19 fevereiro, 2008

Ainda há quem encare a vida como deve.


Foi uma desgraça, perguntou o repórter em Setúbal a um homem que ficou com o estabelecimento destruído... Não, foi uma cheia, respondeu o homem, só uma cheia. Em Moçambique é que é uma desgraça, aí as pessoas passam fome.
De vez em quando ouço umas coisas assim que me dão a sensação de felicidade de ser portuguesa. Neste país de gente triste e com tendência para a desgraça ainda há gente capaz de olhar para o lado e ver o que é realmente uma desgraça.
Estou tão contente que nem sei explicar bem o que sinto.
Uma amiga minha que vive com algumas dificuldades como a maioria de todos nós, costuma dizer o dinheiro nunca me faltou simplesmente porque nunca me prometeu... é este tipo de filosofia de vida que eu admiro. Cansam-me as pessoas que passam a vida a falar dos seus problemas mas puco ou nada fazem para os resolver. Esperam que a ajuda desça dos céus... penso eu.
Esta minha amiga é uma pessoa com muitos problemas mas eu nunca a vejo queixar-se da vida. Ambas costumamos dizer que se não podemos ter, paciência... desde que não se passe fome como em Moçambique não é? E ainda tem a capacidade extraordinária de se preocupar com todos os que a rodeiam, de tentar cuidar de todos, de dar o pouco que tem a alguém que ela ache que precisa mais...
É desta gente que eu gosto. Esta gente que não se deixa vergar... No fundo a riqueza está dentro de nós e não o descobrimos ainda.
Eu por exemplo, descobri hoje que tenhio uma ilhota e um planalto sagrado (isto é realmente verdade, está escrito preto no branco)... portanto que motivos me levariam a estar preocupada ou infeliz... a fome em Moçambique é evidente!

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