Tentou contra a existência
Num humilde barracão.
Joana de tal, por causa de um tal João.
Depois de medicada,
Retirou-se pro seu lar.
Aí a notícia carece de exatidão,
O lar não mais existe
Ninguém volta ao que acabou
Joana é mais uma mulata triste que errou.
Errou na dose
Errou no amor
Joana errou de João
Ninguém notou
Ninguém morou na dor que era o seu mal
A dor da gente não sai no jornal.
Num humilde barracão.
Joana de tal, por causa de um tal João.
Depois de medicada,
Retirou-se pro seu lar.
Aí a notícia carece de exatidão,
O lar não mais existe
Ninguém volta ao que acabou
Joana é mais uma mulata triste que errou.
Errou na dose
Errou no amor
Joana errou de João
Ninguém notou
Ninguém morou na dor que era o seu mal
A dor da gente não sai no jornal.
(Chico Buarque)
2 comentários:
Este poema faz-me lembrar outro de Manuel Bandeira, com o mesmo título: " João Gostoso era carregador de feira livre/ E morava no Morro da Babilónia/Num barracão sem número./Uma noite ele chegou ao Bar Vinte de Novembro/Bebeu/Cantou/Dançou/Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas /E morreu afogado.
Estou certo que o Chico Buarque foi influenciado por este poema para escrever o dele.
Eduardo
Falando em Manuel Bandeira, não resisto a partilhar convosco outro poema dele, intitulado Poema a Irene:
Irene preta/
Irene boa/
Irene sepre de bom humor./
Imagino Irene entrando no céu:
-Licença, meu Branco?
E S. Pedro, bonachão:
- Entra, Irene, você não precisa pedir licença.
É bonito, não é?»
Eduardo
Enviar um comentário