28 fevereiro, 2009

Cinema - Danni Carlos (clica aqui)

Será que vale a pena
Vai ser esse cinema
Será que juntos,separados
Não vai deixar desidratar o nosso amor
Será mais importante
O peso de um brilhante,que a noite e o dia, de nosdois
Será tudo combinado
Nosso caminho atravessado
Pelo revesso do depois

H


Sei que dez anos nos separam
de pedras e raízes nos ouvidos

e ver-te, ó menina do quarto vermelho,
era ver a tua bondade, o teu olhar terno
de Borboleta no Infinito

e toda essa sucessão de pontos vermelhos no espaço
em que tu eras uma estrela que caiu
e incendiou a terra

lá longe numa fonte cheia de fogos-fátuos.

(António Maria Lisboa)

falando de vida...


pois assim sem mais nem ontem vi-me de novo em Barcelona passeando pelo parque guell a casa milá a sagrada família montjuic o museu Miró Pedralbes... não que eu não soubesse já que faria esta viagem sentada no sofá da sala a ver mais um Woody Allen. todos sabem que estou a falar de Vicky Cristina Barcelona mas do que eu estou mesmo a falar é da riqueza das personagens. estou a falar de coisas de que às vezes desistimos para sermos socialmente correctos. estou a falar de ir em frente e marimbar no socialmente correcto. viver sem olhar para trás nem sempre é possível mas que o façamos sempre que possível para que mais tarde não venhamos a arrepender-nos de não o ter feito. estou a falar de uma mulher fantástica Maria Helena dada quase como louca porque realmente capaz de qualquer loucura por amor de um homem que a ama da mesma maneira. estou a falar dos amores impossíveis por incompatibilidades de que muitas vezes não sabemos de onde vêem. estou a falar do medo de mergulhar de cabeça numa paixão estou a falar da incapacidade de traição estou a falar de gente. gente como eu como tu como nós. gente que por muito certinha que pareça um dia vira a mesa e faz o que lhe dá na real gana. ainda que não volte a ter a coragem necessária para o fazer. pelo menos uma vez fiz. poder dizer isto. uma vez fui capaz. uma vez mandei tudo às malvas e fiz o que me apetecia naquele momento com quem me apetecia. estou a falar da possibilidade do envolvimento ocasional de duas mulheres por amor de um homem. estou a falar de um ménage à trois que é muito mais do que isso. é vida! é paixão! é beleza! estou a falar do último filme de Woody Allen. o muito amado. o muito odiado. o muito incompreendido. o louco que faz com os seus filmes a minha vida mais bonita.

27 fevereiro, 2009

Onde Estará O Meu Amor? - Chico César & Maria Bethânia - (clica aqui)

Se a voz da noite responder
Onde estou eu, onde está você
Estamos cá dentro de nós
Sós...
Se a voz da noite silenciar
Raio de sol vai me levar
Raio de sol vai lhe trazer
Onde estará o meu amor ?

Flor de Lótus



No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou
esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza
caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de
saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão,
procurando completar-se.
Eu não sabia então que a flor estava tão perto
de mim
Que ela era minha,
e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração.
(Rabindranath Tagore)

estava escrito


quem quer ser bilionário é uma pergunta óptima porque se podem esperar dela as mais variadas respostas. quando quem quer ser bilionário tem que enfrentar câmaras de televisão... bem. só por isso eu não quereria ser bilionária. muita gente dirá que viajaria compraria o carro dos seus sonhos uma casa com piscina ou duas ou três ou meia dúzia. eu não quero ser bilionária. nem milionária. quero só viver honestamente do meu trabalho e gostaria que ele fosse pago de acordo... não é. paciência. afinal de momento só me posso dar por feliz por ter trabalho. mas voltando ao assunto. já toda a gente percebeu que vi o filme. pois bem. um rapaz das favelas de Mumbai vai ao concurso começa por ser achincalhado e vai ganhando sessão após sessão. não teve meios para estudar mas sabe ler como acaba por confessar. não pára quando já tem o dinheiro bastante para quem nunca teve nada na vida senão miséria e medo. não é porque ambicione mais dinheiro é apenas porque tem esperança que a menina por quem se enamorou ainda menino o veja e assim consiga ter notícias dela. e é assim que sujeito até a maus tratos e interrogatório policiais porque o produtor do programa acha que ele faz batota ele acaba por encontrar a rapariga. no fim ele acaba o concurso com 20 biliões de rupias mas isso não lhe interessa... quando propõe á sua amada fugir com ele do homem com quem vive e que a escraviza de todas as maneiras e ela pergunta de que iremos viver ele responde amor. coisas de adolescentes que mantêm o sonho vivo dentro de si. tudo está bem quando acaba bem. para cada pergunta neste concurso existem quatro respostas e só uma está certa. a resposta final é a D- ESTAVA ESCRITO! MAKTUB!

26 fevereiro, 2009

Mana - Mayra Andrade Clica aqui


É só ta djobi pa ládu,
Kel ki Nhordés da-l é poku pa el
E fla m-e sta mutu mal kalsádu.
Mána bá sidádi grándi
Tiru saí-l pa kulátra...

Filho


Nicolau, menino, entra.
Onde estiveste, Nicolau,
que trazes a arrastar
o teu brinquedo morto?

Nicolau, menino, entra.
Vem dizer-me onde foi que tu estiveste
e a estrela fugiu das tuas mãos.

Tens comigo o teu catre de lona velha.

Deita-te, Nicolau, o fantasma ficou lá longe.
Dorme sem medo.

Porão, roça, medos imediatos,
tudo ficou lá longe.
Quando acordares a jornada será mais longa.

Nicolau, menino,
onde foi que deixaste
o corpo que te conheci?
Deus há-de querer que o sono te venha depressa
no meu catre.

(Oswaldo Alcântara)

o comboio de Porto Amboim


acampámos pois na zona de Porto Amboim a uns quilómetros da cidade (julgo que na altura ainda era uma vila). o meu pai tinha sempre a preocupação de acampar perto de rios sempre que possível, por causa do abastecimento de água ao acampamento. muitas vezes a água não se podia beber mas dava para cozinhar e tomar banho... a maior parte das vezes. o rio que corria por ali e de que não lembro o nome continha caramujos portadores de vermes que propagam uma doença chamada bilharsiose. o meu irmão foi um dos contaminados e sofreu um bom bocado uma vez que a doença para além de ser dolorosa pode ser mortal. felizmente por ali havia um médico mais do que habituado a lidar com a doença. fomos todos proibidos de tomar banho de rio e usar a água sem que fosse bem fervida ou desinfectada. portanto ficámos com muito pouco que fazer quando nos proibiram o rio. passávamos o dia inventando novas brincadeiras enquanto esperávamos o momento alto do dia. a passagem do comboio de Porto Amboim que passava não muito longe do acampamento antes de uma elevação no terreno que não passava de um pequeno monte que para aquele comboio se transformava numa montanha. portanto ao fim da tarde íamos esperar o comboio que por ali não tinha apeadeiro algum mas que parava sempre porque sendo movido a lenha não era capaz de transpor o obstáculo à sua frente. então os passageiros todos saíam e é claro que eram indígenas da região que usavam regularmente o comboio entre as suas sanzalas e as roças onde trabalhavam. juntavam-se então todos para empurrar o comboio. era uma espécie de passatempo para nós ver o comboio andar não a lenha mas a força humana. passado o obstáculo tinham que apanhar o comboio em andamento ou ficavam pelo caminho. naquela região os homens casados limitavam-se a ficar sentados todo o dia à sombra de uma árvore enquanto as mulheres trabalhavam para eles nas pequenas roças de algodão ou café. quanto mais mulheres tivessem maior o rendimento. e aqui fica a estória tão proclamada e se calhar com pouca graça agora vista à distância do comboio de Porto Amboim.

25 fevereiro, 2009

Africa Nossa - Cesaria Evora (clica aqui)

Céu ja clareá
Consciença ja desanuviá
Ja tchiga hora, pa enfrentá realidade
Um povo sofredor
Ja calmá sê dor
Pa'l bem vivê, na paz e na progresso

Africa, Africa, Africa
Africa minha, Africa nossa
Africa, Africa, Africa
Berço di mundo, continente fecundo

Acto ou qualquer outra coisa



Acto ou qualquer outra coisa. Eu sei, aquela mulher
tão tranquila
vendo da janela do quarto o porto
vendo dos barcos o fumo rente aos mastros
eu sei

essa mulher bem podia ter o nome quando
por detrás da janela observa o
outras coisas que não são barcos e mastros.

Talvez os homenzinhos de azul despertem seus desejos
ou só o azul desbotado, mas não
não nessa janela nesse porto de cidade que não sei
e ela sabe

envolta no vestido, ruivo o cabelo,
envolta nas madeiras da portada.
O chão deve ranger sob os seus pés.

(João Miguel Fernandes Jorge)

é por isso que "estemos" aqui


pois é. nós é por isso que "estemos" aqui. ouvi esta frase ao presidente da câmara de Mourão que explicou entre outras coisas que não é engenheiro. provavelmente se o fosse continuaria a dizer "estemos" aqui para trabalhar. eu até sou a favor da invenção da linguagem. eu até me dá de há uns tempos para cá para deixas as virgulas muito sossegadinhas a dormir e evitar letras maiúsculas para não gastar a tecla shift. a questão é que no meu trabalho diário tenho que usar vírgulas e escrever correctamente tanto ortográfica como gramaticalmente. faço o possível por ser clara nas mensagens que envio aos "clientes" (esta palavra é muito "chic" não é?), e não usar aquela lenga lenga oficial que as pessoas lêem e não entendem. o meu irmão que é professor de português pede-me sempre que lhe traduza as catas que recebe do Ministério das Finanças. Ele pura e simplesmente não conhece aquela linguagem. como é que se pode exigir ao comum dos mortais que perceba o que lhe pedem se é usada uma linguagem completamente absurda? pois eu estou no meu pleno direito de fazer de conta que não entendo o que o senhor presidente da câmara de Mourão quer dizer quando usa a palavra "estemos". não posso exigir que ele fale várias línguas ou sequer que as entenda. mas que fale em português correcto e claro acho que sim. pese o facto de não votar em Mourão... se votasse lá não votaria numa pessoa que não fala português. porque não há sequer o correcto ou o incorrecto. há uma língua que se chama português e que não pode ser mal tratada pelos dirigentes (ainda que sejam autarcas a quem não são exigidas quaisquer habilitações literárias o que de resto acho muito bem desde que façam bem o seu trabalho e falem português frente a uma câmara de televisão). mais uma vez Filipe desculpa lá mas o comboio de Porto Amboim não há meio de arrancar da estação...

24 fevereiro, 2009

Com um Brilhozinho nos Olhos - Sérgio Godinho - Com um Brilhozinho nos Olhos (clica aqui)


Conheço tão bem esses olhos
e nunca me enganam,
o que é que aconteceu, diz lá
é que hoje fiz um amigo
e coisa mais preciosa no mundo não há.

Infância


Sonhos
enormes como cedros
que é preciso
trazer de longe
aos ombros
para achar
no inverno da memória
este rumor de lume:
o teu perfume,
lenha
da melancolia.

(Carlos de Oliveira)

o comboio fica para depois


desfeito o mistério onde está a ME. Filipe descobriu-me hoje ao vivo e a cores e estivemos na palheta uma quantidade de tempo nem dei pelas horas passarem quando me despedi dele e olhei para o relógio era quase meio dia pois tanto melhor aproveitei para tirar um verdadeiro dia de folga e não fazer nada senão lazer o resto do dia. a começar por uma sesta que há muito tempo não fazia deitada na minha cama com todas as portas fechadas para dormir mesmo. depois fresca como uma alface vi de enfiada a Dúvida e o Leitor. e ainda bem que por esta ordem porque se gostei de Dúvida o Leitor deixou-me de queixo caído. de tal modo que se a ordem tivesse sido inversa certamente nem daria o valor também devido a Dúvida. que de resto me põe o velho problema. é praticamente impossível viver na dúvida. há coisas que temos mesmo que tirar a limpo porque se não o fizermos ficará sempre um amargo de boca até ao fim da vida. eu não sou capaz de viver com dúvidas nem com desconfianças. se não houver outra hipótese prefiro afastar-me das pessoas que me me colocam em situações de não saber ao certo se posso ou não confiar. é que ainda por cima eu tenho esta mania lixada de ser um livro aberto para toda a gente. sou capaz de contar a minha vida de pequenina ao primeiro estranho que me apareça pela frente. mas mudando um pouco de assunto e porque hoje foi um dia realmente cheio de novidades estava eu a iniciar a visão do Leitor quando me liga minha sobrinha mais nova para me anunciar que estava grávida. não estava à espera e não podia ter ficado mais feliz. sobretudo porque ela está muito feliz. com pena que a mãe não esteja cá para ver mas é como eu lhe digo sempre a vida não pode ficar presa no passado. para a frente é que é com mais ou menos dificuldades mas com vontade de lutar e vencer. e uma criança significa vida. e se existe um lugar onde nos esteja a ver como acreditava a tua mãe Rita estará concerteza muito feliz. e o teu pai será que já saiu do estado de choque de saber que a sua menina que tem 31 anos está à espera de mais um neto para ele? pobre Flávio que estás aí preso numa espécie de limbo de onde parece não querer sair. a estória do comboio de Porto Amboim vai ficar para mais tarde Filipe. não gosto de faltar com a minha palavra mas como vês este foi um dia demasiado cheio para meter por aqui a lentidão do dito comboio.

23 fevereiro, 2009

Construção - Chico Buarque (clica aqui)


Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

Da vida... não fales nela


Da vida... não fales nela,
quando o ritmo pressentes.
Não fales nela que a mentes.

Se os teus olhos se demoram
em coisas que nada são,
se os pensamentos se enfloram
em torno delas e não em torno
de não saber da vida... Não fales nela.

Quanto saibas de viver
nesse olhar se te congela.
E só a dança é que dança,
quando o ritmo pressentes.

Se, firme, o ritmo avança,
é dócil a vida, e mansa...
Não fales nela, que a mentes.

( Jorge de Sena)

com votos de um bom carnaval






não desfeita a expectativa de ter sido "descoberta" ao vivo e a cores pelo Filipe direi que hoje resolvi levar comigo a câmara fotográfica para o trabalho. a propósito Filipe obrigada pela menção honrosa às minhas gaivotas que aliás constam da minha página pequena por enquanto em Olhares.com porque infelizmente não arranjo mais tempo sem tirar uma montanha de horas ao sono de que preciso para ser gente completa e não um mero zombie a cair de sono mal se encosta no sofá... também quem me mandou a mim escolher um sofá tão agradável que até parece que me chama pelo nome mal entro na sala tipo vem cá fazer um ó ó... e lá estou deixando os dedos pensarem que isto é um teclado de um qualquer instrumento musical e deixá-los compor uma treta qualquer que ninguém vai ouvir neste caso ler... mas o caso é que eu gosto muito de Lisboa. costumo dizer que há cidades muito belas mas nenhuma mais bela que Lisboa... e se ela estivesse bem tratada então outro galo cantaria... acontece que as cidades não são feitas apenas daquilo que se mostra aos turistas. é por isso que eu não embarco em excursões para visitar cidades. vou misturada com os seus cidadãos e descubro que em todas as cidades há sítios feios e sujos que não passam pela cabeça de ninguém. mas isso faz parte da vida e eu nunca fui mulher de fechar os olhos ainda que não goste do que vejo. por exemplo hoje um colega meu veio dizer-me que tinha ido ver "a estranha historia de Benjamin Button" e que gostara do filme mas que o achara pesado. eu respondi que não gosto de filmes leves. agora já sabe que quando eu falar de algo de que gostei mesmo é porque não era propriamente um light próprio para emagrecer. por isso e como já estou a misturar alhos com bugalhos ficam aqui duas das fotos tiradas hoje em Lisboa no percurso que faço para o emprego. com os votos de um bom carnaval que foi exactamente feito para esquecer outras coisas mais sórdidas que nos rodeiam.

22 fevereiro, 2009

Maria Bethânia - Debaixo d'água / Agora (clica aqui)

Debaixo dágua protegido salvo fora de perigo
aliviado sem perdão e sem pecado
sem fome sem frio sem medo sem vontade de voltar
Mas tinha que respirar
Debaixo dágua tudo era mais bonito
mais azul mais colorido
só faltava respirar



Poema para iludir a vida


Tudo na vida está em esquecer o dia que passa.
Não importa que hoje seja qualquer coisa triste,
um cedro, areias, raízes,
ou asa de anjo caída num paul.
O navio que passou além da barra
já não lembra a barra.
Tu o olhas nas estranhas águas que ele há-de sulcar
e nas estranhas gentes que o esperam em estranhos
[portos.

Hoje corre-te um rio dos olhos
e dos olhos arrancas limos e morcegos.
Ah, mas a tua vitória está em saber que não é hoje
[o fim
e que há certezas, firmes e belas,
que nem os olhos vesgos
podem negar.
Hoje é o dia de amanhã.

(Fernando Namora)

passando pela casa encantada



é possível que me tenhas visto uma vez que andei pelo paredão hoje sem câmara porque me apetecia andar assim sem parar. por outro lado havia tanta gente que podes ter visto outra mulher e achares que era eu. é que neste momento tenho o cabelo ligeiramente mais curto que na foto. mas se me disseres como estava vestida a mulher que julgaste ser a MÉ logo te digo se era ou não. porque aí posso garantir que não havia ninguém de igual. é que não tendo nada contra as fardas. tenho contra a moda. é por isso que quando a moda é mini saia eu uso saias de cigana e quando a moda é ser cigana eu viro princesa... modo de falar porque a verdade é que não ligo nenhuma a roupa. passo anos sem comprar uma peça. desde que esteja confortável estou bem e nas tintas para o que os outros pensam. ainda hoje vi uma reportagem sobre os saldos. nunca me passaria pela cabeça perder tempo em filas por causa de roupa. tenho coisas mais importantes para fazer tais como passear pelo paredão com um mar que hoje estava lindo de morrer... ou não estava, diz lá ó Filipe. depois parei em S. Pedro e fiz algumas fotos nada de especial. muita gente por todo o lado a apanhar sol poucas crianças mascaradas... só vi uma carochinha que estava linda de morrer. quando era miúda não gostava de me mascarar mas a minha avó materna que era danada para a brincadeira e adorava costura fez-me um vestido de cleópatra imagine-se. uma miúda de 5 anos pequena e magricela sob o calor tropical de Luanda vestida de cleópatra. o vestido não durou mais do que uma hora. foi o tempo para os retratos pois já se vê e depois fui andar de balouço no quintal do vizinho que tinha uma frota de táxis e bastante óleo no chão logo abaixo do balouço... foi só ter um acidente e "cair" e vi-me livre da fatiota. a minha mãe zangou-se comigo mas a minha avó achou graça e entendeu que eu não quisesse mascarar-me de mais coisa nenhuma. querida avó. que saudades tenho de ti e do teu sorriso permanente. e que saudades tinha também da casa encantada.

21 fevereiro, 2009

Where have All The Flowers Gone - Joan Baez (clica aqui)


Where have all the young girls gone,
Long time passing,
Where have all the young girls gone,
Long time ago,
Where have all the young girls gone,
Gone to young men every one
When will they ever learn
When will they ever learn

Poema


Ao corpo colados a silenciosas
colunas de sal pavimentados
eis os muros paralelos
eis as rápidas deformações da
linguagem (cálido ascetismo)
de quem arde por dentro — estar no mundo
é teu caminho estar na cólera
lavrada
e sobre si mesma dobrada e a guerra
mastigar a morte seca a subalimentada
explosão do corpo deformações suicídio
quotidiano — tal a poesia
se reflecte na luz a erosão do poema
o apodrece e movimenta— cinza mineral
entre restos de música e pão

( Casimiro de Brito)

para ladrões já basta os nossos!


e como a vida não se resume aos desafios do Filipe que de resto são cumpridos religiosamente logo por mim que tudo tenho de agnóstica vou contar aqui a estória dos assaltos dentro do BES de Entrecampos a quem vai levantar dinheiro e julga que está mais seguro dentro do que fora do Banco. o interessante é que são duas miúdas de leste sempre as mesmas que já toda agente viu excepto parece as câmaras de vigilância que deveriam supostamente estar a gravar e não gravam e a polícia que por muito que seja avisada não se vê por aquelas bandas. quando não havia por ali lojas de chineses os ciganos faziam negócio ali no meio da rua sobretudo à hora do almoço que era quando o pessoal saía dos serviços e aí a polícia não falhava. é claro que era a polícia municipal e essa não tem competência para prender duas miúdas que muito provavelmente terão um dia que ser repatriadas porque estão com certeza ilegais no país. e eu que sou a favor dos emigrantes não sou a favor de ladrões razão pela qual aplaudirei o dia em que isso eventualmente por uma grande casualidade e sorte dos pacatos cidadãos que frequentam aquela zona de Lisboa venha a acontecer. também há mais de um ano um sujeito que não fala por isso não sei de que país será está no parque de estacionamento de um pequeno supermercado a estender a mão. não digo que peça esmola porque não fala. se calhar o homem só quer um aperto de mão e eu que sou ruim acho que ele quer dinheiro. na verdade a única vez que me abordou postou-se de braços cruzados à minha frente enquanto eu arrumava um carrinho cheio de compras em sacos verdes que ia depositando no porta bagagens. deixou-se estar assim de pernas abertas e braços cruzados até que arrumei o último saco. de seguida estendeu a mão com a palma para cima. a minha indignação foi tanta que lhe chamei tudo menos querido. hoje lá estava ele como sempre. só que a mim já não pede coisa nenhuma. eu sei que trabalhar cansa. mas estar ali um dia inteiro não cansará ainda mais? provavelmente sim. mas muito mais provavelmente ganha-se melhor.

20 fevereiro, 2009

Luís Represas e Simone - Desencontro (clica aqui)


Ela nem imagina
Ele nunca me vai ver
Volto a cruzar-me com ela
Fingindo não o ver
E por isso nunca
Ele nunca vai saber
O quanto eu te quero

Quase um poema de amor


Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.

Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração Num íntimo pudor,
— Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.

(Miguel Torga)

e bla bla bla


bla bla bla está respondido o comentário do Filipe. pois é. e hoje decidi ir dar uma andadura pelo paredão de Oeiras que há muito não visitava para ver as novidades. nenhumas. resumindo e concluindo 1 para a câmara de Cascais e 0 para a de Oeiras. toma lá ó Isaltino que é para não pensares que és o melhor do mundo. se calhar não fizeste nada porque a Teresa andou por lá a mexer. mas olha que é muito feio ver as cagadas dos cães pelo meio do caminho... e depois achei tudo muito sujo. bonita mesma continua a paisagem. havia bruma mas enfim fiz as fotos possíveis. e mais. essa coisa de haver horários condicionados para ciclistas é uma treta. aquilo não tem comndições para ciclismo portanto acaba mas é com aquilo de vez. eu que até gosto de andar de bicicleta não me passaria pela cabeça incomodar quem caminha e até poder causar acidentes... aquilo está sempre cheio de gente e cada vez há-de estar mais que enquanto eu me canso porque o pessoal desatou a aposentar-se e o trabalho é o mesmo a dividir por metade há quem queira trabalhar e não tenha trabalho. portanto meu caro e de(s)votado por mim Isaltino acaba com aquela treta que toda a gente ganha com isso. para além do mais a marginal tem passeios para quem quer andar de bicicleta sem ser incomodado pelos carros e quem quiser melhor pois vá para Cascais que tem uns bons quilómetros para se divertir ou para a pista de manutenção de Oeiras que também dá para fazer quantos quilómetros quiserem. pois é. já se viu que a menina aqui hoje fez gazeta ao trabalho. com pleno direito. quem precisa de dormir dorme. e eu sou dorminhoca e se começo a dormir poucas horas sistematicamente não há nada que me salve. por isso segunda feira regresso ao trabalho em força de novo e estou convencida que recuperada das horas perdidas de sono.

19 fevereiro, 2009

Cheiro a Café - João Afonso (clica aqui)

O sentido que eu tive da vida
num café
o que foi certo para mim um dia
já não o é
o mar que passa
pela vidraça
senta-se à mesa
cheira a café

Envelhecer


É bom envelhecer!

Sentir cair o tempo,
magro fio de areia,
numa ampulheta inexistente!

Passam casais jovens
abraçados!...

As árvores
balançam novos ramos!...

E o fio de areia
a cair, a cair, a cair...

(Saúl Dias)

a página 161


o que pensas tu Filipe que eu ando a ler? O Jogo do Anjo já acabei há uns dias. de qualquer modo é claro que presumo que te referes à página 161 do dito romance. se já vais aí... ou se calhar estamos a falar de coisas absolutamente diferentes. mas se estamos a falar do mesmo devo dizer-te que o que aqui escrevo pode ser verdade ou não. refiro muitas vezes que escrevo estórias completamente inventadas outras que o são pela metade e outras absolutamente verídicas. a vida é feita de fantasia. é por isso que não podemos viver sem os livros o cinema a música... eu sei lá. o meu pai era um grande contador de estórias e muitas vezes o que contava era tão inacreditável que dificilmente seria crível não fosse o facto de serem tão bem contadas com tantos pormenores de estilo. ainda hoje quando conto estórias que ele contava como verdadeiras (a do melhor vendedor do mundo por exemplo) digo sempre que não sei o que há de verdade nessas estórias. para mim são todas reais porque era ele que mas contava. fazem parte da minha vida. de qualquer modo eu herdei essa capacidade de dizer coisas sérias brincando e de brincar falando de coisas sérias. são as defesas que arranjamos. e agora diz-me tu porque não aceitas o desafio da página 161 do que quer que seja... espera aí que vou ver o que está na página 161 do que ando a ler. olha ainda vou só na 139 mas a 161 fala de carros de bois e couraças e etc., etc. será que adivinhas por aqui o que eu ando a ler? vá lá Filipe já percebi que tens todo o tempo do mundo. aceita o teu desafio. eu fico por aqui com as minhas estórias pequenas e desengraçadas. verdadeiras. ou não.

18 fevereiro, 2009

Esquadros - Adriana Calcanhoto (clica aqui)


Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que o meu irmão ouve
E como uma segunda pele,

um calo, uma casca,
uma cápsula protectora
Eu quero chegar antes
pra sinalizar o estar de cada coisa
filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo
divertindo gente
chorando ao telefone
e vendo doer a fome
dos meninos que têm fome

Verso vão


Onda de sol, verso de ouro,
perífrase vã. Extasiar-me,
antes, por esta fusão,
mistura de brilhos. Ou, ainda
mais íntima, a consciência
extensa como o céu, o corpo de tudo,
semelhança absoluta. Respirar
na quebra da onda. Na água,
uma braçada lenta
até ao limite de mim.

(Fiama Hasse Pais Brandão)

recomenda-se


depois de A Sombra do Vento li o Jogo do Anjo. Carlos Rui Zafón não me surpreendeu com este segundo livro. gostei muito do primeiro e também gostei do segundo. só que o primeiro foi a novidade de ler um estilo completamente diferente. o segundo não apresenta qualquer surpresa. são dois bons romances quase que diria policiais que nos prendem a atenção desde a primeira à última linha. ambos têm um lado profundamente irreal e é talvez por aí pelo lado fantasioso que ficamos presos ao romance querendo saber como afinal acabará toda aquela trama. é agradável ler um livro em que Barcelona é descrita há muitos anos quando Gaudi começou a sua carreira na cidade e foi por muitos considerado um péssimo arquitecto de mau gosto. a verdade é que em Barcelona não me chocam as casas comuns misturadas com a arquitectura de Gaudi. o parque Guell é ali mencionado como um lugar assombrado e da catedral mal se fala. a obra que destruiu Gaudi. com todos aqueles que ainda hoje não são capazes de lhe reconhecer o génio. por muito piroso que seja eu sou uma adepta ferrenha de Gaudi. e adoro Barcelona! e já agora recomendo também Zafón.

17 fevereiro, 2009

Onde Estará O Meu Amor? - Chico César & Maria Bethânia (clica aqui)

Onde estou eu, onde está você
Estamos cá dentro de nós
Sós...
Se a voz da noite silenciar
Raio de sol vai me levar
Raio de sol vai lhe trazer
Onde estará o meu amor?

Z


As formas, as sombras, a luz que descobre a noite
e um pequeno pássaro

e depois longo tempo eu te perdi de vista
meus braços são dois espaços enormes
os meus olhos são duas garrafas de vento

e depois eu te conheço de novo numa rua isolada
minhas pernas são duas árvores floridas
os meus dedos uma plantação de sargaços

a tua figura era ao que me lembro da cor do jardim.

(António Maria Lisboa)

claro


� engra�ado como as pessoas nos podem surpreender e modificar as nossas atitudes. h� anos que trabalho no mesmo instituto e s� conhecia as telefonistas de as ouvir do outro lado da linha. eram vozes sem cara. n�o era gente sequer. muitas vezes eram as incompetentes que me passavam chamadas s� porque a pessoa que estava do lado de l� falava ingl�s. acontece que mud�mos de edif�cio dentro do instituto e fic�mos muito perto das telefonistas. que agora vejo todos os dias. que afinal s�o gente e at� gente bonita. gente simp�tica que diz um bom dia alegre pela manh�. gente que se engana como toda a gente que trabalha e sobretudo quando se trabalha muito e sob muita press�o. por isso quando hoje me passam uma chamada s� porque do lado de l� algu�m menciona que h� uma senhora que s� fala ingl�s e eu atendo e concluo que o assunto n�o tem nada a ver comigo em vez de retornar a chamada � telefonista encaminho-a directamente para quem de direito. � assim a vida. gente que nos surpreende pela positiva e pela negativa. � disto que � feito o mundo. � com isto que temos que viver. portanto � bom ir tirando li�es. pensarmos mais uma vez antes de desatinarmos. tento cada vez mais p�r-me no lugar do outro. desde que n�o seja o lugar do morto. claro.

16 fevereiro, 2009

Feijoada Completa - Chico Buarque (clica aqui)

Mulher
Não vá se afobar
Não tem que pôr a mesa, nem dá lugar
Ponha os pratos no chão, e o chão tá posto
E prepare as lingüiças pro tiragosto
Uca, açúcar, cumbuca de gelo, limão
E vamos botar água no feijão



Certas palavras


Certas palavras não podem ser ditas
em qualquer lugar e hora qualquer.
Estritamente reservadas
para companheiros de confiança,
devem ser sacralmente pronunciadas
em tom muito especial
lá onde a polícia dos adultos
não adivinha nem alcança.

Entretanto são palavras simples:
definem partes do corpo, movimentos, actos
do viver que só os grandes se permitem
e a nós é defendido por sentença
dos séculos.

E tudo é proibido. Então, falamos.

(Carlos Drummond de Andrade)

fazendo de conta


vamos então fazer de conta que estamos todos bem dispostos e de muito boa saúde. vamos fazer de conta que podemos chegar ao fim do mês com todas as contas pagas sem ter que abdicar de nada essencial. vamos fazer de conta que o José é um tipo porreiro. porreiro mesmo pá. vamos fazer de conta que na AR existe uma oposição digna desse nome. vamos ainda fazer de conta que o maior partido da oposição é liderado por uma mulher especialmente dotada de palavra especialmente dotada de inteligência e especialmente dotada de beleza. peço perdão mas já se sabe que para mim beleza é fundamental. quer queiram quer não é o que penso. doa a quem doer. por muito bom político e capaz que Obama seja se fosse feio e preto não seria o primeiro presidente preto dos USA. felizmente para ele e para quem tem que ver o PR do mais importante país do mundo todos os dias nas notícias é bonito. vamos fazer de conta que somos todos muito felizes... e já agora vou fazer de conta que não estou demasiado cansada e de cara alegre publicar o meu blogue.

15 fevereiro, 2009

A Rita - Chico Buarque (clica aqui)

A Rita matou nosso amor
De vingança
Nem herança deixou
Não levou um tostão
Porque não tinha não
Mas causou perdas e danos
Levou os meus planos
Meus pobres enganos
Os meus vinte anos
O meu coração
E além de tudo
Me deixou mudo
Um violão

Coisas, pequenas coisas


Fazer das coisas fracas um poema.

Uma árvore está quieta,
murcha, desprezada.
Mas se o poeta a levanta pelos cabelos
e lhe sopra os dedos,
ela volta a empertigar-se, renovada.
E tu, que não sabias o segredo,
perdes a vaidade.
Fora de ti há o mundo
e nele há tudo
que em ti não cabe.

Homem, até o barro tem poesia!
Olha as coisas com humildade.

(Fernando Namora)

O Rapaz do Pijama às Riscas


durante a segunda guerra mundial um oficial alemão é destacado para um campo de concentração. perante os filhos de 12 e 8 anos não menciona a palavra concentração. vão viver para o campo e ponto final. o rapazinho de 8 anos começa a achar estranho que toda agente que ele vê naquela quinta ande de pijama às riscas. a irmã mais madura acha natural que os judeus sejam tratados daquela maneira. o pai para ela é o homem mais iluminado mundo. mas Bruno ainda vive num mundo de fantasia. não percebe quando Gretel lhe diz que os judeus são maus e porcos e não sabem fazer nada assim como não entende que o homem de pijama às riscas que trabalha em sua casa tenha sido médico e agora descasque batatas... um dia Bruno aproxima-se das grades do campo e vê do lado de lá um menino. começam a conversar e Shmuel diz-lhe que também tem 8 anos. Bruno vai ter com ele várias vezes e leva-lhe comida. chegam a jogar damas com Shmuel a dar indicações do seu jogo e Bruno a mover as peças por ele. mas um dia encontra Shmuel na sua cozinha e ele diz-lhe que precisavam de alguém com dedos pequenos para limpar uns copos. Bruno mais uma vez oferece-lhe um sandwich. quando o soldado de serviço entra e vê que Shmuel está a comer acusa-o de roubo e embora ele explique o que se passou Bruno acobarda-se e diz que é mentira que nunca o tinha visto e não lhe deu nada. fica muito incomodado com a sua atitude e procura Shmuel para se desculpar. é então que o menino judeu lhe conta que o pai saiu para trabalhar com outros e ninguém voltou. Bruno que partirá no dia seguinte com a mãe (que não aguenta viver perto daquele horror) e a irmã acha que a maneira de compensar o amigo do que lhe fez é ajudá-lo a procurar o pai. planeiam então que no dia seguinte Bruno trará uma pá para escavar a terra o suficiente para passar para dentro do campo. por seu lado Shmuel trará um pijama e um barrete às riscas para o amigo. na hora da partida Bruno pede à mãe para brincar mais uma vez no baloiço e parte em direcção ao campo. tudo corre como planeado. só que nessa mesma noite a camarata é invadida por soldados que os levam para a câmara de gás. quando os pais de Bruno se apercebem que ele fugiu é tarde demais. o filho do brilhante oficial SS que era odiado até pela mãe morreu com dezenas de judeus naquela noite numa câmara de gás! um filme a não perder. pela ternura posta em cada gesto dos dois meninos. e pensar que nunca é demais pôrmo-nos no lugar do outro.

14 fevereiro, 2009

Quand on n'a que l'amour - Jacques Brel (clica aqui)

Quand on n'a que l'amour
Pour habiller matin
Pauvres et malandrins
De manteaux de velours
Quand on n'a que l'amour
A offrir en prière
Pour les maux de la terre
En simple troubadour

À minha mulher


Eu estava morto e vivo agora
Tu pegaste-me na mão

Eu morri cegamente
Tu pegaste-me na mão

Tu viste-me morrer
E encontraste-me a vida

Tu foste a minha vida
Quando eu morri

Tu és a minha vida
E assim eu vivo

(Harold Pinter)

dias para lembrar o quê?


sempre achei que os dias que precisavam de ser lembrados são os que nos fazem recordar assuntos que queremos esquecer. estou a falar de dias como os do não fumador se bem que eu ache que devia agora haver o dia do fumador uma vez que são cada vez mais os que como eu se converteram e deixaram de fumar. continuo a afirmar que não aconselho ninguém a deixar de fumar. daqui a dias faz 3 anos que deixei de fumar e o que não me faltou todo este tempo foram doenças que nunca tinha tido... mas enfim. pode ser que tenha sido apenas uma fase má. isto tudo a propósito do dia dos namorados que é recente em Portugal e que eu não percebo porque é que existe. afinal não é suposto as pessoas que têm parceiros namorarem todos os dias? ou andam à paulada d todo o ano e guardam o dia 14 de Fevereiro para darem umas voltas de mão dada e trocarem umas beijocas? francamente não vejo a necessidade de um dia para lembrar o amor que é uma coisa que foi inventada como uma qualquer religião e em que as pessoas precisam de acreditar para não sucumbir. em tempo de crise dá jeito ao comércio muitos dias assim inventados. sempre vendem mais qualquer coisinha não é?
respondendo ao Filipe direi que não molhei os pés que eu preciso de calor a sério para molhar os pés uma vez que não molho os pés sem mergulhar. não sou mulher de meias medidas. mas o sujeito que está na foto parecia bem confortável lendo o jornal...

13 fevereiro, 2009

Futuros Amantes - Chico Buarque (clica aqui)

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

Labirinto ou alguns lugares de amor


O outono
por assim dizer
pois era verão
forrado de agulhas

a cal
rumorosa
do sol dos cardos

sem outras mãos que lentas barcas
vai-se aproximando a água

a nudez do vidro
a luz
a prumo dos mastros

os prados matinais
os pés
verdes quase

o brilho
das magnólias
apertado nos dentes

uma espécie de tumulto
as unhas
tão fatigadas dos dedos

o bosque abre-se beijo a beijo
e é branco


(Eugénio de Andrade)

eu o bicho do mato


com certeza hoje foi sexta feira 13 para muita gente. eu tenho conhecimento de pelo menos uma... não. não sou eu. para mim foi mais uma sexta feira. talvez um pouco mais atarefada para fazer render um fim de semana que adivinho soalheiro mas em que tenciono fazer umas mudanças informáticas aqui por casa de modo a rentabilizar espaço e tempo. coisas que a gente vai adiando. mas este fim de semana se tiver tempo faço mesmo. mas o que que não posso deixar de fazer é a minha caminhada no paredão. o sol faz-me tanta falta como a água. quando não vejo água fico cheia de sede. quando não vejo sol gelo até aos ossos. agora imaginem o privilégio de ter ambas as coisas em simultâneo. tenho-o dito muitas vezes. sou uma privilegiada porque vivi sempre junto ao mar. os anos que vivi nos Açores até acabaram por se tornar em mar a mais... é que naquela altura se os trabalhadores da TAP faziam greve eu ficava presa na ilha em caso de doença mais complicada. não havia um pediatra digno do nome em S. Miguel. quem fazias as vezes ficava muito a dever aos bebés. e eu entrava em parafuso com 3 pequenos que podiam adoecer a qualquer momento. felizmente só tive que vir uma vez com o mais velho quando ainda era o único a uma consulta de especialidade ao "contenente". foram seis anos de angústia. se me apetece voltar? acho que não. fui muito feliz lá... mas a bem dizer eu tenho sido feliz em todo o lado. até no meio do mato. aí para dizer a verdade é que me sinto em sintonia com a minha natureza.

12 fevereiro, 2009

À Primeira Vista - Daniela Mercury (clica aqui)

Quando não tinha nada, eu quis
Quando tudo era ausência, esperei
Quando tive frio, tremi
Quando tive coragem, liguei...
Quando chegou carta, abri
Quando ouvi Salif Keita, dancei
Quando o olho brilhou, entendi
Quando criei asas, voei...