30 maio, 2008

Se - Djavan (clica aqui)

Eu levo a sério
Mas você disfarça
Você me diz à beça
E eu nessa de horror
E me remete ao frio
Que vem lá do sul
Insiste em "zero" a "zero"
Eu quero "um" a "um"...

Alegria de viver


Se eu estiver feliz
Não me ofereças rosas...
as rosas são belas, frágeis e tristes...
Prefiro os crisântemos;
Amarelos, alegres, exuberantes, de risos escancarados,
(assim como os meus)
Sem perfume?
Não te basta o meu perfume?
Mas, quando estivermos juntos,
Não me ofereças brócolis,
Prefiro os morangos...
os morangos, eu os mordiscarei, assim,
suavemente, como beijos de carícias...

(Tenini)

Tá-se mesmo a ver


Recomeço a minha vida, ainda que a meio gás, por teimosia. Tal como teimei para nascer agora teimo para retomar um dia a dia normal e a menos que o tempo me tenha tornado menos teimosa tá-se mesmo a ver que hei-de conseguir. Deve haver pouca gente mais agarrada à vida do que eu. Acredito que muita gente o seja tanto quanto eu mas mais, é difícil. E depois eu tenho a meu favor este defeito que irrita quase toda a gente e que a mim me tem dado um jeitão ao longo da vida: teimar. Teimo até conseguir. Posso levar anos mas quando meto uma coisa na cabeça é difícil que alguém ma tire, por muito difícil que a tarefa se revele.
Esta treta toda só para dizer que hoje fui trabalhar de manhã e como quero ir passar o fim de semana entre família e amigos no sossego do Alentejo e descobri que uma das bombas de gasolina mais baratas do distrito de Lisboa se situa a menos de 50 metros da minha casa, assim que cheguei meti-me no carrito e lá fui meter gasolina e ver a pressão do ar dos pneus que é coisa que sempre fiz, pelo menos uma vez por mês... manias das boas que a gente agarra e não larga...
Eram 15 horas e as filas eram maiores do que numa bomba de gasolina normal mas a verdade é que o sistema está tão bem feito que apenas com uma caixa o tempo que se gasta a pagar é quase nada. Gostei! Só me chateia nunca me ter dado ao trabalho de ver que os combustíveis ali eram muito mais baratos que todos os cartões de desconto que tenho e que costumo guardar para o meu filho, que, por força da sua vida profissional gasta muito mais combustível que eu.
E como eu de vez em quando, também gosto de dizer bem, fica dito. A gasolineira ao pé da minha casa além de barata é eficiente. Parabéns. Fiquei fã!

29 maio, 2008

Love song for a Vampire - Annie Lennox

Once I held the rarest rose that
ever deigned to bloom.
Cruel winter chilled the bud,
And stole my flower too soon
The loneliness,
The hopelessness
to search the ends of time,
For there is in all the world
No greater love than mine.

Todo o amor é infinito...


Todo amor é infinito...
O meu não é diferente,
Só está a espera de uma chama,
que o acenda novamente.

(Fabiana Amorim)

Vida de come e dorme... balha-me deuje!


Mais uma corrida mais uma viagem e não há meio de fazer a viagem que quero que é apenas ouvir dizer, esteja à vontade faça o que lhe dá na gana, sem peias, vá que não tem problema nenhum. Consegui quando muito convencer a especialista a deixar-me tentar trabalhar mas foi logo dizendo, quer tentar, faço-lhe a vontade mas não esqueça que não lhe estou a dar alta, a senhora não está completamente bem, por isso se vir que se cansa venha cá porque eu só aceito este acordo porque estou farta de a ouvir dizer que quer trabalhar. Toda a gente quer ficar em casa e a senhora quer é trabalhar... não se esqueça, eu não lhe dei alta, vai continuar a vir às consultas e a fazer os exames...
Isto não é queixar-me porque na verdade reconheço a grande qualidade do profissionalismo daquela mulher, é verdade. E também sei que ela se calhar até tem razão, mas é que eu estou tão cansada de estar em casa que talvez me faça bem ir ver os outros trabalharem... isto são coisas que eu digo porque sou funcionária pública e estou farta de dizer que um dia não hei-de ter apenas a fama mas também o proveito... quem sabe é agora?
Seja como for caí na cama e dormi até agora... se continuo em casa qualquer dia estou uma baleia sem ter onde acostar. Isto é uma vida de come e dorme... eu sei que o homem não nasceu para trabalhar, o problema é que a comer e a dormir também ninguém cria coisa nenhuma...

28 maio, 2008

Do you remember - Jack Johnson (clica aqui)

well i was crazy about you then and now
but the craziest thing of allover
ten years have gone by and you're still mine
locked in time let's rewind

Sobre o tempo e as coisas

Não me culpe pelas coisas do mundo...
Pelo que vivi antes de você,
Pela guerra que não planejei,
Pelos filhos que já tive...

Eu não conduzo a roda do tempo,
Não sabia que você viria.

Não tenho culpa pelo sonho irrealizado,
Pelo sorriso do menino triste na janela,
Pelo murro no muro -
Não me culpe por nada!

Eu não conduzo o moinho dos ventos.

Eu sou coisa como você,
E as coisas, as coisas acontecem a esmo,
Sem permissão, sem decisão, sem mim ou você.
Não me culpe pelas coisas do mundo,
Eu não conduzo as coisas do tempo.

(Caio César Muniz)

O dia do João


Enquanto vou caminhando lentamente à beira mar, (que saudades tinha de sentir o cheiro do mar, de sentir o ar na cara de me sentir de novo viva), vou pensando há seis anos estive o dia todo na Hospital S. Francisco Xavier à espera que o João decidisse vir ao mundo, mas ele sentia-se bem onde estava, foi preciso fazer uma cesariana à mãe depois de horas de sofrimento, mas ao fim da tarde ele estava nos meus braços e eu aflita quando percebi que ele estava demasiado frio, o aquecimento do berçário estava avariado e ninguém tinha dado por isso, felizmente entrei ali naquela hora, felizmente ele estava no meu colo e o pai perguntava-me "achas mesmo que ele é bonito?", coisas de homens que não sabem distinguir um bebé do outro, para eles são todos iguais, agora as coisas vão mudando os pais começam a sentir-se pais também durante a gravidez e isso é muito bom, não tenho dúvida alguma.
Pois há 6 anos nasceu O João que mais tarde queria ser deus e agora quer ser violinista por isso ofereci-lhe um violino e ele já começou as aulas, tomara que ele goste mesmo e não seja apenas um delírio de criança, é que eu quis tanto aprender violino e não me deixaram, ou era piano ou era nada e eu fiquei pelo nada...
Há um ano eu estava em Londres. Era feriado por lá e eu não sabia, estranhei a falta de transito num dai de semana só na embaixda me explicaram que estavam fechados por que era feriado. Aproveitei o dia para visitar vários sítios e creio que comprei a prenda do João na National Art Gallery. Instrumentos para desenhar e pintar, o que de resto ele faz lindamente.
Por isso, aqui me fico. O dia é do João embora ele esteja a 150 km de mim. Hei-de vê-lo no fim de semana e conversar e tentar descobrir se ele decidiu agora ser algo mais de que um menino com 6 anos e a cabeça cheia de sonhos.

27 maio, 2008

Father & Daughter - Paul Simon (clica aqui)

I'm gonna watch you shine
Gonna watch you grow
Gonna paint a sign
So you'll always know
As long as one and one is two
There could never be a father
Who loved his daughter more than I love you

Gosto das mulheres que envelhecem


Gosto das
mulheres que envelhecem,
com a pressa das suas rugas, os cabelos
caídos pelos ombros negros do vestido,
o olhar que se perde na tristeza
dos reposteiros. Essas mulheres sentam-se
nos cantos das salas, olham para fora,
para o átrio que não vejo, de onde estou,
embora adivinhe aí a presença de
outras mulheres, sentadas em bancos
de madeira, folheando revistas
baratas. As mulheres que envelhecem
sentem que as olho, que admiro os seus gestos
lentos, que amo o trabalho subterrâneo
do tempo nos seus seios. Por isso esperam
que o dia corra nesta sala sem luz,
evitam sair para a rua, e dizem baixo,
por vezes, essa elegia que só os seus lábios
podem cantar.

(Nuno Júdice)

És um génio!

Carlos Vaz Marques entrevistou para a revista Ler, António Lobo Antunes. Na capa pode ler-se "O solitário que aprendeu a viver de outra maneira". Gostaria de saber o que se quer dizer com isto. António é um solitário e como todos os verdadeiros solitários sempre soube viver assim. O que ele nunca saberá é viver de outra maneira. Ele não precisa de viver de outra maneira. Vive para a escrita e tem um grupo muito restrito de amigos com quem se dá. Pelos vistos vão escasseando porque como O'Neill e José Cardoso Pires vão partindo. Como o homem que ele é partirá um dia. Ficará como ele mesmo diz o nome. Como ficam o nome de todos os que tiveram alguma coisa de realmente interessante a dizer.
António refere nesta entrevista uma coisa sobre a qual já escrevi neste espaço. Faz-me confusão como se pode traduzir António Lobo Antunes. Porque os seus livros são musicais e a musicalidade não é traduzível. No entanto eu sei que ele é lido mais no estrangeiro do que em Portugal. De resto, os seus livros demoram um ano a ser publicados, exactamente para haver tempo de fazer as traduções. E depois há aqueles tradutores que lhe falam imenso sobre as dúvidas que têm e os que não lhe passam cartão... a mim parece-me que Lobo Antunes não escreve um livro igual em todos os países. E é pena. É pena que ao contrário dele que se deu ao trabalho de aprender russo para ler Tolstoi, não façam o mesmo (neste caso aprenderem português) os admiradores da sua obra... para poderem ler "realmente" a obra de António Lobo Antunes.
Para finalizar. Pelos vistos não sou a única pessoa que acha o António um génio. Antes de ser operado o seu cirurgião que ele diz que ama e que é bom amar assim um homem disse-lhe "Tu és um génio não és um super homem".
É isso mesmo António. Tu és um génio!

26 maio, 2008

Nao Enche - Caetano Veloso (clica aqui)


Eu vou
Clarificar
A minha voz
Gritando
Nada, mais de nós!
Mando meu bando anunciar
Vou me livrar de você...

Desexistir


Quando eu desisti
de me matar
já era tarde.

Desexistir
já era um hábito.

Já disparara a auto-bala:
cobra cega se comendo
como quem cava
a própria vala.

Já me queimara.

Pontes, estradas,
memórias, cartas,
toda saída dinamitada.

Quando eu desisti
não tinha volta.

Passara do ponto,
já não era mais
a hora exata.

(Frederico Barbosa)

Vá-se lá embora dona mancha!


Pois a vida é assim, às vezes as contas saem furadas, julgava eu que hoje finalmente retomaria a minha vida laboral, mas ainda não foi desta, depois de ter ido buscar os resultados dos exames feitios para mostrar hoje à pneumologista, ela torceu o nariz, enfiou-me mais um atestado nas mãos e disse trabalhar já nem pensar...
Não é que eu esteja muito preocupada, sinto-me quase bem, hoje andei bem 4 Km ao todo, cansei-me é claro mas também depois de tanto tempo sem andar não podia ser de outra maneira, mas fiquei desiludida porque queria voltar ao meu ritmo de vida normal e acho que ninguém está preparado para de um dia para o outro, assim de repente, adoecer com tal gravidade, ficar sem poder falar ou rir ou fazer por si só as coisas mais simples do dia a dia.
Tenho esperança que o raio da mancha no pulmão decida tão rapidamente partir quanto decidiu instalar-se no meu corpo, fazendo dele a sua casa e da minha vida um quase deserto sem sentido que não seja, seguir à risca todos os conselhos médicos, fazer exames, ir a consultas, enfim aquele cansaço que só sabe quem por elas passa e que eu tenho tido a sorte de escapar, mas desta vez fui apanhada na curva à saída de umas miniférias, isto não é coisa que se faça a ninguém dona mancha no meu pulmão esquerdo! A ver se me faz o favor de desaparecer da minha vida rapidinho, está bem?

25 maio, 2008

Começar de Novo - Simone (clica aqui)




Começar de novo e só contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Sem as tuas garras sempre tão seguras
Sem o teu fantasma, sem tua moldura
Sem tuas escoras, sem o teu domínio
Sem tuas esporas, sem o teu fascínio
Começar de novo e só contar comigo
Vai valer a pena já ter te esquecido
Começar de novo...

Pássaro


Quase mão,
em vôo o pássaro
esfrega a forma no interno ar.
Seus dedos perfuram o invisível.
Sua palma alisa o vento
insistindo a insistência da luz.
Apronta em pontas a permanência aérea.
Encorpa um lugar no espaço.
Perfaz-se.
Reduz-se e cessa na terra.

(Carlos de Hollanda)

Uma espécie de prosa de quem está de volta.


Desde que adoeci que não leio uma linha. É verdade. E que falta que eu sinto... tenho dois livros por acabar e um inteirinho à espera de ser começado, mas cadê a concentração, a vontade, cadê? Tenho-me dedicado a recuperar fotografias, a fazer DVD's de fotos das minhas crianças, etc., etc., tudo coisas que exigem de mim muito menos do que a leitura.
Por isso, agora que recomeço a viver, já decidi, amanhã vou voltar a ler, acabar o que tenho para acabar e recomeçar a viver, a fazer as coisas de que gosto (já sei, não me digas, as caminhadas têm que ser para já no máximo 1/3 do que eram), mas a verdade é que tenho que recomeçar, quase como quem começa a gatinhar, com paciência e muita vontade, se tiver que cair pois hei-se levantar-me, como sempre fiz.
Os meus amigos forma essenciais durante todo este tempo. Não sei como poderei retribuir tanta atenção e tanto desvelo de muitos deles... não sei como agradecer tanta preocupação, não sei, mas talvez eu venha a descobrir que afinal é tão fácil como tem sido toda a vida, como a amizade que nos une e não há quem seja capaz de destruir, porque o que foi feito com alicerces seguros jamais se partirá ao meio como o avião do acidente hoje em Bruxelas...
Obrigada a todos, agora que estou mesmo de volta.

24 maio, 2008

Todo o tempo do mundo - Rui Veloso (clica aqui)

Houve um tempo em que julguei
Que o valor do que fazia
Era tal que se eu parasse
o mundo à volta ruía
E tu vinhas e falavas
falavas e eu não ouvia
E depois já nem falavas
E eu já mal te conhecia

Legenda


Façam ruínas
do que me afirmo,
espalhem ao vento as cinzas
do que sou:
na parcela mais remota do que fui
estou.

(Joaquim Namorado)

Sempre à procura de mim.


Acabo por entrar no jogo do rato e do gato. Se é guerra que as companhias petrolíferas portuguesas e o governo querem então eu também faço a minha parte. Que ao fim e a o cabo se limita a repassar emails, uma vez que há muitos anos que não abasteço na Galp e se alguma vez abasteci na BP foi porque não tive outro remédio, mas não me lembro, é possível que tenha abastecido a caminho de algum lugar numa das minhas viagens para qualquer lugar, que começam por ser lugar nenhum e acabam sendo sempre os lugares mais lindos do planeta, porque passam a fazer parte de mim, da minha estória, de tudo o que sou...
Por falar em viagens, sempre viajei muito de carro. De Luanda até à África do Sul são talvez 3000 Km, talvez mais, e eu fiz essa viagem várias vezes com os meus pais ou só com a minha mãe, que detestava conduzir mas fazia toda e qualquer viagem com a melhor das boas vontades desde que fosse para encontrar o grande amor da sua vida: o meu pai.
Habituei-me portanto a grandes estiradas de automóvel e hoje faço com prazer e sozinha centenas de quilómetros sem parar, sem sentir cansaço, numa de querer chegar rapidamente onde quer que seja, conhecer alguém de novo, quem quer que seja esse alguém, qualquer que seja o papel que venha a desempenhar na minha vida, eu vou com prazer ao encontro do que desconheço com esperança de um dia me encontrar por esses caminhos que já me levaram a Compostela e hoje me levam onde quer que seja...

23 maio, 2008

Estou além - António Variações Clica aqui)

Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar

Confissão


A mulher
do próximo
esteve aqui
Desejei
enfiar meus dentes
em sua pele
morder sua carne
chupar seus ossos
Depois
ela foi embora
eu me arrependi
por sentir
essas coisas
escabrosas
e juro
que lavo a boca
e não sinto mais
se ela parar de vir
dormir aqui em casa

(Réca Poletti )

Hoje é para as princesas


Este foi um dia muito bem escolhido para regressar de novo ao dia a dia a que me acostumei e de que já tenho muitas saudades. E digo tenho, porque estou voltando bem devagarzinho, como uma criança que ensaia os primeiros passos.
O dia estava chuvoso pela manhã, a rádio anunciava alerta amarelo para vários distritos devido à chuva e eu decidi que o melhor seria não arriscar e ir de carro para o emprego. Mau grado o preço dos combustíveis, às vezes tem mesmo que ser, se não tivesse que ser para quê ter o carro à porta? Ninguém precisa de um carro parado. Ele acaba sempre por fazer falta mais dia menos dia. E hoje foi um desses dias.
Lisboa muito calma, com pouca gente, a modos que um sábado um pouco mais animado, a maior parte dos colegas de férias mas os que estavam apoiaram-me em todas as tarefas do qual precisei e foi também o matar saudades das princesas daquela casa, que são quase todas pertencentes ao escalão mais baixo da administração pública, mas que dão o seu melhor para suprir todas as dificuldades, todas as contrariedades, gente que se desunha para ajudar... gente, não! Fazem parte da verdadeira realeza deste pobre país, que não lhes dá valor, que as trata como se não existissem. Mas quem trabalha com elas todos os dias sabe que são elas quem faz a diferença. São elas, o seu carinho o seu sorriso sempre presente, apesar do cansaço, e acima de todos os cansaços.
Por isso esta crónica hoje é dedicada à Adélia e à Ercília: as princesas que estavam lá para me receber.

22 maio, 2008

Manual de sobrevivência - Rádio Macau (clica aqui)


Finge, esquece, engana o desencanto
Brinda, por ti, por hoje e por enquanto
Finge, esquece, engana o desencanto
Brinda, por ti...

Também eu já
Estive sozinha
Entre tanto fel
Erva daninha

Angolano


Ser angolano é meu fado, é meu castigo
Branco eu sou e pois já não consigo
mudar jamais de cor ou condição...
Mas, será que tem cor o coração?

Ser africano não é questão de cor
é sentimento, vocação, talvez amor.
Não é questão nem mesmo de bandeiras
de língua, de costumes ou maneiras...

A questão é de dentro, é sentimento
e nas parecenças de outras terras
longe das disputas e das guerras
encontro na distância esquecimento!

(Neves e Sousa)

Esta é para os meus amigos.


Há dias assim: chatos, mornos, sem graça. Dias em que as notícias são todas tão más que uma mulher que se dedica a amamentar crianças num abrigo na distante China nos põe as lágrimas nos olhos. Porque são as pequenas coisas, os pequenos gestos que nos vão empurrando para a frente. São os amigos que nos ligam, que se interessam por nós que se propoêm ajudar no que for possível... são as pequenas coisas que fazem de um dia tão chato quanto este um dia iluminado.
Eu agradeço todos os dias a sorte que tenho de estar rodeada por pessoas a quem quero muito bem e que sei que me querem muito bem. Agradeço todos os dias os pequenos gestos e tento retribuir à minha maneira, às vezes brusca, às vezes ternurenta, conforme o lado para que acordo. Mas quem me conhece bem, sabe distinguir os meus dias maus e sabe passar por cima de tudo isso. Por isso é que eu considero que todos os meus amigos e amigas são dotados de inteligências e caracteres superiores. Porque eles me aceitam como eu sou. Também é a única garantia que têem de mim: aceitá-los tal como são... não me peçam identificações culturais ou religiosas. Eu sou muito diferente da maioria deles. Gosto de filmes de autor e não de acção, gosto de teatro sério e não de revista ou musicais, gosto de Milan Kundera por exemplo, que é abominadio pela maior parte dos meus amigos.... mas que importa, não há filmes, nem arte nem livros ou autores que nos separem. Porque o que conta é a entrega de cada um. O que conta é retribuir todo o bem que recebemos. O que conta mesmo é dar sem pensar na recompensa e retribuir como um dádiva e não como uma troca de favores. Por isso hoje que o dia foi assim a modos que chato, dedico a croniqueta aos meus amigos: os de sempre e os para sempre. São os mesmos!

21 maio, 2008

Oxalá - Madredeus (clica aqui)

Oxalá, o tempo passe, hora a hora,
Oxalá, que ninguém se vá embora,
Oxalá, se aproxime o Carnaval,
Oxalá, tudo corra, menos mal

O mar


Você algum dia já parou em frente ao mar?
Já tentou seus segredos desvendar?
Como as ondas que se formam lá no fundo para os seus pés banhar!
sentiu que basta um momento para que junto ao vento seus sentidos se envolvam
teus pensamentos se dissolvam como areia ao pegar
segredos, ansiedades, paixões,
que em um imenso turbilhão nos faz viajar,
olhando, buscando um porto seguro a ancorar
com toda a pureza e a plena certeza de ser neste grande reino da natureza
o melhor amigo a confiar
Ah! Se algum dia você parar em frente ao mar,não procure o que olhar
por que com certeza ele irá lhe mostrar!

(Ubiratan Fernandes Miranda)

Queres mais?


Mais uma vez a subida dos combustíveis. Já não é uma vez por mês nem uma vez por semana é todos os dias... como o sol ou a chuva. E parece que ninguém está realmente interessado em resolver esta questão. É evidente que o governo está a ganhar em duas frentes, porque é accionista da Galp e porque quanto mais caros melhor, mais se cobra de ISP e IVA.
O que me espanta é ouvir o José falar como se isto só afectasse quem tem carro. Então não sabemos todos que quando os combustíveis sobem tudo sobe? A não ser que o governo faça como diz que vai fazer no preço dos transportes públicos: congelar.
Então será bom que congele os preços dos bens essenciais como o leite e o pão e o arroz, etc., porque já há muita gente a passar fome em Portugal, apesar do riso que acomete José quando se fala nisto... uma vergonha este país onde o PM se ri da miséria e diz que os automobilistas é que devem pagar o aumento dos preços do combustível, como se isto fosse assim tão simples.
Chega José. A malta não é estúpida. A malta está farta de que tentem atirar-lhe areia para os olhos... a malta está farta de ti e deste país onde todas as injustiças são permitidas...
Sabes que mais José? O Zé diz "queres mais... toma!".

20 maio, 2008

Amanhã - Duo Ouro Negro (clica aqui)

Amanhã,
Peço ao meu lema que faça com que eu volte
A morar na terra amada que me viu nascer
Quero chegar de madrugada
Para ver o sol raiar
Quero chegar de madrugada, hoo
P'ra ninguém ver, se eu chorar

Como um cão


Como um cão curvo-me
e procuro ler nas marcas
que a noite não pôde
recolher o tempo.

Anima-me a superfície fabulária
onde o olhar do dia revolve
o que foi alvoroço vida
ou sinal ténue.

Detenho-me na pegada junto à cama
e a mão precavida incha a memória
nenhuma sensação acende
o que já está perdido.

(Perdidos os meus passos? A minha voz?
é assim tão terrível o amor ao homem?
a justiça foi calcinada em que ritual?)

Pouso então devagarinho
o ouvido na parede húmida
e eis que uma sombra volta-se
num largo aceno de simpatia.

Na paz indizível sopra
a fina aragem desanoitecida a leve impressão
de um cochichar
uma porta entreaberta
onde pulsa uma esperança.

(Ontem já foi passado
e o minuto que vem
já é futuro).

(Heliodoro Batista)

A minha pátria também pode ser a língua portuguesa...


A vida tem destas coisas. Há quem lhe chame coincidências eu não sei, mas acasos poderei chamar-lhes. Estava eu a acabar a minha inscrição para fazer mais um exame de diagnóstico quando vejo entrar porta adentro uma amiga que não via há alguns anos. Vive em Moçambique. De resto viveu lá muitos anos na época colonial, depois voltou para Portugal e quando ficou viúva decidiu voltar na companhia da filha que nunca saiu de lá.
Tivemos pouco tempo para conversar, isto agora é uma lida entre um consultório e outro, mas ela foi-me logo convidando para ir viver para Moçambique... disse-lhe que já não tenho idade para isso, riu e disse é claro que tens, se eu que sou muito mais velha tenho...
É verdade que este convite me deixou balançada. A garantia de um emprego em África nesta altura da minha vida era tudo o que eu desejava. Perguntei como era lá em questões que envolviam a saúde e ela foi logo dizendo, então damos um pulinho à África do Sul... pensa nisso amiga, pensa nisso que este país já deu o que tinha para dar e lá tens tudo o que precisas para ser feliz...
Pois é. Acho que vou pensar no assunto. Na realidade não conheço Moçambique mas sei que a sua realidade é bem diferente da generalidade dos países africanos. Ali pelo menos há eleições e a terra não é tão rica que por ela se mate e se morra...
Quem sabe passados todos estes anos eu não decido arranjar uma nova pátria onde se fala o português?

19 maio, 2008

Tira a Teima - Clã (clica aqui)

Tem cuidado e tira a teima
Que sou tu não sonhas ao que venho
Não sabes do que sou capaz
Eu dou tudo quanto tenho
Não funciono a meio gás
Vem sentar-te à minha frente
E diz-me o que vês em mim
Não respondas já a quente
Pondera antes de dizer sim

Mania das grandezas


Pois bem, confesso:
fui eu quem destruiu as Babilônias
e descobriu a pólvora...
Acredite,
a estrela Sírius, de primeira grandeza,
(única no mercado)
deixou-me meu tio-avô em testamento.
No meu bolso esconde-se o segredo
das alquimias
e a metafísica das religiões
— tudo por inspiração!

Que querem?
Sou poeta
e tenho a mania das grandezas...
Talvez ainda venha a ser Presidente da República...


(Joaquim Namorado)

O dinheiro não paga tudo.


Quando a semana passada tentei marcar uma consulta para pneumologia, falaram-me no Hospital da Luz. Logo uma amiga que vive ali próximo se ofereceu para ir marcar a bendita consulta. Como é uma rapariga despachada disse logo que precisava de uma consulta para segunda feira (hoje portanto). O funcionário disse que não era possível, pela ADSE só para Setembro e particularmente (€ 90 a 1ª consulta só para 06.06.) Ela embatucou mas marcou. Ligou-me e entretanto eu disse-lhe essa fica marcada e entretanto eu vou ver o que posso arranjar.
Liguei para o Centro Hospitalar de Lisboa, expliquei que tinha lá ficado uma credencial para pneumologia no dia 5 e queria saber em que pé estavam as coisas... A senhora do lado de lá era muito simpática mas fiquei "pendurada" ao telefone meia hora até que ele se desligou.
Liguei então para um amigo e ele garantiu que me arranjava consulta para hoje de Pneumologia pelos serviços públicos... e conseguiu! Entretanto pedi ao meu filho que fosse ver a caixa do correio uma vez que como não tenho saído também não a tenho visto. Voltou com várias cartas, entre elas uma do Centro Hospitalar de Lisboa dizendo que tenho consulta no dia 21.... não há fome que não dê em fartura. Entretanto a minha amiga, também já tinha conseguido que a tal consulta particular fosse antecipada para dia 27.05...
Moral da estória: quem tem amigos tem tudo... o dinheiro afinal há coisas que não pode comprar... ou neste jogo quem ganha é o Estado que se antecipou uma semana à melhor oferta do privado.
Nota: fui hoje à consulta que o eu amigo me arranjou e a partir de amanhã tenho mais uma catrefada de exames para fazer. Mas fui muito bem atendida (a consulta durou uma hora) por uma excelente médica... que como toda a gente teve que dizer coisas do José.

18 maio, 2008

O Futebol - Chico Buarque (clica aqui)

Parábola do homem comum
Roçando o céu
UmSenhor chapéu
Para delírio das gerais
No coliseu
MasQue rei sou eu
Para anular a natural catimba
Do cantor
Paralisando esta canção capenga, nega
Para captar o visual
De um chute a gol
E a emoção
Da idéia quando ginga

Contágio


Feroz em nós uma paixão de novo
nos ameaçanos faz vibrar, o sangue flui
sobe no rosto
de repente a gente fica
disposto a tudo
e tudo é pouco
não importa que essa loucura
não tenha alívio
a gente muda, respira de outro jeito
arfa no peito sempre uma pressa
sempre aquela vontade
sozinha fico metade
depressa me abraça, uma saudade
que dói, uma coisa que arrebenta
e não se aguenta mais.
A gente se entrega ao risco
arrisca a pele, perde o rumo
no prazer dessa desorientação
A gente quer explodir e não pode
quer se conter e não sabe
quer se livrar do jugo da paixão
mas não quer que ela acabe

(Bruna Lombardi)

Dia de festa, dia de futebol...


Na TV só dá a festa no Estádio Nacional. Não se percebe que todas as televisões nacionais estejam a dar o mesmo. Eu sei que é um dia de festa, sei que a malta gosta de futebol e que o final da Taça de Portugal é tão especial que até eu, que não gosto de futebol costumo ver. Este ano com um pouco mais de empenho uma vez que o SCP é finalista. É mesmo o único jogo que eu costumo ver do principio ao fim mesmo sem perceber nada porque nunca consegui perceber as regras do futebol. Nunca fui boa a aprender coisas de que não gosto.
Só espero que no final do jogo a festa continue, qualquer que seja o vencedor e não tenha que haver, como de costume intervenção policial para acabar com confrontos entre as claques... que de resto se calhar até deviam ser proibidas, pelo menos nos moldes em que estão formadas. Apelam muitas vezes à violência e já se sabe que o pessoal vai ao futebol em grande parte para extravasar as emoções e sobretudo as frustrações do dia a dia... eu prefiro extravasar por aqui, só lê quem quer, ninguém é obrigado a aturar-me e também não preciso de claques.
Gosto de estar sossegada, agora mais do que nunca e portanto deixo aqui os meu mais profundo desejo: que este dia seja realmente uma festa. E que ganhe o melhor. E que ninguém fique chateado a ponto de partir para a violência.
Assim tudo será com certeza mais bonito.

17 maio, 2008

Todo azul do mar - 14 bis (clica aqui)

Foi assim
Como ver o mar

A primeira vez
Que meus olhos
Se viram no seu olhar...
Não tive a intenção
De me apaixonar
Mera distração e já era
Momento de se gostar

Não sei quantas almas tenho



Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
(Alberto Caeiro)

O Triunfo dos Porcos


Enquanto o José inaugura mais uma auto estrada eu penso que utilidade terão as autoestradas se o preço dos combustíveis continuar a subir dia sim dia não, enquanto o governo afirma que não há cartelização. Mário Lino diz que a solução não é baixar o imposto sobre os combustíveis, mas poupar. É fácil para Mário Lino cuja gasolina somos todos nós que pagamos. É fácil dizer poupem. Mas como é que alguém pode poupar o que quer que seja se a generalidade dos salário já não dá sequer para chegar ao meio do mês?. O senhor ministro gosta de brincar e a brincar a brincar.... vai dizendo todos os disparates que lhe passam pela cabeça.
O que eu gostava mesmo era de os ver a sustentar as famílias com com 2 ou mesmo 3 salários mínimos. Como vêem sou muito mais generosa que o José que acha que salários acima dos € 500 são bons salários. Tão bons que não há que dar isenção a quem tenha € 501 mensais. Passou para metade as taxas moderadoras de quem tem mais de 65 anos e provavelmente fez bem. Beneficia com certeza, ainda que minimamente uma enorme camada da população portuguesa. Todavia, é preciso não esquecer que há muita gente com mais de 65 anos com salários e pensões bem acima da média, mas pronto percebe-se, como a maior parte desta gente já faz parte do grupo dos mais iguais que outros (é um grupo interessante, porque até se pode fumar em lugares públicos sem pagar coimas, basta pedir desculpa e afirmar que se desconhece a lei). É com toda a certeza o "Triunfo dos Porcos".
A miséria espreita a cada esquina. A fome vai batendo sucessivamente a portas que se julgavam insuspeitas. A classe média acabou, deu o berro... ficam pois as autoestradas para os ricos que estão cada vez mais ricos neste país onde as coisas mais incríveis podem acontecer... como no Reino da Dinamarca.

16 maio, 2008

Trocando em Miúdos - Chico Buarque (clica aqui)

Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter

Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado

Canção tão simples

(Dream de Paulo Ribeiro em Olhares.com)

Quem poderá domar os cavalos do vento
quem poderá domar este tropel
do pensamento
à flor da pele?

Quem poderá calar a voz do sino triste
que diz por dentro do que não se diz
a fúria em riste
do meu país?

Quem poderá proibir estas letras de chuva
que gota a gota escrevem nas vidraças
pátria viúva
a dor que passa?


Quem poderá prender os dedos farpas
que dentro da canção fazem das brisas
as armas harpas
que são precisas?


(Manuel Alegre)

Apetecia-me...

("Em família" de Nuno Lobito em Olhares .com)
Apetecia-me voltar para dentro da barriga da minha mãe. Apetecia-me ficar lá para sempre. Apetecia-me não ter nascido. Apetecia-me esquecer que o meu coração falha. Apetecia-me chorar todas as lágrimas que tenho guardadas dentro de mim. Apetecia-me começar tudo de novo e não cometer um único erro. Apetecia-me dizer "arrependo-me". Apetecia-me...
Mas como nada disto é possível, fico-me pela vontade, que como vêem não é nenhuma e vou-me embora, à espera de melhores dias.

15 maio, 2008

É proibido proibir - Caetano Veloso (clica aqui)

Me dê um beijo meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estátuas, as estantes
As vidraças, louças
Livros, sim...

Inventário


Um dente d'ouro a rir dos panfletos
Um marido afinal ignorante
Dois corvos mesmo muito pretos
Um polícia que diz que garante
A costureira muito desgraçada
Uma máquina infernal de fazer fumo
Um professor que não sabe quase nada
Um colossalmente bom aluno
Um revolver já desiludido
Uma criança doida de alegria
Um imenso tempo perdido
Um adepto da simetria
Um conde que cora ao ser condecorado
Um homem que ri de tristeza
Um amante perdido encontrado
Um gafanhoto chamado surpresa
O desertor cantando no coreto
Um malandrão que vem pe-ante-pé
Um senhor vestidíssimo de preto
Um organista que perde a fé
Um sujeito enganando os amorosos
Um cachimbo cantando a marselhesa
Dois detidos de fato perigosos
Um instantinho de beleza
Um octogenário divertido
Um menino colecionando estampas
Um congressista que diz Eu não prossigo
Uma velha que morre a páginas tantas
(Alexandre O'Neill)

Quem avisa...


Eu já estava desconfiada que o José não sabia o que andava a fazer. Também desconfiava que ele não fazia os trabalhos de casa todos os dias. Só não pensei que ele se deixasse apanhar assim tão facilmente como o puto que fuma às escondidas na casa de banho...
O José diz que não sabia que não podia fumar a bordo de um avião numa viagem de longo curso. É natural. Afinal de contas o José faz parte do grupo que durante anos pôde fumar onde mais ninguém podia: os aviões!
Mais. O José não leu a lei anti tabaco. Também um homem não tem que ter tempo para tudo. Há 10 dias estou eu para aqui feita uma ínútil e não consigo acabar o livro que estava a ler antes de adoecer. Portanto acho que ao José assiste uma certa razão, ou pelo menos podemos engolir mais esta desculpa como uma mentirinha sem importância.
Agora José, a ver se o menino cresce! Se há coimas aplicáveis ao que o menino fez porque não se lhe hão-de aplicar? Afinal o senhor como PM pode, ao contrário do cidadão comum, invocar desconhecimento da lei? Agora quer fugir às responsabilidades do cumprimento da lei com um pedido de desculpas? Ora José vá à esquina a ver se eu lá estou...
Ah! e antes que me esqueça. Olhe que eu só comecei a ter mazelas depois de ter deixado de fumar. Já lá vão mais de dois anos e olhe para o estado em que eu estou hoje. Veja lá se se mete em mais algum sarilho "sem querer". Não diga que eu não avisei!

14 maio, 2008

Paciência - Mafalda Veiga e Jõao Pedro Pais (clica aqui)

A vida é tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, eu sei
A vida não pára
A vida não pára não

Surdo, subterrâneo rio


Surdo, subterrâneo rio de palavras
me corre lento pelo corpo todo;
amor sem margens onde a lua rompe
e nimba de luar o próprio lodo.

Correr do tempo ou só rumor do frio
onde o amor se perde e a razão de amar
--- surdo, subterrâneo, impiedoso rio,
para onde vais, sem eu poder ficar?

(Eugénio de Andrade)