que não tínhamos na idade deles computadores. Eles já existiam mas era como se não existissem, uma vez que muito pouca gente tinha acesso aos ditos. Lembro-me de que a primeira imagem que me vinha à cabeça quando me falavam de computadores era a de um "robot". Na minha mente era a mesma coisa e afinal, nem estava assim tão longe da realidade...
Voltemos à minha avó e à "roda". Hoje, a propósito de um romance que estou a ler conversava com uma amiga sobre a "roda" e ela, mais nova que eu 10 anos, disse que achava o sistema pavoroso.
Eu, hoje que sei muito mais da vida que quando me falava a minha avó da "roda" e das suas amigas que tinha que tinham sido deixadas na "roda", acho que era um sistema nada mau. Afinal hoje em dia se houvesse uma "roda", será que haveria mães a esconderem a gravidez até ao fim e depois matarem os filhos e deitá-los ao lixo ou congelá-los até arranjar uma boa ocasião para se desfazerem dos corpos?
Hoje mais uma dessas estórias fez parte do telejornal. Não existe semana em que não aconteçam essas coisas.... e é claro que a opinião pública nem sequer toma conhecimento de todos os casos... há com certeza gente que pratica o chamado "crime perfeito" e nunca chega a ser apanhada pelas malhas da lei.
Matar é algo de muito sórdido. Um acto que não pode ter qualquer explicação. Matar um filho, um bebé indefeso então é algo de inadmíssivel e impensável para gente com cabeça assente entre os ombros.
A minha compensação foi conhecer hoje a Rafaela, menina de 4 dias, linda de morrer, filha do meu colega Paulo que se encontra babadíssimo, e com toda a razão, com a sua princesa.

21 fevereiro, 2008

Com Um Brilhozinho Nos Olhos - Sergio Godinho (clica aqui)


e às duas por três
bebemos um copo
fizemos o quatro e pintámos o sete
e com um brilhozinho nos olhos
ficámos imoveis
a dar uma de tête a tête

Em trânsito


Não queria ver-te assim, passageira
pássaro inquieto a prever os ventos
da inevitável migração.
Não queria saber-te assim,
provisória a preparar malas,
afivelando o tempo empacotando a vida.
O bilhete prevê baldeação
e no guichê não deram informações.
Somos todos estrangeiros à espera
encontrar-nos-emos na próxima estação
(Dalila Teles Veras)

Assim não dá.


Há muitos anos que a maior parte de nós (portugueses) vive acima das suas posses. A certa altura passou-se do 8 para o 80. Lembro-me perfeitamente que os meus pais, embora vivendo bem, não nos davam a maior parte das coisas que queríamos e que, já nessa alrtura os nossos amigos tinham.É claro que vivíamos em Luanda onde as pessoas ganhavam bem e não em Lisboa. E por isso quando eu vinha cá de férias estranhava a vida das minhas colegas de escola. Lisboa parecia-me realmente a capital de um país pobre e via Luanda como realmente a cidade luz do país que então era constituído por tantos territórios...
Pois acontece que as pessoas de há uns anos para cá começaram a viver como se vive no mundo capitalista... só que não tinham capital.
Lembro-me que nos anos 80 o meu irmão que estava a viver em Espanha contava espantadíssimo que os Bancos passavam a vida a oferecer-lhe crédito... eu também me espantava... mas não demorou muito tempo para que o mesmo viesse a ocorrer aqui neste pedacinho à beira mar plantado e que à conta disso e da febre consumista haja muito boa gente com a corda na garganta.
Esta prosa toda veio-me à cabeça a propósito do que se passa na Câmara Municipal de Lisboa que, pelos vistos seguiu as pisadas de muitos portugueses e viveu durante anos à grande e à francesa. A lei das finanças locais foi mudadada, os autarcas reclamaram mas não serviu de nada. E agora, que à frente da CML se encontra o ex nº 2 do governo de José, o homem por muito boa vontade que tenha não tem meios para pagar as dívidas acumuladas. É calro qe no meio disto, quem se lixa mais são as empresas a quem a CML deve milhares de euros. Muitas delas já terão aberto falência e outras vão a caminho...
Agora por mais que custe a acreditar sei que há Cãmaras neste país que pagam aos fornecedores a 30 dias... isto é tal e qual como governar uma casa. Há que ter cuidado e não dar um passo maior que a perna... Se não há dinheiro para um carro novo há que ir aguentando o velho, se não se pode ir de férias pois, mais vale ficar em casa que ficar com a corda na garganta o resto do ano... o problema é que há muita gente que vive de aparências e não pode ter menos que o vizinho... isso é que não pode ser, de maneira nenhuma.

20 fevereiro, 2008

Raça - Milton Nacimento - Gilberto Gil (clica aqui)

É um lamento, um canto mais puro que me ilumina a
casa escura.
É minha força, é nossa energia que vem de longe
prá nos fazer companhia.
É Clementina cantando bonito as aventuras do seu
povo aflito.
É seu Francisco, boné e cachimbo, me ensinando que
a luta é mesmo comigo.

Louco Total


Olheira criminosa
flagrante estranho
e metal veneno
estranho e letal
mulher assim tão dengosa
esteira de um crime total
luxúria estranheza,
vulgares lugares, Natal mortal.

(Fábio Mor)

O que festejam...


Em Miamai alguns cubanos fazem a festa porque Fidel renunciou. Não percebo porque festejam. Quer se goste ou não de Fidel, a verdade é que nada mudou em Cuba. Trocou-se um Castro por outro Castro. Só que este muito menos brilhante, sem o carisma do irmão... naõ estou aqui a fazer a apologia de Cuba. Como muitos outros países tem coisas boas e coisas más. Mas não tenho quaisquer dúvidas que, se Cuba não se desenvolveu como qualquer outro país ocidental, isso se deveu apenas ao facto de Fidel se ter recusado sempre a curvar a espinha diante dos USA. Chamem-me comunista, chamem... o que quiserem. Muita gente se ofende quandio eu digo que certos países são perfeitamente ingovernáveis sem ditaduras. Não me parece que tenha sido este o caso de Cuba. Fidel tornou-se sem dúvida de guerrilheiro em ditador. De acordo. Mas se as circunstancias fossem outras não poderia ter sido diferente.?
Não adianta pôrmo-nos agora a especular o que poderia ter sido diferente. Mas Fidel tem os seus apoiantes. Há quem o ame e quem o odeie. Como a qualquer líder carismático. Por mim sempre me fico pela sua figura de guerrilheiro... talvez seja esta minha tendencia de ver mais o que há de bom em cada um e o tempo apaga-me da memória o que não inrteressa...
O que eu não entendo é o que aqueles tipos em Miami festejam...

19 fevereiro, 2008

Nao queiras saber de mim - Rui Veloso


Não queiras saber de mim
Porque eu estou que não me entendo
Dança tu que eu fico assim
Hoje não me recomendo

Dizer ou não dizer bom dia


Dizer ou não dizer bom dia?
Selecionar bons-dias?
Grunhir bons-dias?
Desejar bons-dias aleatoriamente?


Mas oferecer um sorriso de solidariedade
à meninada que pegou o bonde andando.


(Xenia Antunes )

Ainda há quem encare a vida como deve.


Foi uma desgraça, perguntou o repórter em Setúbal a um homem que ficou com o estabelecimento destruído... Não, foi uma cheia, respondeu o homem, só uma cheia. Em Moçambique é que é uma desgraça, aí as pessoas passam fome.
De vez em quando ouço umas coisas assim que me dão a sensação de felicidade de ser portuguesa. Neste país de gente triste e com tendência para a desgraça ainda há gente capaz de olhar para o lado e ver o que é realmente uma desgraça.
Estou tão contente que nem sei explicar bem o que sinto.
Uma amiga minha que vive com algumas dificuldades como a maioria de todos nós, costuma dizer o dinheiro nunca me faltou simplesmente porque nunca me prometeu... é este tipo de filosofia de vida que eu admiro. Cansam-me as pessoas que passam a vida a falar dos seus problemas mas puco ou nada fazem para os resolver. Esperam que a ajuda desça dos céus... penso eu.
Esta minha amiga é uma pessoa com muitos problemas mas eu nunca a vejo queixar-se da vida. Ambas costumamos dizer que se não podemos ter, paciência... desde que não se passe fome como em Moçambique não é? E ainda tem a capacidade extraordinária de se preocupar com todos os que a rodeiam, de tentar cuidar de todos, de dar o pouco que tem a alguém que ela ache que precisa mais...
É desta gente que eu gosto. Esta gente que não se deixa vergar... No fundo a riqueza está dentro de nós e não o descobrimos ainda.
Eu por exemplo, descobri hoje que tenhio uma ilhota e um planalto sagrado (isto é realmente verdade, está escrito preto no branco)... portanto que motivos me levariam a estar preocupada ou infeliz... a fome em Moçambique é evidente!

18 fevereiro, 2008

Another lonely day - Ben Harper (clica aqui)

Wish there was something I could say or do
cause i can resist anything but a temptation from you
I'd rather walk alone than chase you around
I'd rather fall myself than let you drag me down

it wouldn't have worked out any way
but now it's just another lonely day hey hey

Jornada


Para a sola curtida dos meus pés
parece até que a única coisa
que sei fazer na vida é caminhar.
Pés de nômadas me acompanham,
os de alma cigana me seguem acampamento afora,
os de retirantes são os que eu carrego.
Queria os pés dos colhedores de uva,
que se embriagam na fazença dos vinhos,
mas preferia em mim os dos que se apegam à terra.
Para a sola curtida dos meus pés,
que ora se enche se esperança e ora transborda de incerteza,
o que mais sobrou na vida foi caminhar.
A estrada, às vezes de pedra e às vezes de flores,
não oferece trégua ao andarilho que eu sou.
(Madi Rodrigues)

Quem te avisa teu amigo é (neste caso amiga)


Eu até tenho andado mal disposta, juro... é que eu detesto admitir que avaliei mal as pessoas. E quem me lê sabe da admiração profunda que eu tenho pelos fatos italianos que o José usa e que lhe assentam como uma luva (nada tipo manequim da Lanalgo como o Aníbal), pois todos sabem. Ora achava eu, que um tipo que se veste tão bem, com tanto gosto só podia mesmo ser um poço de bom gosto. E foi aí que eu comecei a ver umas obras que diziam ter sido projectadas por outros mas assinadas pelo José. Pronto. Todos sabemos que toda a vida foi assim, é preciso a assinatura de um engenheiro para conseguir licença da câmara para construir, de maneira que fiquei muito descansada. É certo que ele tinha assinado umas coisas horrorosas, mas pronto, (ou seria melhor dizer prontos?) não tinha sido desenhadas por ele... E os engenheiros também precisam de ganhar o pão para a boca!
Eis senão quando o homem vem dizer, fulo da vida, que tudo o que assinou eram projectos seus. Aí é que eu desabalei num choro convulsivo pela decepção que ele me causou... levei algum tempo a recompor-me e agora o que acho é que há alguém que escolhe as roupas do José senão ele andaria de camisa amarela e calças encarnadas ou vice versa...
Pior. O homem ofende-se porque um jornalista foi vasculhar o passado dele. O homem chateia-se tanto como se chateou com a estória da sua licenciatura. O homem chega a dizer que é uma espécie de cabala e a comparar o que se passa agora com os boatos que foram postos a circular aquando da campanha eleitoral, pondo em causa a sua macheza! Então José... boatos são boatos e projectos assinados e tornados realidade são coisas bem diferentes. Tu vê lá se te conténs homem... olha que o o teu amigo do peito, o António, já meteu também a pata na poça ao tentar entrar em tua defesa... e depois, a malta que ainda acrediatava nele vai deixar de acreditar como se passou contigo... olha que o Zé pode não ser José mas de estúpido não tem nada.
Quem te avisa teu amigo é. E tu sabes que eu sou tua amiga do fundo do coração... é por isso que estou sempre a avisar-te...

17 fevereiro, 2008

Nossa Canção - Vanessa da Mata (clica aqui)

Veja bem, foi você
A razão e o porquê
De nascer esta canção assim
Pois você é o amor
Que existe em mim...

Toada de amor


E o amor sempre nessa toada!
briga perdoa perdoa briga.
Não se deve xingar a vida,
a gente vive, depois esquece.
Só o amor volta para brigar,
para perdoar,
amor cachorro bandido trem.

Mas, se não fosse ele, também
que graça que a vida tinha?

Mariquita, dá cá o pito,
no teu pito está o infinito.

(Carlos Drummond de Andrade)

Coisas simples e pequenas (onde é que eu já ouvi isto?)



A manhã anunciava chuva. Chuva forte uma vez que o vento estava forte e com rajadas. Mesmo assim, decidi fazer o que gosto. E digo mesmo assim, não por causa do vento e da ameaça de chuva mas porque tinha dores e sabia que era bom ficar a descansar, deitada ou sentada com as costas bem apoiadas... Mas assim como não deixo que os actos de terrorismo afectem a minha vida também não deixo que uma queda estúpida com más consequências me altere o dia a dia...
Por isso lá fui para o meu paredão favorito. Apesar das condições climatéricas estava muita gente o que me deixa sempre contente porque afinal quando me dizem que sou louca por fazer estas coisas, chego à conclusão que afinal há tantos loucos que devemos ser consideados, brevemente, como noramais... teremos que inventar outras adrenalinas para sobreviver cambada...
As gaivotas, em terra, pois a tempestade estava mais do que anunciada no mar, apresentavam os papos inchados de tal maneira encolhiam as cabecitas para se protegerem do vento frio.
Em direcção a Cascais a caminhada foi feita rapidamente com a ajuda do vento... raramente andei tão rapidamente sem esforço como hoje... mas na volta paguei a factura, claro. Às vezes o vento era tão forte que dar um passo se tornava uma tortura.
Seja como for completei a minha caminhada e senti-me feliz por isso. Por saber que ainda posso controlar a minha vida e os meus pequenos prazeres.
Estas coisas tão simples que fazem com que eu goste tanto de andar por cá.

16 fevereiro, 2008

Á minha maneira - Xutos e Pontapés (clica aqui)


Já sei que hei-de arder na tua fogueira
Mas será sempre, sempre à minha maneira
E as forças que me empurram
E os murros que me esmurram
Só me farão lutar
À minha maneira
(à minha maneira)
À minha maneira

A pracinha


Na pracinha em burburinho
trinam bem-te-vís e sabiás,
no frisson da primavera...
As falas e o sax,
em afinados tons,
cumprem o protocolo.
Voam alto as crianças,
nos balanços,
pra cá e pra lá...
Risos cristalinos
escalam melodias
em Sol.
Serão anjinhos na pracinha do Céu?
"Olha o algodão doce!"
Olho nas nuvens, o doce...
No balanço da vida,
embalo sonhos e sonhos,
pra cá e pra lá...
Que o balanço não pare,
ecoem meus risos
e, nunca,
me faça chorar...
(Tenini)

Um dia como os outros ou talvez não...


Faço a marginal em direcção a Lisboa, atenta ao mar e ao sol envergonhado que vai aparecendo aqui e ali. Vou pensando na quantidade de tarefas que tenho que executar durante o dia e sinto-me capaz de as cumprir. Quando estaciono no parque do Instituto este já se encontra quase cheio, o que quer dizer que muitos colegas hoje fizeram o mesmo que eu e foram trabalhar.
O dia corre bem, dentro da normalidade, vou ouvindo rádio (não digo qual para não ficarem ainda mais vaidosos, mas gosto deles) e nos pequenos intervalos que fazem para notícias ouço o que se passou no Paquistão. Mais um atentadocontra o partdido de Benazir, assassinada há pouco mais de um mês... mais de 30 mortos quase uma centena de feridos a dois dias de eleições. É evidente que algo cheira muito mal no Paquistão...
Entretanto ouço que foi inaugurado o túnel do Rossio. Imagino que muita gente madrugou porque querem ser os primeiros. É uma mania que não faz parte só do nosso país... acho que se trata de uma fobia como qualquer outra. Há gente que quer ser o primeiro em tudo o que se refere a inaugurações. É uma mania como outra qualquer. A mim só me faz confusão porque tenho a mania de fugir de multidões... outra fobia com toda a certeza. Andamos pois todos a precisar de tratamento.
Depois de inaugurar o túnel do Rossio, fazendo uma viagem de comboio acompanhado de mais uns tantos senhores portugueses mas com certeza sem uma multidão em seu redor, o José dirigiu-se ao largo do Rato para ter uma reunião com os professores socialistas. Não sei quantos foram. Não sei quantos são os professores solcialistas nem me interessa. Mas interessa-me a indignação do José perante a manifestação de professores no Largo do Rato em frente ao PS. É percebo finalmente porque cada vez há mais professores no desemprego. É que assim serão com certeza menos os que se manifestam contra as suas políticas de "educação".

15 fevereiro, 2008

Esquadros - Adriana Calcanhoto (clica aqui)


Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor cadê você?Eu acordei
Não tem ninguém ao lado

Jardim

A cada flor que nasce uma criança sorri.
Uma nova flor nasceu.
Todos os jardins significam alegria. Alegria.
Uma nova flor.
Uma gota de lágrima cai quando morre uma flor.
Uma criança chora.
Uma gota de lágrima caiu no jardim e ali nasceu uma flor.
Lágrima de criança
Oh. Papai do Céu! Conservai as crianças do mundo
para sempre existirem jardins.
(Fernando Cereja )

Com tranquilidade!


Há coisas que confessamos só nós a mesmos ou a amigos muito especiais. Pois há. E foi por isso que hoje confessei à filha de Pepe que esta semana pensei várias vezes que me resta pouco tempo de vida e no entanto esse pensamento deixou-me tranquila, logo eu que sempre gostei de acreditar na imortalidade ou como dizia o Professor Agostinho da Silva "a gente não tem certeza de nada, nem de que vamos morrer. Sabemos que outros morreram mas não podemos afirmar que um dia isso nos acontecerá".
E esta ideia do Professor sempre me deixou muito tranquila em relação à minha imortalidade. E depois que o José chegou ao poder e nos pôs a trabalhar até cairmos de podres, ainda mais. Queria viver muitos anos para poder usufruir muito mais tempo de reforma do que aquele que trabalhei, pois então, já se sabe como sou tinhosa, nada a fazer.
Por isso me surpreendi a mim mesma quando pensei que o meu fim pode estar próximo, pode estar a 1 ano, um mês, um dia, um minuto, e eu estou aqui tranquila, pensando que afinal, morrer não deve ser assim tão mau, pelo menos para quem como eu acredita que não terá que voltar a este mundo e fazer tudo de novo.
Acho que há em mim uma costela alentejana que prefere ficar descansada seja lá onde for do que ter que voltar a viver todos os desgostos de novo.
Tranquila. Muito tranquila. Como um miúdo que conheci e que respondia sempre que lhe perguntavam o que queria ser quando fosase grande, quero ser aposentado. Eu também gostava de um dia ser aposentada. Mas se não puder chegar lá está tudo bem na mesma. A gente nem sempre pode ganhar. Nem mesmo quando se é tão tinhoso como eu.
O outro é que tem razão. Com tranquilidade!

14 fevereiro, 2008

Ciranda da Bailarina - Chico Buarque (clica aqui)

Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem



Lucidez


Perto do que sou,
Longe do que não és
Tropeço em meu mundo
E corro da tua lógica
Sou cortes sem pontos,
És tatuagem eterna,
Se tua beleza é presente
Por que o irreal do que imagino?
Todas as noites são minhas
Toda a minha vida é tua.
O brilho das estrelas é crescente
de onde se estiver.
Doce ilusão do que espero.
Sou apenas mãos que percorre teu corpo
Rompi com meus limites:
Agora sou toda imagens
Doce mistério!


(Taís Fernandes)

Tudo vai correr bem


Pois estavam à espera que eu tirasse o dia para bater no José... porque realmente o homem é chato com toda aquela arrogancia, com toda aquela confiança que mais ninguém tem... pensando bem o tipo não é de todo estúpido antes pelo contrário, mas lá que representa muito bem, isso representa. Todo aquele optimismo num país que está de rastos como o nosso é realmente uma coisa que não pode ser feita por um mau actor... mas também não se pode ser mau em tudo como não se pode ser bom em tudo. Ser um mau engenheiro já é o suficiente "verdad"? Portanto deixemo-lo representar já que isso lhe faz bem ao ego e sempre vai mostrando as fatiotas italianas que tem lá por casa e que a gente até gosta de ver... que aqui para nós, este meu estilo hippie é mesmo a fingir. Porque se me aparecesse um tipo assim com um fato italiano e com um perfil decente eu punha de lado os meus trapinhos e transformava-me numa lady.
E pronto, já estou falando do que não queria.
O que eu queria hoje era mesmo falar do meu neto de coração, o Daniel que é o menino lindo que se apresenta na foto acima.
É que o Daniel tem passado as passas do Algarve como se costuma dizer, porque fez uma cirurgia às mãos há mais de um mês e de cada vez que pensamos que está tudo a correr bem, algo começa a correr mal. Se estas coisas são difíceis para gente adulta imaginem agora para um bebé de 15 meses. Eu estava tão animada com as boas notícias sobre ele que até tinha esquecido um pouco as minhas dores e hoje a minha amiga, mãe do Daniel ligou-me e não me deu boas notícias...
Estou trsite e preocupada... e o que querem? continuo a achar uma injustiça crianças terem que passar por pesadelos destes...
Por isso daqui vai um grande beijo e um abraço solidário para o Daniel e para os pais... e a minha convicção de que o que já correu mal, não tornará a acontecer e daqui para frente tudo vai correr bem.

13 fevereiro, 2008

Upside Down- Jack Johnson (clica aqui)

Who's to say what's impossible and can't be found?
I don't want this feeling to go away



O ciclo


Na sala o espelho,
a rua na sala, a moça
o relógio ao contrário.
A moça decide o cabelo
à altura do amado,
que decide o seu sol
à altura da vida, de muros
tão altos.
(Celina de Holanda )

De que serve pedir perdão?


Acabo de ouvir o PM australiano pedir perdão ao "índigenas" leia-se aborígenes. Por os ter separadao das famílias, por ter conseguido enfim pôr em risco de extinção um povo. A Austrália foi colonizada pelos senhores ingleses como dizia o meu avô que andou a guerrear contra eles e que não os suportava. Por isso não admira que tenham decidido transformar aquela cambada de índigenas ignorantes em gente que falasse o inglês e aprendesse a ler e a escrever e a ter uma educação que llhes permitisse tomar "tea" às horas devidas.
Porque para os senhores australianos a sabedoroa dos indígenas não existia. A cultura aborígene não existia e às tantas deixaram ficar à volta de 400.000 para serem exibidos aos turistas de visita ao país, na época em que é mais perigoso frequentar as praias por causa dos tubarões...
Pensando bem os senhores australianos hão-de ter aprendido alguma coisa com os senhores tubarões.
Agora pedem perdão e eu pergunto: para quê?. Só se for para fazer bonito perante a comunidade internacional, porque no fundo continuam a estar-se nas tintas para os aborígenes. Que ainda por cima são escuros e baixos e não altos e louros como eles... Será que o povo aborígene está disposto a perdoar? Eu no lugar deles não perdoava coisa nenhuma. É por isso que eu não peço perdão. Porque o perdão só serve a quem o pede. É uma hipocrisia. É como dar esmola a um pobre depois de se ter pontapeado um cão: para ficar de bem com a sua consciência.

12 fevereiro, 2008

Take this waltz - Leonard Cohen (clica aqui)

And I'll dance with you in Vienna
I'll be wearing a river's disguise
The hyacinth wild on my shoulder,
My mouth on the dew of your thighs
And I'll bury my soul in a scrapbook,
With the photographs there, and the moss