Baltazar Garzón, o mais que mediático juiz espanhol que se atreve a enfrentar corruptos e terroristas e criminosos de guerra, de onde quer que eles sejam, veio a Portugal e disse que a prevenção contra a corrupção começa nas escolas. Com o devido respeito, meritíssimo, aqui, não estou de acordo consigo. E com muita pena minha porque o admiro profundamente, como admiro todos os homens e mulheres que têm a coragem de deixar o sofá e de lutar por aquilo em que acreditam. Como o senhor, acredito que a luta contra a corrupção não pode ter tréguas. Mas como começar nas escolas?
Os professores não têm tempo nem para dar os programas decentemente quanto mais para educar os alunos... aliás, eles não conseguem dar aulas a alunos que não recebem educação aonde deviam: em casa. É aí que tudo começa: no seio da família. Aí é que a criança tem que ser ensinada a distinguir o bem do mal. Se uma criança for ensinada a não se deixar corromper, nunca será corruptora nem corruptível. Para isso é preciso que perceba a diferença entre o bem e o mal. Como é que um professor pode ensinar o que quer que seja a crianças que sabem que se baterem no professor têm os pais do seu lado?
Em Portugal não estamos a falar da educação que há em Espanha. Em Portugal há muito que os meninos deixaram de usar uniforme escolar, porque é "antipedagógico". Em Portugal os pais não têm tempo para estar com os filhos, para conversar com eles... estão ocupados o tempo todo a ganhar dinheiro para lhes comprarem tudo aquilo a que eles se julgam com direito. Os pais em Portugal não estão ralados com dar amor. Não estão preocupados com educar. Se for preciso trabalham 14 horas por dia para que os meninos possam estar em colégios que façam deles prodígios de ganhar dinheiro no futuro. São país facilmente corrompidos pela vertigem do dinheiro. Não têm tempo nem moral para ensinar os filhos que a corrupção é uma coisa que pertence ao lado do mal. E que tão mau é quem tenta comprar alguém, como aquele que se deixa comprar!
Não sei como se pode combater a corrupção. Mas acredito que há gente em Portugal, que sabe e que está disposta a ganhar esta causa. Uma dessas pessoas é uma grande mulher, de pequena estatura, mas, tal como os homens, as mulheres também não se medem aos palmos. Chama-se Maria José Morgado e tem a fibra, a garra e a vontade necessárias para vencer este combate. Assim lhe dêem os meios necessários!
2 comentários:
Estou de acordo contigo, embora em Espanha também haja problemas, muitos deles de ordem civilizacional, próprios de um período de transição, que é aquele em que vivemos.
Concordo convosco!
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