Quantas coisas melhores há na vida do que rever amigos? Quantas coisas equivalem à alegria de fazer novos amigos?
Por isso tenho todas as razões do mundo para me sentir uma mulher de sorte. Passei ontem seis horas com uma velha amiga que não via há anos, por estar emigrada no Canadá. Mais do que uma amiga é a minha "tia Lucinda". Uma tia emprestada mas de quem gosto muito. Porquê?. Porque é uma das pessoas mais autenticas que conheci em toda a minha vida.
Não sei se a autenticidade lhe advém do facto de ser analfabeta. Analfabeta sim, não estranhem: de pai e mãe. Nunca conseguiu aprender a ler e a escrever, embora o tenha tentado várias vezes ao longo da vida, e até por insistência minha.
A verdade é que é uma mulher inteligente, que geriu a sua vida com uma capacidade fantástica. Encontra-se sózinha há vários anos: ficou viúva, não tem filhos e a família que vive mais próxima dela, pouco se aproxima. Porque ela gosta de estar só. Ama a solidão. Costuma dizer que somos (eu e ela) muito parecidas. E é verdade... Duas pessoas de origens tão diferentes, com vivências tão diferentes, culturalmente, geograficamente... tão distantes! E no entanto não há fosso que nos separe: nem a diferença de idade (ela tem idade mais do que suficiente para ser minha mãe). Mas reencontrá-la é sempre uma alegria, uma verdadeira festa... Pensa agora deixar o Canadá e voltar para Portugal. Tomara que o faça, pois dessa maneira não terá que gastar "tantas dólares" em telefone".
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