Tens-me faltado todos os dias desde que partiste. Todos os dias penso em ti com carinho, com saudade. Penso em ti como uma das pessoas mais generosas, íntegras e justas que conheci. Todos os dias me faltas. Mas hoje faltas-me mais do que nunca. Porque carrego sobre os ombros um fardo que só existe porque partiste. Porque guardo segredos que não posso revelar a ninguém. E tudo isto só porque resolveste abandonar-me. E o que me rodeia, cheira mal. Cheira mesmo muito mal. O cinismo, a hipocrisia, o vale tudo mesmo tirar olhos, tudo isto me tira o sono sossegado a que me julgo com direito, porque tudo isto só cai em cima de mim porque as pessoas confiam em mim. E eu não tenho alternativa senão continuar a merecer essa confiança. Não posso trair ninguém nem mesmo aqueles que eu sei perfeitamente que me traem. Faço o meu papel de parva, o meu papel de quem nem sequer anda por aqui, conto umas estórias engraçadas para que ninguém perceba a angústia em que vivo.
Fazes-me tanta falta. Hoje fazes-me mais falta. Já não consigo aguentar por muito tempo, disfarçar o horror que sinto por gente que vive de mexer cordelinhos, de lixar quem se atreva a passar-lhe à frente. De gente que quer "subir" na vida à custa de trambiques e cambalachos e não de profissionalismo e sobretudo de honestidade... Gente que acha que quem não é trambiqueiro é estúpido. Quem não é honesto é estúpido...
Pois é minha amiga. Criaram o monstro e agora temos que o aturar. Mas uma coisa é certa. E assim será por muitos anos. O mundo é dos "espertos".
Saudades, amiga.
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