Um blog do dia a dia, com muitas estórias, alguma poesia, música, fotografia, crítica, comentários... para desabafar, porque sem um grito ninguém segura o rojão!
31 janeiro, 2010
Voar - Xutos e Pontapés (clica aqui)
Infância
e depois e depois...
cinco anos. lembro-me de muitas coisas que me aconteceram com cinco anos. espero que tu meu pequenino e amado pedro também te venhas a lembrar do dia de hoje apesar de não teres ficado satisfeito com a pintura que a palhaça naná te fez convenhamos que tudo o resto foi muito divertido. que bom ter cinco anos e uma casa grande cheia de amigos e uma festa com animadora e karaoke. sabes pedro és um menino com muita sorte porque por esse mundo fora há milhões de meninos de cinco anos que hoje não puderam sequer comer uma refeição decente e tu podes dar-te ao luxo de recusar qualquer refeição. é claro que tu és muito pequenino para perceber e estas conversas são coisas de gente grande que se lembra muitas vezes desses milhões de meninos existentes à face da terra. tu és um menino feliz com uma família grande que te adora e a quem tu retribuis o amor com o teu sorriso ternurento e os teus abraços apertados. és a criança mais ternurenta que conheço e estou muito contente por poderes ter este dia tão feliz. bem sei que te abandonei um bocadinho porque o manel também lá estava e esse é mesmo muito muito pequenino mas tenho a certeza que com tantas actividades e amigos à tua volta nem te apercebeste. o que quero é poder estar contigo para o ano quando fizeres seis anos e depois e depois e depois... beijo meu amor.
30 janeiro, 2010
o melhor do twitter
chicolatras "Amiga, me perdoa, se eu insisto à toa; Mas a vida é boa para quem cantar"
My Baby Just Cares for Me - Jacinta (clica aqui)
Poeminha sobre o trabalho
sei lá
numa aula alguém dizia que há uns anos quando precisava de pedir um ovo à vizinha saía de casa e batia-lhe à porta. agora envia-lhe um sms perguntando se ela tem o dito ovo para lhe emprestar. eu não tenho nenhuma vizinha que me mande sms nem a pedir ovos nem por qualquer outra coisa. na verdade os meus amigos queixam-se muito do facto de não me conseguirem ligar porque eu tenho o telemóvel desligado. na verdade posso passar um fim de semana com o telemóvel desligado. estou-me nas tintas. não gosto de falar por telefone nunca gostei e por isso o aparelho tem um uso tão reduzido que eu não gastei senão quinze euros o ano passado. é uma boa coisa esta dos tarifários livres para quem como eu quase não usa o dito cujo. de resto há outra coisa espantosa em portugal. quase todas as famílias têm várias televisões muitas vezes uma por divisão. se a televisão apresentasse muitos programas imperdíveis eu ainda era capaz de fazer um esforço para compreender assim estou-me nas tintas para os profissionais que quando chegam cá a casa perguntam como se estivessem a falar com uma et mas a senhora só tem mesmo uma televisão. e chega. em contrapartida (não há bela sem senão) tenho três computadores. todos em bom estado de funcionamento. porquê? sei lá. assim se um avaria há sempre outro a funcionar. se a televisão avariar não me faz falta nenhuma.
29 janeiro, 2010
Borboleta - Adriana Calcanhoto (clica aqui)
Tempo livre
Numa tarde de domingo, em Central Park, ou
numa tarde de domingo, em Hyde Park, ou
numa tarde de domingo, no jardim do Luxemburgo, ou
num parque qualquer de uma tarde de domingo
que até pode ser o parque Eduardo VII,
deitas-te na relva com o corpo enrolado
como se fosses uma colher metida no guarda-
napo. A tarde limpa os beiços com esse
guardanapo de flores, que é o teu vestido
de domingo, e deixa-te nua sob o sol frio
do inverno de uma cidade que pode ser
Nova Iorque, Londres, Paris, ou outra qualquer,
como Lisboa. As árvores olham para outro sítio,
com os pássaros distraídos com o sol
que está naquela tarde por engano. E tu,
com os dedos presos na relva húmida, vês
o teu vestido voar, como um guardanapo,
por entre as nuvens brancas de uma tarde
de inverno.
(Nuno Júdice)
e se fosse verdade
não sei porque tiro dias para descansar e não descanso ou melhor sei mas não quero admitir que não sou capaz de ficar o dia inteiro de papo para o ar é apenas uma maneira de dizer que na realidade eu gosto mesmo é de dormir em posição de feto deve ser porque nunca quis crescer mas mesmo assim cresci teve que ser e de qualquer modo o dia esteve tristonho o sol espreitou por entre nuvens negras mas por muito pouco tempo e eu deixei-me ficar por aqui eu bem sei que há muita gente que estranha o facto de eu gostar tanto de estar quieta no meu canto mas a verdade é que eu fico no meu canto mas não quieta dedico-me à bricolage e há tanta coisa para fazer para que me continue a sentir assim feliz e contente entre os meus livros a minha música e por falar em livros acabei de ler "e se fosse verdade..." um romance que não é nada o género de livro que eu gosto de ler mas que teve a virtude de divertir a maior parte do tempo e quando eu esperava divertir-me até ao fim não é que o danadinho decidiu emocionar-me eu que nunca fui desse tipo. e agora estou a ver uma reportagem sobre a amazónia e a jornalista pergunta qual o animal mais perigoso por ali e o entrevistado responde a cobra e eu sei que responderia o homem afinal se bin laden se preocupa com o ambiente porque não eu? a cobra. e se fosse verdade...
28 janeiro, 2010
o melhor do twitter
ondjaki o vento aplacou a montanha, a falésia voltou a cair em adormecimentos, os pássaros que não são diurnos preparavam-se para o recolhimento...
Os amigos
"p´ra mim basta um dia"
enquanto numa das jangadas de pedra do mundo recentemente afectada pela tragédia de um grave tremor de guerra os milagres da sobrevivência se sucedem e infelizmente a maldade dos homens se vai aproveitando numa tentativa de tirar o maior partido possível da desgraça da maioria enquanto há gente que se desdobra para ajudar quem ficou sem nada por cá os dias têm amanhecido frios mas solarengos ainda que às vezes ameacem chuva durante o dia. seja com for o sol aquece-nos e alegra-nos apesar de estarmos fritos com o governo começamos a perceber porque é que no brasil as pessoas são tão alegres. com tanto calor quem não ficará alegre? é muito mais fácil ficar neuratsénico com dias seguidos de céu nublado do que com dias seguidos de sol. eu que estava sedenta de sol apesar do frio que se faz sentir não me apetece ficar fechada o dia inteiro entre quatro paredes a trabalhar sobre papéis que representam vidas difíceis. não me apetece. não o quero fazer. então como resolver esta questão que me deixa entre a espada e a parede. decido esgueirar-me como quem não quer a coisa e arranjar maneira de fabricar um dia útil. porque é só o que me basta. um dia de sol. um dia útil.
27 janeiro, 2010
o melhor do twitter
ondjaki sob a intensa ventania, saiu do Farol carregado de livros e fez a barreira que haveria de proteger e salvar o projecto de árvore...
Outra vida - João Afonso (clica aqui)
Portugal
Avivo no teu rosto o rosto que me deste,
E torno mais real o rosto que te dou.
Mostro aos olhos que não te desfigura
Quem te desfigurou.
Criatura da tua criatura,
Serás sempre o que sou.
E eu sou a liberdade dum perfil
Desenhado no mar.
Ondulo e permaneço.
Cavo, remo, imagino,
E descubro na bruma o meu destino
Que de antemão conheço:
Teimoso aventureiro da ilusão,
Surdo às razões do tempo e da fortuna,
Achar sem nunca achar o que procuro,
Exilado
Na gávea do futuro,
Mais alta ainda do que no passado.
(Miguel Torga)
E torno mais real o rosto que te dou.
Mostro aos olhos que não te desfigura
Quem te desfigurou.
Criatura da tua criatura,
Serás sempre o que sou.
E eu sou a liberdade dum perfil
Desenhado no mar.
Ondulo e permaneço.
Cavo, remo, imagino,
E descubro na bruma o meu destino
Que de antemão conheço:
Teimoso aventureiro da ilusão,
Surdo às razões do tempo e da fortuna,
Achar sem nunca achar o que procuro,
Exilado
Na gávea do futuro,
Mais alta ainda do que no passado.
(Miguel Torga)
que fazer?
no haiti passados quinze dias de um violento tremor de terra ainda aparecem sobreviventes. chamam-lhes milagres. e se há coisa a que se possa chamar é certamente a estes sobreviventes. é evidente que se trata de casos pontuais de gente que ficou em condições que lhes permitiu sobreviver. nem por isso é menos espantoso. e é por isso que eu achei estranho o ambiente hoje à hora do almoço. já me tinha soado que o governo mais uma vez tinha passado a perna nos funcionários públicos e antecipado em 5 anos aquilo que foi acordado no início do primeiro programa do governo socialista de maioria absoluta. já nessa altura o sentimento foi de revolta. afinal estavam a ser invertidas as regras do jogo a meio do mesmo. para gente como eu que está longe de chegar à idade da reforma a coisa não aprece tão grave. mas é realmente mais uma trapaça deste governo. não é coisa que se faça. se existiram negociações se foi alcançado um acordo (e foi o acordo que o governo decidiu) então como é que se antecipa em 5 anos o mesmo acordo? tempos houve em que para selar um acordo bastava a palavra dos negociadores. agora nem com documentos assinados se cumprem acordos. não admira que outros acordos mais alargados como o de kioto por exemplo não sejam respeitados. hoje é mais um daqueles dias que podia ter sido um dia muito feliz para mim. afinal aconteceram-me tantas coisas boas... mas que fazer com a vergonha que sinto de viver num país onde a palavra quer escrita quer falada não tem qualquer valor?
26 janeiro, 2010
o melhor do twitter
ondjaki passados quarenta anos, e resistindo à vontade de manter intacto o lugar, o Faroleiro plantou um embondeiro na lateral do seu Mar...
Sozinho - Caetano Veloso (clica aqui)
Tu e eu meu amor
Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
Nua a mão que segura
outra mão que lhe é dada
nua a suave ternura
na face apaixonada
nua a estrela mais pura
nos olhos da amada
nua a ânsia insegura
de uma boca beijada.
Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
Nu o riso e o prazer
como é nua a sentida
lágrima de não ver
na face dolorida
nu o corpo do ser
na hora prometida
meu amor que ao nascer
nus viemos à vida.
Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
Nua nua a verdade
tão forte no criar
adulta humanidade
nu o querer e o lutar
dia a dia pelo que há-de
os homens libertar
amor que a eternidade
é ser livre e amar.
Tu e eu meu amor
meu amor eu e tu
que o amor meu amor
é o nu contra o nu.
(Manuel da Fonseca)
só
afinal parece que as floreiras se vão manter. pelo que me explicaram, para as retirarem seria necessário apresentar um plano na câmara e isso parece que custa dinheiro. muito dinheiro. só espero que não tapem as floreiras e nos impeçam de plantar os nossos pequenos jardins que o trabalho não tem que ser só papel contas e computadores e o contacto com a terra faz bem. dizem e eu acredito pois desde que me dedico mais às plantas sinto-me muito mais tranquila como se de cada vez que ponho as mãos na terra de cada vez que acaricio uma planta uma árvore uma flor tudo se torna mais fácil. o meu estômago tem-se portado muito melhor e o meu sono tem sido mais tranquilo. bem sei que existe sempre a hipótese de tudo isto não passar de uma mania minha. não há nada como querermos muito acreditar em alguma coisa para que ela aconteça. o meu único problema é que eu só acredito naquilo que vejo e posso tocar. e nada disto tem a ver com são tomé. tem mesmo a ver comigo. só.
25 janeiro, 2010
o melhor do twitter
ondjaki ... Estranhas saudades de Madrid... Y de joaquin sabina... (uma neblina, um cigarro, um café...)...
Forever Young - Joan Baez (clica aqui)
A forma justa
Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
— Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
— Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
fazer o meu trabalho
estou cansada tenho os olhos e a garganta irritados pelo pó de cimento que fui forçada a suportar o dia todo para já não falar do barulho das picaretas a destruírem as floreiras do edifício onde trabalho e a picarem as paredes. se as obras continuarem assim amanhã terei que arranjar maneira de me defender. na verdade era o que eu mais gostava no edifício eram as floreiras. tínhamos mesmo um pequeno jardim ali plantado onde não faltava sequer uma nespereira. Não se ponham a rir. os bonsai estão na moda e eu tenho uma linda laranjeira bonsai aqui em casa carregadinha de frutos. tenho vontade de fechar os olhos e só voltar a acordar quando souber que o edifício está em condições de ser usado. mas sei que isso vai demorar vários meses portanto tento ser realista e descobrir formas de poder continuar a trabalhar e produzir sem que o trabalho dos homens dos andaimes me incomode. bem sei que se pelas quatro da tarde aparecesse algum como o da publicidade da coca cola de há uns anos o dia seria salvo com certeza. infelizmente não existe por ali nenhum modelo coca cola. são apenas bons operários a fazerem o seu trabalho. eu só tenho que fazer o meu.
24 janeiro, 2010
o melhor do twitter
chicolatras "Quando, seu moço; Nasceu meu rebento; Não era o momento; Dele rebentar"
Jay-Z, Rihanna, Bono and The Edge Stranded (Haiti Mon Amour) Live On Hope For Haiti Now (clica aqui)
O amor, um dever e passagem
Fui envenenado pela dor obscura do Futuro.
Eu sabia já que algo se preparava contra o meu corpo.
Agora torço-me de agonia
nos versos deste poema.
Esta é a terra outrora fértil que os meus dedos dilaceram.
Os meus lábios são feitos desta terra,
são lama quente.
Vou partir pelo teu rosto para mais longe.
A minha fome é ter-te olhado
e estar cego. Agora eu sei que te abres para o fogo
do relâmpago.
Tenho a convicção dos temporais.
já não sei nem o que digo nem o que isso importa. Guia
dos meus cabelos rasos, da melancolia,
da vida efémera dos gestos.
Nesse dia fui melhor actor do que a minha sinceridade.
A cesura enerva-me no estômago
Cortei de manhã as pontas dos dedos mas sei já que
elas crescerão de novo a proteger as unhas.
Talvez a vida seja estranha,
talvez a vida seja simples,
talvez a vida seja outra vida.
A linha branca da Beleza é a minha atitude que se transforma.
A violência do sono sobe
sobre o meu conhecimento.
Fui algures um horizonte na secessão das pálpebras.
(Nuno Júdice)
aos sobreviventes
por pouco esquecia-me de passar por aqui. levei o dia todo a trabalhar nesta máquina infernal. passei o dia a escrever e estou cansada... o pior é que tenho a sensação de que tenho muito mais que escrever. esta ideia mirabolante de voltar a estudar depois de velha ainda há-de dar comigo em doida. não dá claro. mas só porque doida já eu sou. lá fora o tempo estava bonito mas não aproximei muito da janela para não ter a tentação de deixar o trabalho e ir passear que bem me apetecia. a vida é dura. dura como uma pedra não é? e o pior é que o fim de semana voou e agora tenho dois dias para acabar isto... não há-de ser nada. depois descanso (digo eu sabendo que não é verdade). fui dando uma olhadela à televisão. passadas quase duas semanas da tragédia no haiti, as imagens continuam a ser chocantes. apesar dos pequenos milagres que ainda acontecem. é assim que lhes chamam não é? a mim parece-me que há gente que nasceu para sobreviver. são aqueles que apesar de tudo e contra todas as probabilidades sobrevivem às partidas que a vida nos prega por muito más que sejam. é este o povo de sobreviventes que há-de mostrar como é possível mudar tudo o que está errado e recomeçar do zero para construir algo que valha a pena.
23 janeiro, 2010
A história de Lilly Brown - Maria Gadu (clica aqui)
Poema enjoadinho
Filhos . . . Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete . . .
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los . . .
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete . . .
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los . . .
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
(Vinicius de Moraes)
um dia útil
um sábado como sábado quer dizer um sábado sem trabalhar a que já não estou muito acostumada. mas como estava muito cansada que bem que soube poder dormir mais um pouco e fazer coisas que todas as mulheres gostam de fazer como ir ao cabeleireiro desenferrujar a língua falar mal ou menos bem de preferência mas também de coisas de nada. ver o cabelo a ficar cada vez mais curto olhar para o chão e pensar como é que é possível ter tanto cabelo cortar tanto e ainda assim ficar com tanto. que conversa de treta balha-me deuje isto é mesmo de quem está com uma preguiça do caraças mas com uma vontade enorme de dizer coisas. e sempre que estou no cabeleireiro lembro-me do luís sepúlveda que gosta de saber das conversas que as suas amigas têm no cabeleireiro. pois é luís falei sobretudo com uma senhora que cresceu com a minha mãe em lisboa na rua da cruz de santa apolónia. e foi uma daquelas conversas non sense porque eu não sabia de quem ela estava a falar não conheci nenhuma das amigas de infância da minha mãe não cresci em lisboa mas lá ia dizendo que sim que enfim tinha uma ideia de ter ouvido falar daquelas pessoas quando afinal no meio daquela conversa toda só sabia mesmo das minhas tias e da minha avó. mas foi assim luís. e depois a meio da tarde o meu neto mais velho apareceu com o meu sobrinho o tempo passa tão depressa e ao mesmo tempo tão devagar e fez-me bem ter uma visita do meu neto por iniciativa dele e saber que está a ficar um adolescente que sabe cuidar de si e apesar de ter sido sempre muito protegido pela família saiu do casulo e mete-se no comboio com a bicicleta e faz-me uma visita. há muito tempo que não tinha um dia tão útil.
21 janeiro, 2010
o melhor do twitter
ondjaki ..... e a maresia saiu, à noite, voando, "vou ser uma andorinha", murmurou...
Cinema - Danni Carlos (clica aqui)
Olhar e sentir
ser feliz
angola é uma democracia. ou era. ou dizia-se que era. ou ou ou. angola é a casa de josé eduardo dos santos que se há-de manter no poder pelo menos por mais 10 anos depois disso se lhe apetecer sempre se pode alterar a constituição que é para isso que ela lá está. que isto de ser uma complicação mexer nas constituições nos países europeus é coisa de gente que gosta de complicar não é? pois então em angola a malta não gosta de burocracia e para além disso já estão acostumados com o josé eduardo para quê eleições só serviria para complicar tudo a unita havia de querer concorrer e depois o josé eduardo podia não ganhar a bem dizer podia até nem concorrer não é? e assim lá vai angola mais africana do que nunca mais cheia de si do que nunca a caminho de tomar conta de portugal por via da filha do presidente que um dia quando estiver trilionária (se é que já não está) e for dona de metade de portugal ( a outra metade já é espanhola ou quase) há-de ser a sucessora do amado pai que tanto tem feito pelo povo angolano que basta olhar para ver como vive bem. a sorte é que os angolanos nunca precisaram de grande coisa para serem felizes.
20 janeiro, 2010
o melhor do twitter
chicolatras "Mas não sê tão ingrata; Não esquece quem te amou; E em tua densa mata; Se perdeu e se encontrou"
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