22 fevereiro, 2008

Há princesas e princesas...

Lembro-me de ouvir a minha avó materna, que era uma mulher que gostava de contar estórias, falar da "roda". Eu era muito garota e fazia-me impressão que houvesse gente que se desfizesse assim dos seus filhos. E por mais que a minha avó tentasse explicar que era uma forma de as crianças não serem abandonadas e morrerem à fome, aquilo não entrava na minha cabeça. Mal comparado é como os miúdos de hoje ficarem espantados quando contamos que não tínhamos na idade deles computadores. Eles já existiam mas era como se não existissem, uma vez que muito pouca gente tinha acesso aos ditos. Lembro-me de que a primeira imagem que me vinha à cabeça quando me falavam de computadores era a de um "robot". Na minha mente era a mesma coisa e afinal, nem estava assim tão longe da realidade...
Voltemos à minha avó e à "roda". Hoje, a propósito de um romance que estou a ler conversava com uma amiga sobre a "roda" e ela, mais nova que eu 10 anos, disse que achava o sistema pavoroso.
Eu, hoje que sei muito mais da vida que quando me falava a minha avó da "roda" e das suas amigas que tinha que tinham sido deixadas na "roda", acho que era um sistema nada mau. Afinal hoje em dia se houvesse uma "roda", será que haveria mães a esconderem a gravidez até ao fim e depois matarem os filhos e deitá-los ao lixo ou congelá-los até arranjar uma boa ocasião para se desfazerem dos corpos?
Hoje mais uma dessas estórias fez parte do telejornal. Não existe semana em que não aconteçam essas coisas.... e é claro que a opinião pública nem sequer toma conhecimento de todos os casos... há com certeza gente que pratica o chamado "crime perfeito" e nunca chega a ser apanhada pelas malhas da lei.
Matar é algo de muito sórdido. Um acto que não pode ter qualquer explicação. Matar um filho, um bebé indefeso então é algo de inadmíssivel e impensável para gente com cabeça assente entre os ombros.
A minha compensação foi conhecer hoje a Rafaela, menina de 4 dias, linda de morrer, filha do meu colega Paulo que se encontra babadíssimo, e com toda a razão, com a sua princesa.

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