O barbeiro sábio

Eis a nossa sina: esquecer para ter passado,

mentir para ter destino

(O Barbeiro de Vila Longe)

(Mia Couto in "O Outro Pé da Sereia)

... e a guerra continua

Ainda falando sobre a guerra movida por Israel ao Hezbolah, no sul do Líbano (quem se lixa é o mexilhão, mais uma vez), mais exactamente sobre o massacre de Caná, (conhecem outro nome melhor para chamar àquilo?),quase daria para rir, se a situação não fosse realmente tão dramática... Então as pessoas morreram porque quiseram? Morreram crianças por escolha própria? Que direito tem o Estado de Israel de destruir assim a vida e os haveres de cidadãos, cujo único crime é viver no Líbano (definitivamente no local e à hora errada!).

Israel tem a lata de dizer ao mundo que avisou que ia bombardear... e portanto só ficou quem quis!

Imaginem os defensores desta barbárie que estão no sossego da sua casa e um louco qualquer vem dizer que se quiserem viver, terão que abandonar as suas casas, os seus haveres, a sua família, os seus amigos, a sua cidade... A SUA VIDA!

É crime quererem ficar? É crime não quererem viver como cães em campos de concentração? Pelos vistos é! Morreram por escolha própria ontem em Caná 34 crianças...

Eu grito a minha indignação. Israel ontem, em Caná, escolheu matar mais gente. Escolheu matar MAIS 34 CRIANÇAS!

Há crimes sem perdão! Este é apenas mais um! Esta guerra não ficará por aqui...

Um barbeiro sábio

Em todo o mundo é assim: morrem as pessoas, fica a História.

Aqui, é o inverso: morre apenas a História, os mortos não se vão.

( O Barbeiro de Vila Longe)

(Mia Couto in "O outro pé da Sereia")

Um homem Nobre

O Líbano está a ferro e fogo. Há já um milhão de refugiados e a guerra ainda vai a caminho das 3 semanas.

Israel recusa um cessar fogo para a ajuda humanitária poder socorrer as vítimas deste novo holocausto, apoiado pelo senhor Bush (que continua a exibir aquele sorriso imbecil).

Mais: não só não pára a guerra, como atinge ambulâncias e pessoal que está no país ao serviço de organizações humanitárias como a Cruz Vermelha e a AMI, bem como população civil, incluindo crianças.

E por falar em AMI, quero aqui dizer da minha admiração profunda pelo médico Fernando Nobre, nascido em Angola e cidadão português, mas sobretudo um nómada, cidadão de um mundo permanentemente em crise, quer pelas forças da natureza, quer pela estupidez e brutalidade dos homens.

Fernando não é Nobre apenas de nome. É NOBRE de alma e coração. A ele e a todos os rostos anónimos que se disponibilizam constantemente para ajudar quem precisa, o meu MUITO OBRIGADA!

O mundo é um jardim... a garden.

O senhor Bush e a senhora Rice são cidadãos norte americanos. E estão plenamente convencidos que o seu país, que é tão recente e tão pobre em história, é o dono do mundo. Uma espécie de deus de todas as nações... e como tal querem criar um mundo à sua imagem.

Assim, apoiam Israel e estão contra o mundo árabe em geral.

Não estou aqui de modo nenhum a fazer a defesa do Hezbolah. Não me foi passada qualquer procuração para tal, nem eu tenho pretensões nenhumas sobre saber o que se deve fazer na política do Médio Oriente, para melhorar o relacionamento de Israel com a Palestina e o mundo árabe em geral.

Mas irrita-me profundamente a arrogância da senhora Rice e a imbecilidade do senhor Bush. Querem um Médio Oriente à sua maneira? E o que fazem com os milhares de anos de história que têm os países árabes?

É natural que quem não tem história, nem lhe passe esta questão pela cabeça. A senhora Rice até sabe tocar piano! Mas isso não lhe dá o direito de querer construir um mundo à sua imagem. Porque nem sequer se trata dos Estados Unidos da América. Não consigo identificar a generalidade do povo americano, que é amante da liberdade e da democracia, com estas duas figuras que se passeiam pelo mundo como se andassem pelo jardim lá de casa, a dar ordens aos diversos jardineiros.

E o pior é que há jardineiros, encantados por trabalharem para estes patrões!

Uma canção Chikunda

Zamuone, zamuone ndine

Leva, leva, ndaneta

Siku lakufa uza ndilile?

(Vem ver, vem ver-me

E responde: estarei cansado de viver?

No dia da minha morte quem chorará por mim?)

(Canção Chikunda)

A coragem da Maria João

Estou perfeitamente solidária com a Maria João Pires. Também eu me sinto torturada por viver neste país. Infelizmente não tenho aquilo a que ela chama "coragem" para ir viver para o Brasil.

Mas lá que é uma tortura viver em Portugal, lá isso é! Senão, vejamos:

1. O PR parece o manequim da extinta "Lanalgo". Tem uma voz que é uma dor de alma. (Agora digam-me lá, porque é que uma verdadeira artista, ainda por cima "clássica", haveria de se sujeitar a conviver com este sujeito, de cada vez que dá um concerto, tendo ela dinheiro para viver à grande no Brasil?

2. A mulher do PR não tem melhor aspecto que o marido! Parece uma senhora-a-dias, se é que entendem o que eu quero dizer, na minha delicadeza! Porque é que a artista se havia de sujeitar a beijocar a primeira dama, de cada vez que dá um concerto...

3. O PM tem boa figura, sim senhor... de frente! Porque de perfil é horrível. Tem um nariz insuportável. Então porque é que a artista se havia de sujeitar a encontros de perfil com o engenheiro, de cada vez que dá um concerto....

4. O líder da oposição é tão pequenino, tão pequenino, que mesmo em bicos de pés, não se vê! E a artista não há-de querer arriscar-se a passar por mal educada de cada vez que dá um concerto e não fala ao senhor líder da oposição porque é praticamente impossível distingui-lo na primeira fila da plateia...

Estas razões já bastam. Não é preciso falar aqui de outros seres igualmente intragaveis, com que a artista andava constantemente a esbarrar... Ou não há papel que chegue!

É claro que o Brasil tem um clima bem melhor que Portugal (pelo menos para pessoas como eu que gostam de calor, humano e não só!).

No meio disto tudo, acho que a Maria João fez muito bem em se pirar. O que faz cá pode fazer em qualquer parte do mundo. Afinal ela é oriunda do país mais "simplex" do Mundo, quiçá do Universo!

E essa história dos dinheiros para o centro Belgais é apenas uma questão de pormenor, caramba! Deixemo-nos de mesquinhices e de contar tostões! Há lá dinheiro que pague a coragem da artista...

A História de Lily Braun

Como num romance
O homem dos meus sonhos
Me apareceu no dancing
Era mais um
Só que num relance
Os seus olhos me chuparam
Feito um zoom
Ele me comia
Com aqueles olhos
De comer fotografia
Eu disse cheese
E de pose em pose
Fui perdendo a pose
Até sorrir feliz
E voltou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão foi desde então
Ficando flou
Como no cinema
Me levava as vezes
Uma rosa e um poema
Foco de luz
Eu feito uma gema
Me desmilinguindo toda
Ao som do blues
Abusou do scotch
Disse que meu corpo
Era só dele aquela noite
Eu disse please
Xale no decote
Disparei com as faces
Rubras e febris
E voltou
No derradeiro show
Com dez poemas e um buque
Eu disse adeus
Já vou com os meus
Numa tourné
Como amar esposa
Disse ele que agora
Só me amava como esposa
Não como star
Me amassou as rosas
Me queimou as fotos
Me beijou no altar
Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca
Nunca mais feliz

(Maria Rita / Chico Buarque-Edu Lobo)

Ser Solitária(o)

Lembrei hoje a estória de uma mulher que se divorciou porque deixou de suportar o marido. Quando lhe perguntei o que não suportava nele disse-me "ele não me proíbe nada!". Não sei o que foi feito dela... Não sei se arranjou um marido novo que a proíba de muita coisa e em caso afirmativo se é feliz assim...

Creio que não. Creio que se arranjou um marido do género proibitivo o deixou "porque ele a proibia de fazer tudo!".

Vem isto a propósito de um sujeito que costumo encontrar na praia e que marcou o seu lugar muito perto de mim, o que me permite um tipo de observação bem apurado.

Pois o tal sujeito vive só com certeza. Basta ver o cuidado com que dobra a T-shirt: como se a fosse guardar de seguida numa gaveta. A sério. Tenho visto gente muito arrumadinha na praia. Mas como este sujeito nunca tinha visto.

A T-shirt fica dobrada cuidadosamente até que ele a vista. É como se o sujeito estivesse em casa... se calhar a coisa não é relevante, mas eu sou uma voyeuse! E pensei cá para mim: serias capaz de viver com um sujeito tão arrumadinho? Como é que uma mulher implica com um homem arrumadinho? Sim... porque quase que aposto que deixa a casa de banho impecável quando sai do duche... Aposto que não deixa vestígios de ter feito a barba ou de ter lavado os dentes!

E então lembrei-me da tal mulher. Os solitários arranjam desculpas para continuarem sós. Toda a vida disse que é difícil viver com outra pessoa. Aguentar as pequenas manias. Todas as mulheres se queixam da displicência dos homens. Da sua falta de cuidado com as coisas de casa. Com o "desmazelo" como lhe chamamos. Eu também.

Mas tenho a certeza de que se tentasse viver com um homem arrumadinho como este de que vos falo, deixá-lo-ia rapidamente dizendo: "ele não deixa nunca, nada fora do lugar!"

Não Vale a Pena

Ficou difícil
Tudo aquilo, nada disso
Sobrou meu velho vício de sonhar
Pular de precipício em precipício
Ossos do ofício
Pagar pra ver o invisível
E depois enxergar

Que é uma pena
Mas você não vale a pena
Não vale uma fisgada dessa dor
Não cabe como rima de um poema
De tão pequeno
Mas vai e vem e envenena
E me condena ao rancor
De repente, cai o nível
E eu me sinto uma imbecil
Repetindo, repetindo, repetindo
Como num disco riscado
O velho texto batido
Dos amantes mal-amados
Dos amores mal-vividos
E o terror de ser deixada
Cutucando, relembrando, reabrindo
A mesma velha ferida
E é pra não ter recaída
Que não me deixo esquecer

Que é uma pena
Mas você não vale a pena

(Maria Rita / J.E.P. Garfunkel)

Agora só falta você

Um belo dia resolvi mudar
E fazer tudo o que eu queria fazer
Me libertei daquela vida vulgar
Que eu levava estando junto à você
E em tudo o que eu faço
Existe um porquê
Eu sei que eu nasci
Sei que eu nasci pra saber
Pra saber o quê

E fui andando sem pensar em mudar
E sem ligar pro que me aconteceu
Um belo dia vou lhe telefonar
Pra lhe dizer que aquele sonho cresceu
No ar que eu respiro
Eu sinto prazer
De ser quem eu sou
De estar onde estou

Agora só falta você
Agora só falta você
Agora só falta...

(Maria Rita - Rita Lee e Luís Sérgio)

A ver se é capaz senhor engenheiro...

Talvez seja eu que não estou a ver bem. Mas... acabo de ver no telejornal da RTP1 uma manifestação de jovens cientistas portugueses (alguns já não tão jovens assim). Pretendem chamar a atenção para o facto de não terem emprego. Têm bolsas. Alguns há 15 anos! Não efectuam descontos para a Segurança Social, não pagam impostos, não têm salário!

Pois não entendo senhor engenheiro. Tenho-o ouvido dizer que o país precisa de gente assim para progredir, e aí estou plenamente de acordo consigo.

Como vê eu não sou assim tão do contra, só por ser, como o senhor pensava!

Mas se o país precisa desta gente, porque não lhes dá emprego? Porque os trata como se continuassem a ser estudantes? Porque os está a empurrar para o estrangeiro, à procura de um modo de vida?

Quanto custou aos cofres do estado (aos bolsos de todos nós, pronto de todos não, mas da maioria que paga impostos), a formação de cada uma destas pessoas? Quanto lhes custou a eles mesmos? De quantas coisas tiveram que abdicar? Viveram o mesmo que os amigos que não fizeram um curso superior? É justo que sejam tratados desta maneira, senhor engenheiro?

Não! Não! Não! Assim não. Deixe-se de falar em nome da ciência. Pegue nesta gente que já está formada há que anos e comece o seu simplex de verdade. É preciso dar-lhes emprego de verdade, porque trabalho já eles têm! Chamar-lhes bolsas é apenas a maneira mais desonesta que conheço de os explorar...

Deixe-se de conversa e de floreados para a comunicação social e mostre do que é capaz! A ver se é mesmo capaz!

Não há bela sem senão

Pois é! Nem tudo são rosas, quer dizer: mar, andorinhas, burros, cegonhas, etc. Também há o lado negativo das terras pequenas. Sobretudo terras novas, compostas de gente que não é do sítio. Que veio dos mais diferentes pontos do globo, com as culturas mais divergentes.

Constituem-se em "grupos" como se vivessem num qualquer país estrangeiro. Puxam a brasa à sua sardinha, porque no fundo a sardinhada mesmo, não é a deles!

E é claro... vive-se para as aparências. Se o vizinho comprou um belo AP eu vou comprar uma vivenda, e logo a seguir outro irá comprar uma com piscina e por aí fora.

Usam-se pelos vistos as louras, muitíssimo platinadas, com os cabelos secos como palha. Às tantas está na moda apresentar uma esposa platinada no clube da terra.

Nestas terras, as pessoas são todas informadíssimas, cultíssimas e não se cultiva qualquer espécie de preconceito.

Assim ouvi uma "loira" referir-se a um preto que conduzia o seu Renault Clio como "escuro". "Faz-me lembrar aquele escuro do outro dia, sabes?" Será que a senhora julga que pensei que ela é menos racista por se referir a um preto como "escuro"?

Pois realmente é pena, não se tratar apenas de um caso. São às dezenas. Cada um a rivalizar com o vizinho. Querem ser MAIS. MUITO MAIS: ricos, inteligentes, cultos e claro: loiras! MUITO LOIRAS e muito informadas.

Pena não me terem deixado só o mar, as andorinhas, os burros, as cegonhas, as carroças, os ciganos (como lhe chamaria a loira? talvez escuros clarinhos?)

Andorinhas, carroças, burros, cegonhas...

Há um céu cheio de andorinhas do mar. E há três carroças puxadas por burros. Há ninhos de cegonha... e cegonhas. Há um sem número de episódios que podemos observar por esta país, logo que abandonamos as auto-estradas.

Fazer percursos pelas estradas regionais ou nacionais, fugindo às portagens e à rapidez e facilidade de condução das auto-estradas é uma delícia. Ter tempo para percorrer cantos escondidos de Portugal é um luxo a que me devia submeter com mais frequencia.

Descobrir que há tanta coisa que eu julgava perdida e afinal existe... Afinal ainda existe um pequeno país na costa mais ocidental da Europa, com fauna e flora maravilhosos.

Ainda existem ciganos que se deslocam de carroça pelo país e não de "ford transit" cheia de "T-shirts". Carroças com os cães à trela e as crianças a monte...

É o meu país que não entrará nunca no "simplex"... mas está lá. E ainda bem. O Portugal pitoresco existe. Espero que por muito tempo, ainda se possa misturar com o Portugal moderno que emergiu nos últimos anos. Porque nem só de tecnologia vive o homem.

O meu Alentejo (deserto e mar)

Escrevo aqui no Alentejo, com os olhos cheios de mar e céu. Azul... sempre o azul na minha vida! Azul durante o dia. Azul estrelado à noite.

Fico com a sensação, sempre que aqui estou, que há mais estrelas no Alentejo. E há efectivamente; há um mar de estrelas visíveis deste quase deserto junto ao mar.

Tomara que o desenvolvimento que se vai vendo por estas terras, não corra com as estrelas do céu e eu não tenha que dizer um dia, como o Tê "já não há estrelas no céu..."

É bom poder estar com os amigos, é bom rever os conhecidos, é bom ouvir música com eles... Mas o melhor de tudo continua a ser o azul... E as férias que nos dão o tempo necessário para fazer o que amamos, sem relógio (nem de ponto, nem de pulso...). Até...

Buda Hostil a Luis de Camões!?

"Erros meus, má Fortuna, Amor ardente
em minha perdição se conjuraram,
os Erros e Fortuna sobejaram
que para mim bastava Amor somente."

"Se para ti bastava Amor somente
amor em mim não chega para nada
pois preciso inventar o que hei-de amar
pensando que é a vida que o inventa
já que juntos nós vamos percorrendo
um tempo que também é irreal
o não ser do que é tudo a mim me anima
me recria no espaço que não há
não haver nada é tudo por que anseio
para me erguer não sendo o reteimar
que verdadeiro amor é mesmo amar
pois que nunca a ninguém apraz não ser."

Pois resumo mais simples e com alguma pontuação, Amigo Buda:
Mesmo convictos de que não há nada, jamais se perca em nós o dom de amar.

Eis a vida perfeita: Amar Amor

(Agostinho da Silva)

Saudade apenas

Tenho andado um pouco arredada aqui do meu tempo... porque é claro, o meu tempo é quando, e apenas isso.

E agora o meu tempo é de férias e como tal não há dias nem horas para nada. Para isso devem servir as férias: para não sentirmos obrigação de coisa nenhuma.

E depois... como queres que tenha saudades tuas olhando o Mar? Nadando, mergulhando, vendo... ou apenas ouvindo, os olhos cerrados... não os da alma, claro!

Estou de férias... não sei como vai o simplex, nem o futebol, nem a economia... E não quero saber.

Quero apenas sentir a tua falta junto ao mar. Sem lágrimas. Sem dor. Sem raiva. Saudade apenas.

"Canto porque é preciso"

Faz 65 anos no próximo dia 1. Ney Matogrosso continua a cantar (muito bem) e a encantar (cada vez mais).

"Canto em qualquer canto" é bem a expressão deste Ney Matogrosso, que há 30 anos, muita gente criticava pelas plumas, lantejoulas e maquilhagem, sem entender que tudo fazia parte do espectáculo. Tudo era Ney!

A idade vai pesando (continua magro, magríssimo!) e ele vai adaptando as coreografias.

Aqui há uns anos passou a apresentar-se sem grandes enfeites mas de tronco nu. Hoje apresenta-se todo vestido, mas nem por isso esconde a sua imensa sensualidade... E o que não faltou no Coliseu foi a empatia que ele tem com o público. Hoje também com o público masculino, que se deixou (felizmente) arrastar pela onda e percebeu que naquele palco estava um cantor, dançarino e actor extraordinário.

Tudo nele é música... dança muitíssimo bem enquanto está sentado... Continua a ser um homem espectáculo. Continua provocador. O que prova que nunca usou as plumas e lantejoulas para provocar.

Ouvi gente a gritar "casa comigo Ney"! Eu sou uma pessoa bem comedida. Por isso digo-te hoje aqui no meu cantinho "Amo-te Ney! Tenho uma verdadeira paixão por ti, que nada poderá apagar, porque tu és o masculino e o feminino que há em todos nós... Só que os outros não mostram... Mas tu sim!"

Quero aqui também dizer que os músicos que o acompanham são simplesmente maravilhosos.

Vim cantar sobre essa terra

Antes de mais nada, aviso

Trago facão, paixão crua

E bons rocks no arquivo

Tem gente que pira e berra

Eu já canto, pio e silvo

Se fosse minha essa rua

O pé de ypê tava vivo

Pro topo daquela serra

Vamos nós dois, vídeo e livros

Vou ficar na minha e sua

Isso é mais que bom motivo

Gorjearei pela terra

Para dar e ter alívio

Gorjeando eu fico nua

Entre o choro e o riso

Pintassilga, pomba, melro

a Águia lá do paraíso

Passarim, mundo da lua

Quando não trino, não sirvo

Caso a bela com a fera

Canto porque é preciso

Porque esta vida é árdua

Pra não perder o juízo

(Ná Ozzetti e Itamar Assumpção)

Janelas com vista para o Mar

A minha vida tem o mar ao fundo. A minha vida tem o mar por fundo. A minha vida tem janelas com vista para o mar. E portas abertas aos oceanos.

E é por isso que eu sou tão agradecida à vida. Porque ela me tem dado sempre o que mais amo: o mar.

Conversando, assim.

Sou dada a silêncios. Gosto de falar através do silêncio. O silêncio não é ausência de conversa. O silêncio é a conversa toda, inteira.

É também a melhor forma de mentir... o silêncio: não mente; omite.

É claro que só se consegue ter uma conversa de silêncios feita, com alguém que nos está tão próximo, que nos conhece tão bem, que é capaz de ler os nossos pensamentos (a conversa que temos na cabeça) e que não precisa mais de ser explícita, para existir.

Não sei se haverá muita gente que tenha esta sorte de ter alguém que a ouve sem que seja necessária a canseira de falar.

Sim. Porque falar cansa. Cansa-me falar ao telefone, cansa-me falar ao vivo, cansa-me repetir as palavras, porque afinal o interlocutor está muitas vezes entretido com as sua própria conversa e não presta atenção ao que lhe digo, (a mais das vezes a pedido do próprio). Julgo que a maioria das pessoas se farta de fazer perguntas pessoais, porque entendem que só podem ser delicadas desta maneira.

É claro que isto faz parte da nossa cultura. Quando digo nossa, falo da cultura ocidental, que não é exactamente a minha!

Pois eu procuro alguém que me ouça sem eu ter que falar. Procuro alguém a quem dar respostas sem que me faça perguntas. Procuro alguém que para além de tudo isto, permaneça. Alguém que não se atreva a morrer e a deixar-me só de novo. Porque morrer é partir. Partir para não mais voltar.

Procuro alguém que idolatre o silêncio, como eu... Que o sacralize mesmo.

Os que morreram

não se retiraram.

Eles viajam

na água que vai fluindo.

Eles são a água que dorme.

Os mortos

não morreram.

Eles escutam

os vivos e as coisas

Eles escutam as vozes da água

(Birago Diop)

Saudades... e boa sorte!

E pronto. Saberemos amanhã quem vence o Mundial de Futebol de 2006.

Para já ficámos com um honroso e honrado 4º lugar... e o gostinho amargo de quem sabe que nem tudo correu muito bem e a sorte também não ajudou. Aquela sensação de que podíamos mesmo ter ido mais longe...

Ouve-se dizer que Luís Figo vestiu a camisola de selecção pela última vez. Bem sei que ninguém é eterno e o homem não é de ferro. Mas que me vai deixar cheia de saudades, isso vai. A mim e milhões de outras pessoas de todas as nacionalidades. Bastou assistir ao que se passou nas bancadas alemãs hoje, quando ele entrou em campo.

Luiís Figo é uma figura de excepção. Um senhor, dentro e fora do futebol.

Seja qual for o caminho que decidas seguir, Luís Figo, desta minha mais que humilde tribuna, desejo-te toda a felicidade do mundo. Porque tu mereces!

A retoma? Que é dela?

Isto hoje está mau. Não há notícias que valham o esforço de um comentário, tirando talvez aquela novidade do hospital de Sta. Marta contactar os utentes por SMS. Espero que saibam o que estão a fazer, porque eu conheço muita gente que tem telemóvel há anos e não é capaz de ler ou enviar mensagens. A ver vamos no que vai dar esta vontade do hospital agradar ao ministro... Sim, porque não tenho dúvidas que isto faz parte do abençoado simplex.

Assim sendo... acabei de ler que 1/3 dos portugueses não vai ter férias e dos que têm muitos ficam em casa ou vão passar em casa de amigos para arejar... Os sinais de recuperação económica são cada vez mais nítidos, senhor engenheiro...

Não gosto de fazer compras... Não gosto sequer de ver montras. Só me dou ao trabalho e ao sacrifício quando absolutamente necessário.

Hoje decidi que era dia do sacrifício e lá fui eu. Escolhi uma superfície grande mas aberta, porque os espaços fechados ainda tornam a operaão mais dolorosa. Uma superfície daquelas em que existe comércio de todo o tipo, desde a roupa às coisitas para o lar, incluindo electrodomésticos. E o que vi foi muita gente a passear e lojas vazias. Que bom para mim que assim o stress foi bem menor... Mas que mau sinal para este país, quando os preços descem 50 a 70% e ainda assim as lojas estão"às moscas".

Portugal dos pequeninos

Mais uma vez os sindicatos convocaram uma greve geral dos trabalhadores da função pública. Mais uma vez os números apresentados pelo governo e pelos sindicatos divergem... e de que maneira! 10% versus 80%! Como é possível uma divergência tão grande?

O que vem provar que já não são apenas as políticas do governo e sobretudo a sua arrogância e intransigência em ouvir os trabalhadores, que afastam cada vez mais este governo dos trabalhadores (não me estou a referir apenas aos da função pública, mas ao todo, uma vez que o tratamento dado pelo governo é igual tanto a uns como aos outros! Embora os trabalhadores (que ainda têm emprego no sector privado) pareça não se aperceberem deste facto. O governo vai falando da administração pública e os do sector privado aplaudem, e distraídos que estão, nem se apercebem que o pior está para vir.

Sempre me fez muita impressão aquilo que eu considero uma das fraquezas do português enquanto povo: a inveja, a mesquinhez... O português não está interessado em melhorar a sua vida. Não está interessado em lutar para ter mais direitos. Está interessado em que os outros não tenham mais do que ele. É preciso é que o vizinho não tenha, ou aparente ter, algo mais do que ele. O português não está interessado em ter um sistema de saúde decente. Só não quer que haja outros portugueses que tenham um sistema de saúde um pouco melhor. Não quer ter mais direitos! Quer é que sejam retirados direitos a quem os tem!

E é assim que temos que viver... com governos que dividem para reinar, e conseguem, pois nada é mais fácil neste meu Portugalinho.

A vida não acabou, como se viu...

Esta vale bem mais que todas as palavras abaixo

Portugal não será o próximo campeão do Mundo de futebol. É pena, mas é assim! E não vale a pena tentar arranjar argumentos para que a dor da derrota de ontem seja menor.

Não vi o jogo, porque embora pareça que não, há mais vida para além do Mundial de Futebol. Esse facto impediu-me de ver o jogo. Tenho ouvido muita gente culpar o árbitro pela derrota de Portugal. Não me pronuncio. Como já disse não vi o jogo... e mesmo que tivesse visto, o meu entendimento sobre esta matéria é tão curto, que não teria com certeza, "lata" para me pronunciar.

A vida é assim. Alguém tinha que ganhar. A França ganhou e ponto final. Resta-nos esperar que no próximo sábado, a sorte dê uma ajudinha à nossa valorosa selecção, e consigamos vencer a selecão Alemã e repetir algo que não conseguimos há 40 anos... É muito tempo, caramba! É uma vida!

E no domingo estarei a torcer por Itália, não por qualquer desejo de vingança contra a França, mas porque tenho um neto italiano e portanto, para mim é razão bastante para torcer por Itália. De resto, quero deixar aqui os meus parabéns à selecção de Scollari por tudo o que conseguiram até agora, pelo esforço e pela luta... Mas também à selecção de França, por ter conseguido derrotar gente tão esforçada e brilhante, como são os portugueses.

Parabéns pois, mais uma vez, à nossa selecção e um desejo muito grande que igualem o feito dos Magriços de 1966 (como era miúda na altura... como o tempo passa!)

E boa sorte também para Itália! Gosto da pinta do Lippi! Gosto mesmo! Deve ser a tal coisa que me atrai nos grisalhos... se bem que aquilo já é mesmo branco, mas enfim, que hei-de fazer a este meu coração?

Direito à vida?...

Tenho ouvido muita gente defender, ao longo do tempo que leva este governo PS, que o o PM tem tomado medidas que exigem coragem. Eu tenho defendido o contrário. Na verdade ninguém ainda me conseguiu provar que seja precisa coragem a um governo maioritário, para fechar escolas, maternidades, hospitais ou para agir de má fé com os funcionários que fazem parte da sua administração.

Na realidade, o que o engenheiro Sócrates tem, não é coragem mas arrogância, prepotência e mais não digo, porque na verdade ele conseguiu ser eleito com uma maioria, sem fazer uma só promessa eleitoral. Portanto quem votou nele, não pode sequer sentir ou dizer que foi enganado. O homem tem qualidades para continuar uma carreira política, que se antevê, looooooooooonga.

Pois como eu ia dizendo... ah pois, falava de coragem!

Coragem teria sido necessária para aprovar uma lei que permitisse a interrução da gravidez, sem termos que esperar por um referendo. E não me venham com essas balelas, de que o assunto é delicado, e existe o direito à vida e outras tretas do género...

Eu defendo o direito à vida. Até sou contra a ING, por princípio. Mas a lei não obriga ninguém a interromper a gravidez, que diabo... A hipocrisia que os "senhores do direito à vida" demonstram é espantosa. Para estes senhores existe o direito à vida dos fetos, não das mulheres... Sim! Porque não existir uma lei que proteja as mulheres que por um motivo ou outro pretendem interromper a gravidez (e podem existir dezenas deles, todos válidos) e não têm dinheiro para pagar a pessoal qualificado que trabalhe em clínicas devidamente equipadas, ou para o fazer em países onde o mesmo acto é permitido, é uma hipocrisia, uma arbitrariedade e uma injustiça! Ainda por cima em nome do "direito à vida" que é realmente um direito fundamental de qualquer ser humano. Só que estes senhores não sabem o que isso é... Defendem é a continuidade da ilegalidade, para poderem cobrar a quem pode pagar, os olhos da cara por uma ING. Quem não pode pagar, que falta faz?

Hoje a lei existente foi aplicada. Um médico e quatro mulheres (uma delas é apenas a empregada do consultório e foi condenada por cumplicidade), foram condenados pelo crime cometido: ABORTO.

Aborto é a lei existente!

Vá lá senhor engenheiro: dê razão aos que o apelidam de corajoso e tome a iniciativa de legislar sobre o assunto. Acabe com este aborto que é a lei portuguesa.

"O homem não nasceu para trabalhar, mas para criar."

(Professor Agostinho da Silva)

"Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles forem meus, não seus. Se o criador o tivesse querido juntar a mim não teríamos talvez dois corpos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem."

(Professor Agostinho da Silva)

A hora do silêncio...

Fui ao fundo do mar, fui ao fundo de mim, e eis-me limpa, inteira, em paz.

Quantas vezes repetimos este tipo de frases ao longo da vida? Eu tenho-o feito bastantes vezes. De vez em quando lá vai um mergulho para emergir em paz com o Mundo. Em paz comigo mesma! Porque o nosso mundo está sobretudo dentro de nós.

Um dia destes um amigo dizia-me que não esperasse nada de ninguém... que não exigisse nada de ninguém... pois é: se eu não exigir coisa alguma estou tramada como o Roger.

Exijo sim, de mim mesma, para que em precisando possa exigir dos outros. Pode parecer, dito assim, que sou uma interesseira. "Vou portar-me bem, para que se portem bem comigo". E isto não é verdade de todo. Tem razão o meu amigo quando me diz que não espere nada de ninguém. Efectivamente não espero... mesmo que quisesse não poderia (a minha paciência não chega a tanto). Mas exijo. E vou continuar a exigir, cada dia mais.

Exijo respeito... por mim, pelo meu trabalho, pela minha intimidade. Não me façam perguntas. Eu também não as faço. Quando o momento chegar, as palavras hão-de sair como um rio cheio de pressa em direcção ao mar. Hão-de atropelar-se as minhas palavras. E as tuas. E as nossas. Mas por agora, o reinado é do silêncio. Deixem-me ouvi-lo, assim de mansinho, com toda a paz que me traz...

O meu pequeno país inventado...

Já não tenho qualquer dúvida. Tal como o Chile, este meu país foi inventado. Acho que, a partir de hoje vou perder definitivamente a capacidade de me espantar com o que quer que seja. Aqui tudo é possível.

O PM anuncia que o Diário da Republica em formato normal, vai acabar. Passa a existir só em formato digital e pronto. Assim, de um dia para o outro, quem não tenha acesso à NET ou simplesmente não se entenda com as novas tecnologias, fica sem poder, só por si, aceder ao dito Diário. Lá terá que chatear um familiar ou amigo, se os tiver, mais entendido, nesta coisa da NET. Não tenho já qualquer dúvida. Como se dizia aqui há uns anos o homem é mesmo "pr'a frentex".

O senhor Alberto João, pede ao PR, Cavaco Silva, que demita o governo sem eleições antecipadas, e forme um governo provisório de unidade nacional.

Espanto-me comigo mesma por ainda deixar que este homem me espante de cada vez que abre a boca... Será que seria diferente se tivesse nascido de geração espontânea? Onde vou buscar tanta ingenuidade, tanta inocência?

Gosto tanto deste governo como o nosso pequeno ditador ilhéu... Mas senhor Alberto João, caso não se tenha dado conta, vivemos em democracia, os socialistas ganharam as eleições com uma maioria de votos bastante confortável, e, ainda que eu não tenha contribuído para este estado de coisas, há que admitir que o governo tem toda a legitimidade para governar, a menos que desate a a cometer atentados contra a democracia como o senhor tem vindo a fazer ao longo dos anos (28 se não me falha a memória!) e ainda ninguém o demitiu, apesar de ser eleito por uma pequeníssima fatia do povo português, o todo nacional tem que o aturar, ouvir os seus diparates, até as suas ordinarices e sustentar...

Agora é que é caso para dizer: se eu mandasse já lhe tinha acabado com o piar! ai tinha, tinha!

Não admira pois que o povo português perca a cabeça com a selecção no mundial de futebol, e entre nesta euforia desmedida, pois que outras alegrias não lhes dão. Mas atenção minha gente: há que manter os pés no chão e a cabeça no lugar, que quanto mais distraídos andarmos menos conta daremos dos desmandos das nossas cabeças coroadas.

E por falar em mundial e Madeira há ainda aquela história do cidadão brasileiro, residente na illha do Jardim, que foi obrigado a retirar a bandeira do Brasil da janela, porque a mesma tinha dimensões superiores às bandeiras portuguesas que se encontram nas janelas vizinhas. A lei existe... é para cumprir! Mas a mim parece-me excesso de zelo...

Que mais irá acontecer a este pequeno país inventado?

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certezade que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

(Eugénio de Andrade)

A festa continua

Portugal conseguiu classificar-se para as 1/2 finais do mundial de futebol. Devo ter sido a única portuguesa que viu o jogo todo sem sobressaltos. Protestei muito, enquanto estivemos em superioridade numérica, por essa opotunidade não ter sido aproveitada, mas mantive-me serena, certa que, de uma maneira ou de outra, haveríamos de ganhar, como ganhámos.

E mais uma vez Scollari vem demonstrar que é um líder. Só um líder consegue o que este homem consegue. Jogadores que não são reconhecidos pelos seus próprios clubes, mostram o que realmente valem, quando jogam na selecção. Porque será?

É muito simples: Scollari acredita neles, dá-lhes confiança, trata-os com consideração. Scollari é um exemplo a seguir por todos aqueles que dirigem o que quer que seja neste país.

Toda a gente gosta de ver o seu trabalho reconhecido. Acreditar que se é capaz, seja em que campo for, é essencial. A mania que os portugueses têm de dizer mal de tudo e de todos é terrível. Os portugueses não acreditam nas suas capacidades, porque ninguém se dá ao trabalho de reconhecer o esforço de ninguém. As pessoas estão mais interessadas em passarem rasteiras aos colegas, do que em formar verdadeiras equipas que possam vencer o marasmo em que nos encontramos.

O PM diz que os funcionários públicos são uns malandros e toda a gente acredita. E toca a malhar nos grandes culpados... A começar pelos próprios trabalhadores da nossa administração, que passam a vida a dizer mal dos colegas... uma selva de egoísmo este país.

Tenho tido muitas vezes a sorte, de trabalhar com dirigentes que reconhecem o meu trabalho. Não ganho com isso mais do que uma palmadinha nas costas, mas o reconhecimento fica bem, cai bem e motiva. Sobretudo motiva!

É isso que o Felipão faz como niguém: motiva os seus jogadores. O que eu tenho ouvido dizer do Ricardo... hoje ele foi o herói do dia: defendeu três penalties com uma limpeza impressionante. Completamente seguro de si.

Parabéns Ricardo. Parabéns Scollari. Parabéns selecção de futebol de Portugal.

E a ver vamos se o Scollari faz escola, e se os dirigentes deste país aprendem alguma coisa que valha a pena.

Viva Portugal! Viva a Selecção!