21 maio, 2006

Mar de Setembro

Tudo era claro:
céu, lábios, areias.
O mar estava perto,
fremente de espumas.
Corpos ou ondas:
iam, vinham, iam.
Dóceis, leves, só
alma e brancura.
Felizes, cantam;
Serenos, dormem;
Despertos amam,
exaltam o silêncio.
Tudo era claro,
jovem, alado.
O mar estava perto.
Puríssimo, doirado.

(Eugénio de Andrade)
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