Um blog do dia a dia, com muitas estórias, alguma poesia, música, fotografia, crítica, comentários... para desabafar, porque sem um grito ninguém segura o rojão!
13 junho, 2006
Saudades de Variações
Foi num dia de Sto. António, que morreu o Variações, também António. Tinha 39 anos e acabava de começar uma carreira aos olhos de Portugal.
Alguém que se situava entre Braga e Nova York, não era bem visto por muita gente do nosso país. Mas, em compensação era adorado por muitos outros, como eu.
Tudo nele era novo: desde a roupagem das canções, à maneira como se vestia.O barbeiro que escrevia canções e as cantava, gostava do que fazia: cortar cabelos, escrever canções (sem saber música), viajar, namorar... Viver: cada segundo, da melhor forma que sabia, da maneira que lhe agradava, sem se importar com os comentários maldosos dos machos da nossa praça que, se hoje lhe reconhecem o valor artístico, enquanto ele viveu o apelidavam de paneleiro!
Teve uma morte bastante solitária. Foi o primeiro (do domínio público) que morreu por ter contraído o vírus HIV. E essa foi apenas mais uma das muitas condenações de que foi alvo enquanto viveu.
Ouvindo as suas canções ficamos com a impressão de que ele tinha para além de tudo, dotes premonitórios. Adivinhava como se iria desenrolar a sua curta vida, ou foi apenas coincidência?Seja como for, tenho saudades de ti António. Tantas saudades! E que falta fazes a este país cada vez mais triste, mais cinzento, mais provinciano.
Um dia destes emigro António: não para Nova York, mas para África, onde as pessoas ainda têm muita da alegria e ingenuidade que tu tinhas.
Tudo o que eu queria agora era poder dar-te um abraço bem apertado. Como não posso, aqui te deixo o meu modesto tributo, vinte e dois anos (parece que foi ontem) passados, do dia em decidiste viajar sem bilhete de volta.
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2 comentários:
também eu tenho saudades do António Variações, até porque ouvindo-o hoje, parece-me tão actual!neste País onde todos os que não são "iguais", têm pouco espaço, onde são tão maltratados, corroídos que estão os outros de inveja,como fazem falta todos os Antónios, Eças e outros de que há memória!
Em criança fui "obrigado" a conviver com o António Variações... obrigado Mãe!!!
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