30 setembro, 2006

Chove!


Chove...
Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?
Chove...
Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.
(José Gomes Ferreira)

E Novas Amizades...


Já aqui disse que gosto muito de alentejanos... Gosto, pronto. E não me venham dizer que são como o resto da malta porque não são. Tenho muitas provas disso. Hoje tive mais uma!
Fui a Pavia. Não conhecia. E vale a pena! Apesar da chuva, Pavia mostrou-se... linda, limpa, arejada e com gente tão linda como ela.
Terei que voltar: chovia imenso e não vi, a sério, nem metado do que entrevi. E já tenho casa onde dormir se for caso disso, embora a viagem se faça em menos de duas horas nas calmas e sem recurso a auto estradas.
Pois é... os alentejanos são assim: convidam-nos para as suas casas, oferecem-nos o que de melhor têm, mostram com orgulho as suas casas...
Ela é de Pavia. Professora do ensino básico em Évora onde vive, tinha o sonho de voltar à terra natal. E com razão, porque é uma belíssima terra e bem precisa de quem a ame como ela o faz. Porque, segundo me contou, há imensas casas abandonadas que não é possível negociar, porque ninguém sabe já a quem pertencem.
A casa que comprou é um corredor com chão em xisto, dois quartos do lado esquerdo, um quarto e casa de banho (obra que ela mandou fazer, uma vez que existe uma casa de banho completa no quintal) do lado direito, cozinha/sala ao fundo. Tudo na casa é genuinamente alentejano e lindo. Até o candeeiro da casa de banho, que se tivesse visto numa loja, teria achado "piroso" é encantador. Tem ainda um quintal com algumas laranjeiras e uma pequena horta e um terraço com um sótão que ainda está por arranjar, mas que, estou certa, ficará um primor como tudo o resto.
É uma mulher encantadora: baixinha, com nada de especialmente belo... mas que se torna belíssima mal se dá a conhecer.
O companheiro é da zona da Costa da Caparica. É um homem belíssimo e faz de tudo um pouco. Desde cozinhar e deixar a cozinha arrumada até trabalhos de bricolage... Desta vez não deu para saber muito dele, (esteve sempre muito ocupado), mas haverá outras vezes concerteza, pois o convite que me fizeram para voltar foi um convite de verdade, genuíno, e eu voltarei com certeza e com muito gosto!
Novas amizades...

Velhas Amizades


Quantas coisas melhores há na vida do que rever amigos? Quantas coisas equivalem à alegria de fazer novos amigos?
Por isso tenho todas as razões do mundo para me sentir uma mulher de sorte. Passei ontem seis horas com uma velha amiga que não via há anos, por estar emigrada no Canadá. Mais do que uma amiga é a minha "tia Lucinda". Uma tia emprestada mas de quem gosto muito. Porquê?. Porque é uma das pessoas mais autenticas que conheci em toda a minha vida.
Não sei se a autenticidade lhe advém do facto de ser analfabeta. Analfabeta sim, não estranhem: de pai e mãe. Nunca conseguiu aprender a ler e a escrever, embora o tenha tentado várias vezes ao longo da vida, e até por insistência minha.
A verdade é que é uma mulher inteligente, que geriu a sua vida com uma capacidade fantástica. Encontra-se sózinha há vários anos: ficou viúva, não tem filhos e a família que vive mais próxima dela, pouco se aproxima. Porque ela gosta de estar só. Ama a solidão. Costuma dizer que somos (eu e ela) muito parecidas. E é verdade... Duas pessoas de origens tão diferentes, com vivências tão diferentes, culturalmente, geograficamente... tão distantes! E no entanto não há fosso que nos separe: nem a diferença de idade (ela tem idade mais do que suficiente para ser minha mãe). Mas reencontrá-la é sempre uma alegria, uma verdadeira festa... Pensa agora deixar o Canadá e voltar para Portugal. Tomara que o faça, pois dessa maneira não terá que gastar "tantas dólares" em telefone".

28 setembro, 2006

A Boca


A boca,
onde o fogo
de um verão
muito antigo
cintila,
a boca espera
(que pode uma boca
esperar
senão outra boca?)
espera
o ardor do vento
para ser ave,
e cantar.
(Eugénio de Andrade)

Em jeito de balanço...


Estive a dar uma olhada ao curto passado deste meu diário de emoções. Os comentadores são quase sempre os mesmos. Sei que há muita gente que passa por aqui. São poucos porém os que se "atrevem" a deixar "impressões digitais". E tenho pena. Porque gosto de "ouvir" o que pensam a respeito do que escrevo ou dos poemas de que gosto e vou publicando, geralmente porque têm a ver com o meu estado de espírito na ocasião.
Não há que pedir desculpa por coisa nenhuma (isto não é uma indirecta, mas uma directa! - ver comentário a "frágil"). Gosto de ler os vossos comentários.(Gostei do poema do oriental e vou procurar saber mais acerca do poeta). Abro aqui uma excepção, porque o meu papel aqui não é comentar os vossos comentários... Gostava que comentassem mais, mas...
Ainda há pouco a falar com um dos meus filhos ao telefone ele me dizia que tem muito que fazer. Os jovens andam numa roda viva... ainda não chegou a altura de perceberem que não adianta grande coisa passar pela vida a correr. Então passarão a andar mais devagar e a saborear cada pedaço... De quanto tempo precisas para ler o que escrevo diariamente, filho?
Aqui há uns tempos um jovem amigo senegalês dizia que eu escrevia coisas muito extensas e que assim, ele não tinha tempo para ler... tenho pena, mas ainda não aprendi a resumir a vida. E acho que não estou interessada em aprender... pode ser que um dia mude de ideias, mas por enquanto é assim mesmo... o meu tempo é quando.

27 setembro, 2006

O Bicho


Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira)

Venezuela Portuguesa da Silva


é o nome de uma luso descendente venezuelana que vai concorrer às eleições presidenciais contra Hugo Chavez.
Até aqui, tudo bem. Não é inédito uma mulher a concorrer às presidenciais em países da América do Sul... e fica bem. Ficaria melhor até se ganhasse e pudesse fazer alguma coisa pelo país.
O que me está a dar engulhos, é o nome da senhora, escolhido pelo pai como homenagem ao país de acolhimento e Portugal para que ela não esquecesse as origens... desculpa original, não é? Mais: ela tem orgulho no nome. O que, embora não prove mais nada, prova sobejamente que tem um mau gosto dos "diablos" como diria o Chavez.
Como é possível sobreviver (52 anos!), com este nome? Não deveria haver uma multa para gente que é capaz de fazer uma maldade destas? Se eu mandasse não permitiria que um nome destes fosse posto a uma criança em qualquer lugar do mundo.
Será que os venezuelanos acham normal uma pessoa com um nome destes? Será que confiarão em alguém com este nome para a presidência do seu país? Já imaginaram a senhora PR Venezuela Portuguesa da Silva no encontro dos países não alinhados, a ser nomeada para discursar?
Ninguém merece, caramba!

26 setembro, 2006

Tenham uma boa noite


O dia começou bem, com uma greve dos trabalhadores do metro de Lisboa, que me obrigou a andar à superfície da cidade, coisa que geralmente só faço de noite e conduzindo o meu próprio carro, o que não me permite dar tanta atenção à cidade como hoje...
Sempre estive convicta de que em tudo há um lado bom. E o lado bom da greve do metro foi o de me permitir iniciar um dia com muita luz e muito sol, observando a cidade e sobretudo as pessoas.
A cidade, está assim a modos que parecida com um estaleiro. O Terreiro do Paço parece continuar a meter água, devido às obras do metro. Qualquer dia deixamos de falar em obras de santa engrácia e passamos a falar em obras do metro no terreiro do paço. Mas enfim... a cidade é uma mulher e como tal terá que sofrer ainda muito se quiser mostrar-se bela.
E por falar em mulheres... é interessante observar o vestuário nesta época do ano. Hoje estava calor e, no entanto vi muitas mulheres calçadas com sapatos de Inverno ou mesmo de botas... o que denuncia que ainda há muita gente que segue à risca o calendário e não a meteorolgia... isto poderá trazer algum mal estar ao longo dos anos, se insistirem nesta atitude, porque a maior invenção do século, o tão falado aquecimento global (que de facto não existe, senão o senhor Bush já o teria reconhecido, e não só não o fez, como se recusa a colaborar para a melhoria efectiva da situação), vai progredindo a olhos vistos todos os anos.
De resto, há já uns anos que a minha atitude perante este problema é resolvida do mesmo modo que o da alimentação (refiro-me a todos os alimentos que nos impingem como maus ou muito bons): é preciso variar! (quis empregar aqui o presente "vario" mas parece-me que não existe... pelo menos não me soa!)
Assim, deixei de ter um guarda roupa de verão e outro de inverno e passei a ter um guarda roupa misto. Assim, basta-me consultar um qualquer site de meteorologia para saber o que vou vestir no dia seguinte.
Hoje vinha falar de violência mas francamente sinto-me tão bem que não me apetece nada falar de coisas tristes...
Tenham uma boa noite.

Dá-me Lume


(a um deus desconhecido e à "maçã de junho")
Chegaste com três vinténs
E o ar de quem não tem
Muito mais a perder
O vinho não era bom
A banda não tinha tom
Mas tu fizeste a noite apetecer
Mandaste a minha solidão embora
Iluminaste o pavilhão da aurora
Com o teu passo inseguro
E o paraíso no teu olhar
Eu fiquei louco por ti
Logo rejuvenesci
Não podia falhar
Dispondo a meu favor
Da eloquência do amor
Ali mesmo à mão de semear
Mostrei-te a origem do bem e o reverso
Provei-te que o que conta no universo
É esse passo inseguro
E o paraíso no teu olhar
Dá-me lume, dá-me lume
Deixa o teu fogo envolver-me
Até a música acabar
Dá-me lume, não deixes o frio entrar
Faz os teus braços fechar-me as asas
Há tanto tempo a acenar
Eu tinha o espírito aberto
Às vezes andei perto
Da essência do amor
Porém no meio dos colchões
No meio dos trambolhões
A situação era cada vez pior
Tu despertaste em mim um ser mais leve
E eu sei que essencialmente isso se deve
A esse passo inseguro
E ao paraíso no teu olhar
Dá-me lume, dá-me lume
Deixa o teu fogo envolver-me
Até a música acabar
Dá-me lume, não deixes o frio entrar
Faz os teus braços fechar-me as asas
Há tanto tempo a acenar
Se eu fosse compositor
Compunha em teu louvor
Um hino triunfal
Se eu fosse crítico de arte
Havia de declarar-te
Obra-prima à escala mundial
Mas eu não passo dum homem vulgar
Que tem a sorte de saborear
Esse teu passo inseguro
E o paraíso no teu olhar
(Jorge Palma)

25 setembro, 2006

A Colherzinha


Era uma vez um amor de talher
Bem arrumadinho num gavetão
Uma colherzinha pequena de prata
E um garfo lindo antigo de latão
Só de longe é que se olhavam
Nunca, nunca se encontravam
Só desarrumados
É que eles se tocavam
Assim foi, durante muito tempo
Até que o garfinho tão velho ficou
Que o deitaram fora
Ninguém se ralou
E a história triste quase chorou...
Era uma vez um amor de talher
Mal arrumadinho num gavetão
Só que a linda colherzinha
Que era esperta e pequenina
Tinha-se escondido escondidinha
Atrás dele...
E finalmente longe de toda a gente...
A sós
O beijou.
(Nuno Rodrigues)

O meu espanta espíritos


Nem sempre os acontecimentos se sucedem como gostaríamos... Por mais que nos esforcemos por isso, não somos senão simples humanos.
A vida tem-me pregado algumas partidas a que eu vou reagindo como posso, como qualquer mortal. Acordei hoje com vontade de superar o que me aflige, mas a manhã passou-se mal e só não me desfiz em choro, porque sou de riso fácil e choro difícil... ainda assim, uma lagrimita que caiu, talvez me tenha ajudado.
Encontrei uma amiga à hora do almoço e à tradicional pergunta "está tudo bem contigo", em vez da tradicional resposta "sim, está tudo bem" respondi "não, estou com problemas". Ela abriu o sorriso e disse-me "vais superar como sempre, és uma mulher muito forte".
A resposta não me convenceu. Na verdade não sou mais forte do que ninguém. Às vezes até me sinto a mais frágil das criaturas.
No entanto há pequenos gestos que fazem milagres. E a atenção especial de um colega que se apercebeu de que eu não estava bem, fez o milagre.
Daí a pouco eu estava a fazer trabalho de bricolage, que me exigiu alguma força e aí a energia despendida foi o golpe de misericórdia no sentimento de "irremediavelmente perdida" que estava a dar cabo de mim, que sou por natureza uma pessoa alegre e bem disposta.
Sou uma pessoa de sorte. Tenho amigos de verdade. Amigos que me dão força, que me enviam emails, sms ou telefonam quando me pressentem triste. Tenho filhos que me conhecem melhor que eu mesma, e mesmo a quilómetros de distância me entram no coração como flechas de alegria...
Sou uma mulher de muita sorte. Por isso não liguem às minhas lamúrias aqui no blog. Isto para mim funciona também como uma espécie de espanta espíritos... maus claro. Porque os bons, que são vocês, guardo no meu coração com toda a ternura de que ainda sou capaz!

24 setembro, 2006

A Gente Vai Continuar

(E. Aleixo, é também por eles que temos que continuar... mas sobretudo por nós!)

Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

(Jorge Palma)

Frágil


(tenho saudades, pá)
Põe-me o braço no ombro
Eu preciso de alguém
Dou-me
com toda a gente
E não me dou a ninguém
Frágil
Sinto-me frágil
Faz-me um sinal qualquer
Se me vires falar de mais
Eu às vezes embarco
Em conversas banais
Frágil
Eu sinto-me frágil
Frágil
Esta noite estou tão frágil
Frágil
Já nem consigo ser ágil
Está a saber-me mal
Este whisky de malte
Adorava estar in
Mas estou-me a sentir out
Frágil
Eu sinto-me frágil
Acompanha-me a casa
Já não aguento mais
Deposita na cama
Os meus restos mortais
Frágil
Eu sinto-me frágil
(Jorge Palma)

A nova cruzada do engenheiro.


A semana foi bastante dura e não tive o tempo que costumo para ver telejornais. Assim, qual não foi o meu espanto quando vi uma pequena peça no Eixo do Mal, mostrando o engenheiro José Sócrates, enquanto PM de Portugal e em função oficial (a inauguração de de uma escola no Algarve), a fazer o sinal da cruz.
Não o sabia tão católico engenheiro... pelo que ouvi no programa ninguém sabia, nem mesmo a sua namorada... este homem é uma caixinha de surpresas! Mas daí a vermos o PM de um Estado laico a fazer estas cenas...
Será que quis solidarizar-se com o senhor Ratzinger? Mas que diabo ó engenheiro... logo no Algarve que é a zona do país onde existem mais ateus e agnósticos neste nosso pequeno país, que continua a ser um milagre de Fátima... Cá para mim o gesto foi feito sem pensar... não foi capaz de se manter enquanto PM... está certo!: então se o senhor Ratzinger pode apresentar-se como teólogo numa Universidade alemã porque é que o engenheiro não há-de apresentar-se como católico numa escola algarvia?
Talvez o próximo passo deste governo, seja enviar missionários para evangelizar as gentes algarvias...
Já vi a coisa mais longe!
Novas fronteiras é mesmo aquilo de o nosso país precisa. Reze bastante senhor engenheiro para que o milagre aconteça.

Debussy


Para cá, para lá . . .
Para cá, para lá . . .
Um novelozinho de linha . . .
Para cá, para lá . . .
Para cá, para lá . . .
Oscila no ar pela mão de uma criança
(Vem e vai . . .)
Que delicadamente e quase a adormecer o balança
— Psio . . . —
Para cá, para lá . . .
Para cá e . . .
— O novelozinho caiu.
(Manuel Bandeira)

Cara de Anjo Mau


Os teus olhos são cor de pólvora e o teu cabelo é o rastilho
O teu modo de andar é uma forma eficaz de atrair sarilho
A tua silhueta é um mistério da criação
E sobretudo tens cara de anjo mau
Cara de anjo mau, tu deitas tudo a perder
Basta um olhar teu e o chão começa a ceder
Cara de anjo mau, contigo é fácil cair
Quem te ensinou a ser sempre a última a rir?
Que posso eu fazer ao ver-te acenar a ferida universal?
Que posso eu desejar ao avistar tão delicioso mal?
Que posso eu parecer quando me sinto fora de mim?
Que posso eu tentar senão ir até ao fim?
Cara de anjo mau, tu deitas tudo a perder
Basta um olhar teu e o chão começa a ceder
Cara de anjo mau, contigo é fácil cair
Quem te ensinou a ser sempre a última a rir?
(Jorge Palma)

23 setembro, 2006

Procura-se, vivo ou morto... para quê?


Um jornal regional francês publicou a notícia de que Osama Bin Laden teria morrido em Agosto, vítima de febre tifóide e de falta de cuidados médicos.
Pelos vistos a "fonte" do jornalista é fidedigna e pertence a um organismo ligado a serviços secretos. O PR francês já veio dizer que é preciso abrir um inquérito para apurar como foi possível a "fuga" de informação.
Isto faz-me lembrar qualquer coisa... de que talvez me venha ainda a lembrar... é que há pedidos urgentes do PR em Portugal, que demoram tantos meses a serem cumpridos que eu acabo por me esquecer... afinal o que é que era assim tão urgente para o ex PR de Portugal, que ainda hoje não tem resposta?
Quanto à possibilidade da morte natural de Bin Laden, quem sabe? O facto de Bush se lhe ter referido há poucos dias, como se estivesse vivo, não quer dizer nada... É preciso não esquecer as estranhas circunstancias em que foi "preso" Saddam Hussein e outras estórias igualmente estranhas envolvendo o governo e os seviços secretos dos EUA.
E depois parece que já todos percebemos, que o facto de Bin Laden estar vivo ou morto não é assim tão importante. A vida continua. E os ataques terroristas também. Com ou sem Bin Laden!

Por mim...


Chegou hoje, passados poucos minutos da 5 horas da manhã. Segundo o calendário, ficará por 3 meses, até que chegue o equinócio do Inverno. É claro que estou a falar da chegada do Outono que, de resto, já se vinha fazendo anunciar desde o início de Setembro. É verdade que as temperaturas estão mais ou menos aceitaveis mas o ar é diferente. É de Outono!
Os dias ficarão cada vez mais pequenos. Passo a sair de casa de noite e a entrar de noite.
Não é que eu não goste da noite. Mas o dia dá-me tanto geito! Há tanta coisa para fazer e com os dias mais curtos a coisa complica-se.
Há gostos para tudo e para todos, felizmente. Ao contrário de mim, há imensa gente que gosta de dias curtos... deve ser para terem mais um pretexto para fazerem menos do que já fazem... a desculpa mais usual é a de que "não tenho tempo"!
Muita gente que conheço, gasta imenso tempo a dormir. Passam os fins de semana a dormir. Não estou aqui a criticar ninguém. Eu própria devia dormir mais um pouco todos os dias, porque já atingi um déficit tão alto, que creio não conseguirei recuperar jamais... Dormir é necessário e saudável. Mas como tudo na vida há que encontrar o equilíbrio. E é bom que as pessoas arranjem tempo para as coisas de que gostam. É bom termos tempo para nós mesmos... porque pelo caminho que isto leva, quando chegarmos à idade da reforma, o que vamos precisar mesmo é de dormir o pouco tempo que nos restar de vida!
Por isso, por mim decretava o fim do Outono e do Inverno e ficava apenas com a Primavera e o Verão. E faria com que chovesse o suficiente o ano todo. E proibiria os incêndios. E faria praia o ano inteiro! Não me limitaria a espreitar o mar da janela no Outono ou no Inverno... se bem que isto não seja verdade para mim, é para muita gente que não tem a sorte de poder estar perto do mar o ano inteiro... e de ir à praia o ano inteiro, nem que seja apenas para caminhar, fotografar e amar...
Se eu mandasse... Ainda bem que não mando, não é?

A Tua Presença


Eu já nada sinto
e afinal
eu gosto de não sentir nada
sozinho na calma das horas passadas
tão só numa outra quietude
num sossego tão só sossegado
e esquecido
eu me esqueça de mim
aos bocados
adormece-me um sono dormente
que aos poucos se apaga
um sonho qualquer
mas não me acordes
não mexas
não me embales sequer
eu quero estar mesmo como eu estou
quietamente
ausente
assim
a viagem que eu não vou
nunca chega até ao fim
é longe
longe tão longe
que de repente tu chegas
tu brilhas e luzes
na cor das laranjas
tu coras e tinges
a mancha da marca
na alma da luz
da sombra que finges
e tu já não me largas
saudade
tu queres-me tanto
e se eu lembro
tu mexes comigo
tu andas cá dentro
à volta do meu coração
no meu pensamento
também
e por mais que eu não queira
tu queres-me bem
e desdobras os mundos em cores
e levas-me pela tua mão
cativando o meu corpo
a minha alma
a razão
só a tua presença
é que me inquieta
aquela outra ausência
dói
como um passado projecta
aquele futuro que se foi
p'ra longe
longe
tão longe
que nunca se acaba
esta inquietação
se evitas momentos
já quase finais
e ficas comigo
ainda e sempre
um pouco mais
tu nunca me deixas
saudade
tu nunca me deixas
(Fausto)

22 setembro, 2006

Belo Belo


Belo belo minha bela
Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto
Quero quero
Quero a solidão dos píncaros
A água da fonte escondida
A rosa que floresceu
Sobre a escarpa inacessível
A luz da primeira estrela
Piscando no lusco-fusco
Quero quero
Quero dar a volta ao mundo
Só num navio de vela
Quero rever Pernambuco
Quero ver Bagdá e Cusco
Quero quero
Quero o moreno de Estela
Quero a brancura de Elisa
Quero a saliva de Bela
Quero as sardas de Adalgisa
Quero quero tanta coisa
Belo belo
Mas basta de lero-lero
Vida noves fora zero.
(Manuel Bandeira)

Obrigada a todas as princesas e príncipes do meu mundo


Ser princesa não está fácil. Princesa e boneca agrava mais a situação. Manter o sorriso franco continua a ser mais fácil. Cantar ajuda a espantar a dor...
Todos nós criamos uma imagem ou simplesmente os outros criam uma imagem de nós. É evidente que ter a noção de que temos uma imagem simpática ajuda a viver. Mas obriga-nos a manter uma atitude que muitas vezes não nos apetece. Porque a cabeça está cheia de problemas e o coração está cansado de tantas emoções, mágoas, tristezas...
Dar uma mão a quem está próximo pode ajudar... É mais ou menos como as esmolas. As pessoas dão esmolas para se sentirem bem consigo mesmas. Muitas vezes fazemos muito pelos outros para nos podermos sentirmos bem connosco.
Isto para dizer que é agradável ser chamada de princesa logo de manhã, quando nos dão os bons dias. Hão-de concordar que quando me dizem "bom dia, princesa", a minha "obrigação" de ser amável, sorridente, simpática é muito maior do que quando me dizem "bom dia minha senhora" ou coisa que o valha.
E se ser princesa não está realmente fácil, confesso que ser senhora estaria concerteza muito mais difícil!
Por isso o meu muito obrigada a todas(os) que me dão os bons dias, chamando-me princesa. E também àquela que mos dá chamando-me "boneca", se bem que não me agrade muito o facto de pensar que alguém me ache uma "coisa" e não uma pessoa... mas sei que a intenção dela é a melhor do mundo. Portanto, o meu muito obrigada a todas(os) que me ajudaram a passar esta semana tão difícil, mesmo sem saberem que o estavam a fazer...

21 setembro, 2006

A Rita


(ainda hás-de deixar mudos muitos violões...)
A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela
Meu assunto
Levou junto com ela
O que me é de direito
E Arrancou-me do peito
E tem mais
Levou seu retrato, seu trapo, seu prato
Que papel!
Uma imagem de são Francisco
E um bom disco de Noel
A Rita matou nosso amor
De vingança
Nem herança deixou
Não levou um tostão
Porque não tinha não
Mas causou perdas e danos
Levou os meus planos
Meus pobres enganos
Os meus vinte anos
O meu coração
E além de tudo
Me deixou mudo
O violão
(Chico Buarque)

Só não esqueças...



(para a Rita, com amor)
A vida não é fácil. Sabes disso muito bem. A tua mãe dizia muitas vezes "devíamos nascer de geração espontânea" e eu concordava com ela.
Estávamos cansadas: de lutar, de acordar dia após dia para o mesmo!
Viver, muitas vezes, cansa! Começa-se a lutar muito cedo por um lugar ao sol ou simplesmente pelo pão do dia a dia. E quando uma de nós falava da geração espontânea era apenas porque estávamos exaustas de dar murros em pontas de faca. Não era por falta de amor. Era apenas falta de paciência. Ninguém é herói ou deus. Todos temos os nossos defeitos e qualidades. E sobretudo: limites. Aprendemos a conhecer os nossos limites ao longo da vida.
Não há santos nem demónios. Tu nunca foste demónio, mas também nunca serás santa. Não estás a ser castigada por coisa nenhuma que tenhas feito. Acredita em mim. Porque te amo. Como amo as tuas irmãs, os seus filhos e os meus.
Sei que te sentes só. Sei o que a solidão faz da nossa vida. Sei o que custa aprender a viver com a solidão. Como sei, meu amor! Mas nesta vida é preciso aprender... sempre... todos os dias. E não há nada que não se possa aprender. Eu aprendi a gostar de estar só e é como me sinto melhor. É muito bom estar com a família e com os amigos... mas é tão bom regressar à solidão! E a única solidão que não se suporta é aquela em que estamos acompanhados. Essa sim...foge dela. Sempre. Não te deixes apanhar pela teia do comodismo.
Ama o mais que puderes, porque se um dia deixares de amar terás sempre gratas recordações dos amores que passaram pela tua vida.
Entrega-te a todos os amores como se cada um deles, fosse o primeiro, o único, o último. Só assim o amor vale a pena. Meias tintas não são para ti. Meias tintas não são para mim. Quem sai aos seus...
Só não esqueças que te amamos... nós: a tua família e os teus amigos. Um abraço bem apertado.

20 setembro, 2006

Teresa


A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna
Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)
Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.
(Manuel Bandeira)

19 setembro, 2006

Balada da Louca


(aos que não me deixaram sózinha a olhar o céu)
Dizem que sou louca
Por pensar assim
Se eu sou muito louca
Por eu ser feliz
Mais louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Se eles são bonitos
Eu sou a Sharon Stone
Se eles são famosos
I''m a Rolling Stone
Mais louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser um normal
Se eu posso pensar
Que Deus sou eu
Se eles têm três carros
Eu posso voar
Se eles rezam muito, eu sou santa
Eu já estou no céu
Mais louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser um normal
Se eu posso pensar
Que Deus sou eu
Sim, sou muito louca
Não vou me curar
Já não sou a única
Que encontrou a paz
Mais louco é quem me diz
E não é feliz
Eu sou feliz !
(Arnaldo Antunes/Rita Lee)

Caldeiradas!


Na Hungria o povo saiu à rua porque foi divulgado um vídeo em que o primeiro ministro lá do burgo, diz ter mentido sobre a situação económica do país, para vencer as eleições. Vi um pouquinho do vídeo e o homem até admite que seria impossível fazer mais disparates, politicamente falando, do que os que fez. Não cheguei a perceber em que circunstâncias foi feito o dito filme, mas lá que o homem parece totalmente empenhado em se auto retractar, lá isso parece...
O povo saiu à rua e a baderna começou como é costume nestes casos. Há sempre um número consideravel de arruaceiros que até lambe os beiços por uma situação como esta! O tal senhor que é primeiro ministro (ainda, e pelos vistos não tem qualquer intenção de se demitir), vem dizer ao povo que foi mal interpretado. Está a pegar a moda das más interpretações pelos vistos. Não comecem já a pensar para aí coisas que não devem: eu não sou tão ruim assim, e o que tinha que dizer acerca do outro senhor já disse e não escondi nada na manga.
Mas lá que há modas que pegam com uma facilidade danada, lá isso há! Só dois exemplos mais recentes: as opas e as providências cautelares. É um ver se te avias... a ver se os nossos designers descobrem o segredo para se lançarem verdadeiramente no Mundo da Moda!
Bem... tudo isto só para dizer que afinal Portugal não está sózinho na Europa no que diz respeito a políticos que tudo fazem para chegar ao poleiro e que não o largam por nada deste mundo. O PM da Hungria não se quer demitir, mas estou convencida que Budapeste há-de ter a força suficiente para o pôr no seu devido lugar.
Em Oeiras o senhor Isaltino é suspeito de crimes relacionados com a sua gestão autárquica e também não quer sair, nem por nada... talvez se lhe inventassem de novo o ministério das cidades (ou era secretaria de estado? peço desculpa mas realmente era tão necessário que eu nem sei bem o que era...). Caldeiradas é o que é!

O Meu Guri

( para todos os meninos do mundo, com amor)
Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar
Como fui levando, não sei lhe explicar
Fui assim levando ele a me levar
E na sua meninice ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí
Olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega
Chega suado e veloz do batente
E traz sempre um presente pra me encabular
Tanta corrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar
Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Chave, caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega
Chega no morro com o carregamento
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar cá no alto
Essa onda de assaltos tá um horror
Eu consolo ele, ele me consola
Boto ele no colo pra ele me ninar
De repente acordo, olho pro lado
E o danado já foi trabalhar, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega
Chega estampado, manchete, retrato
Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente, seu moço?
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato, acho que tá rindo
Acho que tá lindo de papo pro ar
Desde o começo, eu não disse, seu moço
Ele disse que chegava lá
Olha aí, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
(Chico Buarque)

18 setembro, 2006

A Moça do Sonho

(aos sonhos)
Súbito me encantou
A moça em contraluz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Soprei seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó
Por encanto voltou
Cantando a meia voz
Súbito perguntei: quem és?
Mas oscilou a luz
Fugia devagar de mim
E quando a segurei, gemeu
O seu vestido se partiu
E o rosto já não era o seu
Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite
Sonhasse comigo
Talvez
Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais
(Chico Buarque/Edu Lobo)

Alumbramento


Deve ser bem morna
Deve ser maternal
Sentar no colchão
E sorrir, e zangar
Tapear tua mão
Isso sim, isso não
Deve ser bem louca
Deve ser animal
Hálito de gim
Vai fingir, vai gemer
E dizer:
Ai de mim!
E de repente deve ter
Um engenho, um poder
Que é pro menino fraquejar
Alucinar, derreter
Deve estar com pressa
E partir, e deixar
Cica de caju
No olhar do guri
Por aí
Deve ser

(Djavan/Chico Buarque)

Não peça desculpa senhor Ratzinger!


Esta estória do Papa e do Islão já foi longe demais... e não está nem perto de ter um fim. Sou ateia e agnóstica, portanto insuspeita a nível religioso. Respeito todas as crenças. Cá por mim até podem acreditar em bruxas e no Pai Natal... tanto se me dá. Se isso lhes dá a segurança de que necessitam no dia a dia, força!
Toda a vida tenho acreditado que o mundo, o futuro, a vida, estão nas nossas mãos. Mas o que é que se passa com a humanidade hoje? Parece-me que as pessoas estão a ficar loucas e qualquer dia acordamos num manicómio, onde termos que fingir ser igualmente loucos para escapar com alguma sanidade mental.
O Papa (por quem não tenho qualquer tipo de admiração, diga-se de passagem) deu uma aula numa Universidade alemã. Esqueceu-se que era "o Papa" e voltou a ser o professor de filosofia e teologia e citou palavras proferidas contra o "Profeta Maomé" na Idade Média. A coisa foi citada nos jornais, fora do contexto. Esta é em síntese a estória do que se passou.
Logo em seguida foram incendiadas igrejas no mundo islâmico. Só uma, era católica, porque a ignorância é mais que muita e, pelos vistos para estes "vingadores", tudo o que não é mesquita é para destruir, incendiar...
Se eu fosse o Papa preocupava-me seriamente com a segurança do Vaticano. Na Somália assassinaram uma freira católica com mais de 70 anos e que prestava serviço como voluntária num hospital. Esta gente que se serve de pretextos deste tipo para cometer todo o tipo de atrocidades, é capaz de morder a mão que a alimenta. Não estou aqui a acusar a comunidade islâmica em geral. Tenho ouvido muitos muçulmanos a tentar acalmar ânimos, a pôr água na fervura. Mas altos dirigentes religiosos islâmicos, como o Ayatholla Khamenei, líder religioso do Irão, é daqueles que exigem um pedido de desculpas do Papa... mas que gente mais tosca!
O Papa não se devia ter esquecido de quem é e de quem representa. De acordo. É Papa. Já não é professor ou o que quer que seja. Mas que "diabos" (agora é que todas as iras divinas caem sobre mim, e depois digo que é azar!), de que é que o homem tem que pedir desculpa? Já esclareceu que foi mal compreendido, já explicou em que contexto foram preferidas as "malditas palavras", que querem mais? Que peça desculpa pela ignorância de quem não sabe ler? Que peça desculpa porque alguns se servem de qualquer pretexto para atear ainda mais o fogo que já lavra por este mundo? O que querem agora estes incendiários? Que o Papa se ponha de joelhos perante a estupidez, ignorância e maldade? Que vão para o Diabo que os carregue.
Tudo isto já cansa. Acho que fomos demasiado condescendentes com estes loucos. Não os internámos a tempo, agora são eles que nos vão internar. Achámos que eram apenas uns tontinhos... o problema é que a História está cheia de exemplos deste tipo. O carimbo da maldade é rapidamente clonado... é contagiosa a maldade. Cada vez são menos os que conseguem manter-se imunes.
Destruir, ao que dizem, dá uma sensação muito grande de "poder". E são poucas as pessoas que não querem poder algum. São poucas as que querem apenas viver em paz, ganhar o pão nosso de cada dia, sem outras alegrias que as pequenas coisas que podemos inventar no dia a dia para sermos felizes.
Sou pela paz.
Sou pela alegria.
Sou pela irreverência.
Senhor Ratzinger: NÃO PEÇA DESCULPA! Não cometeu nenhum crime! Agora também o querem levar a Tribunal. Mande-os dar uma curva em companhia do Diabo, porque não acredito que o Profeta os vá acompanhar nesta jihad.

As Fronteiras do Amor


Fica então combinado (pro mundo seguir seu caminho)
que só tem importância o que foi pra valer no coração,
e o que tenha ocorrido por tédio
angústia ou assédio, não teve valor,
porque foi só um jeito-sem-jeito
de testar as fronteiras do amor
Fica então combinado que nada que se fez sozinho
foi assim mais real que uma pedra no lago da ilusão:
só desejo de ser desperdício,
um resto de vício nascido da dor
de sentir que era o único jeito
de testar as fronteiras do amor...
Porque o amor tem fronteiras, sim:
as que a gente entender que tem,
como um porto em que se chega
pra depois nunca mais voltar....
Porque o amor é um barco a dois
onde nunca se rema só
e se dorme em pleno mar
esperando o nascer do sol...
Fica então acertado que vale, a partir desse instante,
o que sempre valeu quando a vida era apenas mais real:
arrancadas as ervas amargas
o campo prepara,
sem medo ou rancor
a colheita da flor encantada
que ainda se chama amor.

(Zé Rodrix)

17 setembro, 2006

A Noiva da Cidade


Tutu-Marambá não venha mais cá
Que a mãe da criança te manda matar
''Tutu-Marambá não venha mais cá
Que a mãe da criança te manda matar''
Ai, como essa moça é descuidada
Com a janela escancarada
Quer dormir impunemente
Ou será que a moça lá no alto
Não escuta o sobressalto
Do coração da gente
Ai, quanto descuido o dessa moça
Que papai tá lá na roça
E mamãe foi passear
E todo marmanjo da cidade
Quer entrar
Nos versos da cantiga de ninar
Pra ser um Tutu-Marambá
Ai, como essa moça é distraída
Sabe lá se está vestida
Ou se dorme transparente
Ela sabe muito bem que quando adormece
Está roubando
O sono de outra gente
Ai, quanta maldade a dessa moça
E, que aqui ninguém nos ouça
Ela sabe enfeitiçar
Pois todo malandro da cidade
Quer entrar
Nos sonhos que ela gosta de sonhar
E ser um Tutu-Marambá
Boi, boi, boi, boi da cara preta
Pega essa menina que tem medo de careta''

(Francis Hime/Chico Buarque)