Pelo terceiro dia consecutivo, os libaneses tentam regressar aos seus lares. Melhor: regressam àquilo que costumavam chamar de "lares" e que agora não passa de um monte de escombros. Durante 1 mês viveram uma guerra, que não é a primeira. Alguns já se acostumaram e não sairam das suas cidades. A gente habitua-se a tudo.
Também eu vivi uma guerra e recordo perfeitamente o medo que sentia quando não ouvia tiros. Era a excepção! Noite sem tiros era noite de insónia! Felizmente para mim, eram pouco frequentes as noites de silêncio. E eu podia dormir sossegada quase todas as noites.
Habituamo-nos a tudo... até ao medo! E o que os outros chamam coragem nós sabemos que é apenas medo. Quem viveu uma guerra do lado civil sabe do que estou a falar.
Estes regressos ao nada, fazem-me pensar na vida que muita gente leva, tentando amealhar, comprando, comprando, comprando... Bens. Muitos Bens. Uns essenciais (pouquíssimos) e outros para o respectivo fogo de vista. Quantas daquelas pessoas trabalharam uma vida inteira para a verem agora destruída, em escombros?
Eu sei o que isso custa. Vi um amigo do meu pai enlouquecer e ser metido numa camisa de forças, depois de ter visto tudo o que construíra, por terra! Nem todos somos heróis... ele morreu de desgosto.
As pessoas não são iguais. O que é essencial para uns, para outros não vale nada. Os sonhos de cada um de nós são diferentes. Mas mais vale sonhar com coisas que ninguuém, nenhuma guerra, nos poderá tirar!
Por isso faço questão de viver neste meu tempo, que é quando acontece, um segundo depois do outro, sem outro sonho, que não seja o de ser feliz, trocando sempre que posso, as voltas ao azar e fazendo dele... sorte!
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