31 maio, 2006

A vingança dos escorpiões


Há um ano este era para mim um dia de seca!... das grandes. Porque levava o dia todo com a cantilena dos não fumadores "deixa de fumar que isso só te faz mal"... e até evitava ouvir notícias, telejornais, etc., etc., para não me moerem mais ainda.
Fumei durante mais de 30 anos e nunca senti que isso me prejudicasse a saúde, sou sincera. Fumava por gozo, puro gozo! Fumar dava-me um prazer imenso, ajudava-me a concentrar-me no trabalho, fazia-me feliz! É verdade!
Ora bem... então porque é que eu parei de fumar? Passo a explicar:
Não tive qualquer problema de saúde relacionado com o tabagismo, não apanhei nenhum susto, nenhum médico me disse que devia deixar de fumar se quisesse viver uns anitos a mais... se fosse por isso acho que nunca teria deixado de fumar.
Acontece que o nosso muito querido PM de Portugal, o Senhor Engenheiro José Sócrates, preocupa-se com a saúde dos seus compatriotas (só lhe fica bem), e então aumentou o preço do tabaco mais uma vez, e foi logo avisando que era só o início, para dar uma continuação condigna à sua efectiva preocupação.
E foi então que aqui a Maria que anda sempre no mundo da Lua, se apercebeu da maneira escandalosa com que o referido senhor lhe ia à carteira todos os dias, sem qualquer cerimónia!
Então, um belo dia, olhou para o último cigarro do maço que tinha em cima de secretária, e que sabia ter sido o último que conseguira comprar ao preço antigo e perguntou-se "vou continuar a encher o bolso daquele senhor, que não me explica o que faz com o meu dinheiro, (uma vez que a saúde está pela"hora da morte", não se pode mesmo adoecer, há que andar e cara alegre, a fazer de conta que não nos dói nada), ou aprendo a ser feliz sem tabaco e tenho a minha pequena vingança e lixo-o (ao PM claro!).
Pois é, adivinharam: venceu a minha natureza de escorpião e optei pela vingança!
Ao que consta mais uns milhares de escorpiões portugueses decidiram seguir o mesmo caminho.
Por mim, deixo aqui o meu agradecimento ao senhor engenheiro: deixei de fumar como comecei: sem dor, nem arrependimento! E com a secreta esperança de que muito mais escorpiões haverá a seguir as nossas pisadas, para uma vingança mais do que perfeita!
Abaixo o Tabaco!
Abaixo o PM!
Vivam os escorpiões!

30 maio, 2006

Tanto que tenho para vos dizer...



E não me apetece... estou preguiçosa, estou feliz, estou triste, estou melancólica... é verdade!
O que vos posso dizer? Olho a fotografia acima e penso na quantidade de horas que aí namorei... e outras coisas mais que não são para aqui chamadas.
Hoje revi um amigo muito querido... um daqueles amigos que parece estar sempre disponível quando precisamos... sorte a dele que eu não sou abusadora, senão estava sempre a gritar por ele. Um daqueles amigos que nos mima o tempo todo, mesmo que não nos toque: porque se preocupa connosco de verdade, porque só partilha o que é bom, porque não gosta de incomodar ninguém, mas parece adorar ser incomodado.
Não sei se ele lê este "o meu tempo é quando"... não lhe perguntei. Mas se lê, sabe que estou a falar dele e vai lembrar os momentos (MUITOS), bons e felizes que passámos juntos nesta praia.
Ele sabe que eu não sou de grandes efusões... mas acho que não sabe que hoje foi com ele que partilhei um dia muito importante da minha vida. O dia em que concretizei mais um sonho. O meu muito obrigada, para ti.
E o que sinto acerca de tudo isto? Muito simples: tenho o mundo ao contrário!
Tenho tanto para vos dizer... mas como posso continuar se já estou de pernas para o ar?
Façam-me o favor de ser felizes, sim?

29 maio, 2006

De que falamos quando falamos de amor?




Eis um tema para o pessoal se alambazar!
Quanto a mim não falamos de nada quando falamos de amor... é como a religião. Tinha que ser inventado, para que a maioria das pessoas possa sobreviver.
Já sei que sou cínica. Mas a verdade é que o amor não existe. Já discuti este assunto com pelo menos meia dúzia de pessoas que estão de acordo comigo. E olhem que uma dessas pessoas é um alentejano dos quatro costados, o que o habilita a ter superiores opiniões sobre tudo e sobretudo sobre o amor. (gostaram destes trocadilhos?)
É claro que nenhuma destas pessoas tem menos de 40 anos! É claro que todas estas pessoas já foram traídas! É claro que nenhuma destas pessoas acredita em Deus e no Pai Natal! E todos falamos de amor como se acreditássemos... mas no que nós acreditamos é por um lado no companheirismo e por outro no apelo sexual... e a conclusão a que chegamos é que, se o amor existe é porque existem duas pessoas capazes de dar a vida uma pela outra. Capazes de actos heróicos e tresloucados pela outra pessoa. Resumindo: há por aí meia dúzia de doidos que podem dizer que amam com propriedade.
Eu já amei. E só se ama uma vez na vida... o resto são clonagens! Conclusão:
Eu já fiz parte dessa meia dúzia de loucos capazes de tudo por amor! Mas curei-me! Ou melhor: curaram-me!!!!
Para todos vós com açúcar e com afecto...

28 maio, 2006

Praia, mosquitos e terceiro mundo

Está calor. Como eu gosto! Mesmo como eu gosto, caramba!
E fui à praia... às 8.30 já lá estava e não fui a primeira, nem a segunda... quer dizer já havia mais uns tantos maduros (mais maduras que maduros) como eu, a gozar a fresca da manhã.
O médico disse-me que devia apanhar sol nos seios, por via de uns quistos que tenho. E ali estive de mamas ao léu, deitada na toalha, a ouvir música e a ler.
Até que o calor começou a apertar. Então vesti o soutien e fui dar um mergulho. A água estava óptima e eu bem satisfeita, claro!
De regresso à toalha, tirei o soutien e estendi-me ao sol. Comecei a sentir um incómodo: não era exactamente picadas, mas comichão leve. De qualquer maneira bastante incómodo. Quando olhei para o soutien vi que estava preto... os bichos são tão pequeninos que eu não conseguia distinguir se eram mosquitos ou restos de limos!
Fui de novo ao mar. Mas a situação foi piorando... comecei a aperceber-me de que toda a gente estava a ficar incomodada. E desisti da praia: afinal de contas ainda consegui aguentar 2.30h. Acho que não foi mau para uma pessoa tã comichosa como eu. E daqui a nada estou lá caída de novo, com ou sem mosquitos!

Fui levar o meu irmão ao aeroporto. Geralmente não leva bagagem, senão de mão. Ontem decidiu levar a bicicleta, uma vez que o trânsito em Dacar é de loucos. Desmontou a bicicleta toda (duvido que consiga voltar a montá-la, mas isso são outros quinhentos) embalou-a lindamente e resolveu embalar as rodas à parte. Como levava mais uma mala com livros, a bagagem somava três volumes. Ele não sabia que os 46Kg. a que tinha direito, só davam direito a dois volumes. Assim teria que pagar mais 100 euros.
A funcionária do check-in foi simpática e informou que havia um serviço no aeroporto em que se faziam embrulhos, protecção de malas, etc. Que se no tal serviço unissem os dois embrulhos com fita cola, ela aceitava fazer o check-in sem cobrar extras, uma vez que as duas peças se tornariam apenas uma.
Para lá nos dirigimos. Um dos funcionários disse logo que não fazia aquele serviço. O segundo ofereceu-se para o fazer por 20 euros. Eu pensei imediatamente "já cheguei a África". Mas a aflição era grande e o meu irmão concordou em pagar os 20 euros... só que o outro funcionário, que devia ser o "chefe" lá do estaminé, não deixou que o colega ganhasse os 20 euritos.
Desanimados voltámos ao check-in, com a intenção de embarcar apenas a bicicleta. As rodas seguiriam da próxima vez. No check-in encontrava-se um casal, decerto enviado por alguma entidade celestial, que dispunha de um rolo de fita cola, daquela bem larga e ofereceram o que restava do rolo e que era bastante.
Assim, unimos ali mesmo as duas peças, o check-in foi feito sem qualquer pagamento extra, e o outro perdeu 20 euros.
Acabava a coisa por aqui... mas não resisto a dizer que os dois funcionários dos embrulhos, são brasileiros (há coisas que estão na massa do sangue).
E foi assim que senti o dia de ontem como um dia passado num país cada ves~z mais africanizado! Qualquer dia desisto da ideia de me mudar para África. Ela está cada vez mais próxima
de mim, sem que eu mexa para isso uma palha!!!

27 maio, 2006

Mistérios


Todos falam da alma feminina, como se de um mistério se tratasse. Diz-se que as mulheres são incompreensíveis, que dizem o contrário do que querem dizer, que são terríveis e incapazes de ser amigas de verdade, de outras mulheres (de homens muito menos, mas isso é já outra história).
Chico Buarque anda a tentar descobrir a alma feminina desde que se entende por gente... parece que vai acabar os seus dias sem o conseguir!
Eu ando a tentar descobrir a alma masculina, desde que me entendo por gente... a acho que vou acabar os meus dias sem o conseguir!
Mistérios... todos temos! Os homens não nos entendem. Nós não entendemos os homens. Talvez o encanto da relação entre homens e mulheres esteja nesse mistério. Que graça tem, quando o mistério acaba?
Por mim, estou disposta a continuar a minha busca da alma masculina.
Não desistas Chico.
E continua a escrever essas canções maravilhosas. Continua a dar-nos "Atrizes" por muitos anos. E lindo, encantador e misterioso como sempre!
Chico, vou contar-te um segredo: eu também sou voyeure!

26 maio, 2006

E por vezes



E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos e por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
e por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

(David Mourão Ferreira)

Frente a Frente

Nada podeis contra o amor,
contra a cor da folhagem,
contra a carícia da espuma,
contra a luz, nada podeis
Podeis dar-nos a morte,
a mais vil, isso podeis
- e é tão pouco!
(Eugénio de Andrade)

25 maio, 2006

Dia Internacional da Criança Desaparecida

O Rui Pedro é uma das muitas crianças que se fez homem, longe dos pais. Será que foi feito tudo o que era possível para o encontrar? Será que para além dos pais, alguém mais terá a coragem e teimosia necessárias para descobrir o que aconteceu com este menino e com todos os outros que tiveram o mesmo destino?
Poderemos fazer muito pouco por estas crianças... Mas convém pelo menos não esquecer. E criar uma onde de solidariedade em torno delas e das famílias destroçadas.
Que saibam pelo menos que a sua dor não é ignorada!

Anomalias

Nada de anomalias
Quero a vida
Matemática redonda hipócrita

Como convém

Sem passar as manhãs doente a delirar
sonhos de seixos a brincar

(Daniel Filipe)
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Daniel Filipe


Trespasse

Quem tiver sonhos,
guarde-os bem fechados
— com naftalina — num baú inútil.
Por mim abdico desses vãos cuidados.
Deixai-me ser liricamente fútil!
Estou resolvido. Vou abrir falência.
(Bandeira rubra desfraldada ao vento: "Hoje, leilão!")
Liquida-se a existência
— por retirada para o esquecimento...

24 maio, 2006

Um Homem


Luandino Vieira foi distinguido com o prémio Camões.
Já não era sem tempo! Acredito que seja de difícil leitura para a maior parte dos portugueses, que na sua generalidade, só "de per si", já não são dados a grandes leituras.
De difícil leitura porque a linguagem utilizada não é o comum português. É uma mistura de vocabulário kimbundo e português a que eu costumo chamar angolês. São palavras que soam de um modo perfeito, palavras com ritmo, palavras que só podemos ouvir a um angolano. E é com estas palavras que nos conta as estórias simples do dia a dia do seu povo. Será talvez uma das razões porque só agora lhe foi atribuído este prémio. Não é um simples escritor: é um inventor de palavras!
E Luandino é Angolano, embora nascido em Portugal. Porque cresceu em Angola, por ela lutou ao lado dos independentistas, por ela foi preso.
Luandino é um poeta. Luandino é um escritor. Um grande poeta e um grande escritor... Mas Luandino é sobretudo Um Homem.
Um Homem que não verga a espinha. Um Homem que se dá o direito de recusar um prémio mais do que merecido. Lá terá as suas razões! São concerteza as melhores razões, pois são as dele. As razões do Homem.
Parabéns Luandino.

José Luandino Vieira

Sons

A guitarra
é som antepassado

Partiram-se as cordas
esticadas pela vida.

Chorei fado.

Que importa hoje
se o recuso:

o ngoma é o som adivinhado

23 maio, 2006

Elitista, sim senhor!


Sou elitista!
Ninguém me fez tal acusação. Faço-a eu!

Todos nascemos iguais? Uma ova! Somos todos seres originais e únicos: e é por isso que eu sou elitista. Porque não gosto de toda a gente. Não gosto de gente mal educada. Não gosto de gente "sem maneiras". Não gosto de gente "saliente"... a menos que seja gente que se saliente pela positiva.
O género "tuga" causa-me repugnância, nojo, alergias... causa-me erupções na pele. Não gosto dessa gente. Não gosto mesmo. Pronto. Já disse!

Sinto-me envergonhada quando me vejo envolvida com "tugas". Hoje isso aconteceu-me. E eu estou doente! E peço desculpa públicamente a todas as pessoas que tiveram o azar de me ver em tais companhias. Peço desculpa a sério! Se me sair o euromilhões até os indemnizo! Prometo e cumpro... que eu cá não faço parte da classe política. Pois! Elitista sim senhor!

Como se diz nas ilhas: um burro não é gente!

22 maio, 2006

São uns malandros!

Há muitos anos, com governos sucessivos, não se ouve outra coisa que não seja: "O país não se desenvolve porque não há funcionário público que não seja um malandro, pregiçoso e ainda por cima mal educado!"
É verdade meus amigos... é mesmo verdade!
O pior é que não são apenas os funcionários públicos.
Hoje estive 45 minutos à espera que chegasse um funcionário, num stand de automóveis. O incontornável cartaz com o "Volto já", lá estava. E ficou... porque o esperado funcionário não apareceu.
Mais tarde voltei ao mesmo Stand. Bem, desta vez estou com sorte, pensei, está aberto.
Entrei. Observei todos os automóveis em exposição. Abri e fechei viaturas. Ouvia vozes algures... mas ninguém apareceu para tentar vender-me um automóvel!
Ouvi dizer que o negócio vai mal. Acredito. Vai mesmo muito mal... O pior é que não é só na função pública!

21 maio, 2006

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Mar de Setembro

Tudo era claro:
céu, lábios, areias.
O mar estava perto,
fremente de espumas.
Corpos ou ondas:
iam, vinham, iam.
Dóceis, leves, só
alma e brancura.
Felizes, cantam;
Serenos, dormem;
Despertos amam,
exaltam o silêncio.
Tudo era claro,
jovem, alado.
O mar estava perto.
Puríssimo, doirado.

(Eugénio de Andrade)
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Navegar é preciso


Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.

(Pablo Neruda)

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Navegar é preciso


Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.

(Pablo Neruda)

Diga... Dizendo!






Passaram 30 anos…
E foi ontem,
É hoje,
Agora,
Quando…

01.04.2006




Na cidade

Do outro lado da rua
O homem olha-me
Sem me ver…
Sou azul, branca, amarela
Negra, verde…

O homem olha
Por dentro de mim.
Não me vê…

12-10-2005


Maria Eduarda Horta