assim de repente a procuradora percebeu que há pessoas que vivem em bairros sociais a cair aos bocados. indignou-se. percebeu que há pessoas que passam horas em transportes. indignou-se, percebeu que há pessoas que vivem de limpar a porcaria que todos fazemos. indignou-se. a procuradora é uma et. e vive no país das maravilhas. posso dizer à senhora procuradora que durante mais de 30 anos me levantei de madrugada para estar em lisboa a trabalhar às 8 horas da manhã. em casa deixava três crianças que precisavam de cuidados. entrava em casa doze horas depois. para trás ficava um dia de transportes e de trabalho. havia que fazer o jantar dar banho às crianças ajud´-las com os tpc... posso ainda dizer à senhora procuradora que este país está cheio de mulheres com estórias semelhantes. algumas vivem em bairros sociais e outras vivem como eu e a senhora na linha de cascais. neste país e em muitos outros as pessoas vivem assim. há que ganhar o pão nosso de cada dia. é claro que muitos dos nossos emigrantes sobrevivem. e também é claro que os nossos imigrantes sobrevivem. não sei em que mundo vive a senhora procuradora que viveu do jornalismo (ainda vive?) e vem agora indignar-se com as pobres vidas dos emigrantes em portugal. como pensa a senhora procuradora que vivem as pessoas que lhe limpam a casa? e tantas outras que que trabalham para o bem comum? sabe que mais senhora procuradora? a mim o que me indigna é a sua indignação. faça algo de útil com ela e depois venha contar o que fez.
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