29 setembro, 2010

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os chicólatraschicolatras "As pessoas têm medo das mudanças. Eu tenho medo que as coisas nunca mudem"

Lisboa que amanhece - Sérgio Godinho e Caetano Veloso

Não sei se dura sempre esse teu beijo
Ou apenas o que resta desta noite
O vento, enfim, parou
Já mal o vejo
Por sobre o Tejo
E já tudo pode ser
Tudo aquilo que parece
Na Lisboa que amanhece

Os Namorados Lisboetas


Entre o olival e a vinha
o Tejo líquido jumento
sua solar viola afina
a todo o azul do seu comprimento

tendo por lânguida bainha
barcaças de bacia larga
que possessas de ócio animam
o sol a possuí-las de ilharga.

Sua lata de branca tinta
vai derramando um vapor
precisando a tela marinha
debuxada com os lápis de cor

da liberdade de sermos dois
a máquina de fazer púrpura
que em todas as coisas fermenta
seu tácito sumo de uva.

(Natália Correia)

em lisboa


é claro que vos devo uma explicação. afinal há muito que não passo por aqui. a explicação é fácil. digamos que estou a seguir indicações médicas. coisas da vida. e da idade dizem alguns. adiante. já sei que para fazer 100 metros na avenida duque de loulé em direcão ao marquês de pombal, seja a que horas for levo cerca de 15 minutos. a gertrudes está cansada é o que é. e quando ao cansaço da gertrudes se junta uma imensa manifestação dos trabalhadores o resultado é uma hora até conseguir entrar no túnel do marquês. enquanto espero que o semáforo fique verde vou observando as pessoas que passam. a maior parte não me desperta grande atenção. mas dou por mim a olhar um rapaz a falar sozinho em linguagem gestual. penso pronto afinal não sou a única a falar sozinha. o rapaz faz gestos enérgicos e eu penso que problema o pode atormentar para que prossiga avenida acima com os mesmos gestos. as pessoas passam por ele indiferentes. de repente lembro-me que estou no centro de lisboa esta cidade que cada vez mais nos engole e nos torna fantasmas de nós mesmos. que é feito da velha lisboa dos bairros populares... está cada vez mais cheia de estrangeiros que aproveitam o melhor desta belíssima cidade enquanto nós lhe virámos as costas e tudo o que deixámos para trás foi gente a falar sozinha.