26 fevereiro, 2009

Filho


Nicolau, menino, entra.
Onde estiveste, Nicolau,
que trazes a arrastar
o teu brinquedo morto?

Nicolau, menino, entra.
Vem dizer-me onde foi que tu estiveste
e a estrela fugiu das tuas mãos.

Tens comigo o teu catre de lona velha.

Deita-te, Nicolau, o fantasma ficou lá longe.
Dorme sem medo.

Porão, roça, medos imediatos,
tudo ficou lá longe.
Quando acordares a jornada será mais longa.

Nicolau, menino,
onde foi que deixaste
o corpo que te conheci?
Deus há-de querer que o sono te venha depressa
no meu catre.

(Oswaldo Alcântara)

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