26 março, 2007

ONTEM À NOITE SALAZAR

Ontem, à noite, Salazar, ficou banzado quando soube que a gente lusa o tinha considerado o maior português de sempre, num concurso, por voto democrático, palavra que ele sempre abominou, ficou banzado, mas por pouco tempo, foi quando ouviu que Cunhal tinha ficado em 2º lugar, que o velho ditador sucumbiu, não percebeu, voltou a morrer e a descer, como títere, numa peça burlesca, para o fundo da terra, não ouvindo já os comentários que são usuais nestas circunstâncias.
A minha opinião é que o povo, com a sua sabedoria, tendo ouvido durante semanas os intelectuais, os políticos e os analistas, que descreveram os " curricula " das personagens históricas, pensou e disse da sua justiça. Se há pessoas que não gostam, paciência. Não há motivo para dramas: o velho ditador já morreu, já não volta a chatear. O que se deve é pensar nos motivos que há para que esta votação tenha sido o que é. Que fermento existe neste regime democrético, sim, mas injusto, que leva as pessoas a lançarem contra o seu rosto pardacento o sorriso cínico e sério de Salazar?
Cá por mim... até fiquei admirado dos excelentes resultados obtidos por Camões e por Aristides de Sousa Mendes. Pessoa ficou lá muito para trás. Mas são eles que mais me importa. Em sua homenagem o blogue publica poemas dedicados a Pessoa, que, ontem à noite, nem triste, nem alegre, por certo diria: " Mais do que isto é Jesus Cristo/ que não sabia nada de finanças/ nem conta que tivesse biblioteca"; e a Camões, que sabedor das mazelas desta alma lusa, teria saído do estúdio, se fosse no seu tempo, e iria lembrar Dinamene para as margens do Tejo...

Eduardo Aleixo

1 comentário:

Maria Eduarda disse...

Para mim o vencedor da noite, de todas as noites e dias é juntamente com Oskar Schindler e outros que se atreveram, que se atrevem diariamente a salvar vidas, pondo em risco as suas próprias vidas e famílias, Aristides Sousa Pereira. Um homem de quem raramente se fala, e não se percebe porquê. Temos assim tantos motivos de orgulho no nosso pequeno país, que possamos esquecer um verdadeiro cidadão do mundo como Arístides? Será que daqui a 50 anos se fará um novo concurso deste género? Será que nessa altura o nome Fernando Nobre estará entre os 10 primeiros? Eu gostaria que sim. O resto é política, é história é literatura. São coisas que aprecio e de que gosto, mas o que conta verdadeiramente é O HOMEM.