31 julho, 2009

ser escritor sem saber escrever


há livros que nos ficam para sempre ligados a memórias. este de que falo é um livro de memórias. de Gabriel Garcia Marquez ou Gabu como prefiro chamar-lhe. estava a ler o livro pela primeira vez quando fiz uma viagem através da jangada de pedra e de cada vez que olho para o livro lembro-me da maravilhosa cidade de Granada. um dos sítios onde o li num quarto de hotel varando madrugadas. decidi levá-lo comigo desta vez. porque não repetir a companhia que se revelou tão boa através da jangada de pedra. ou da balsa de piedra. como quiserem. a verdade é que este "viver para contá-la" é um documento tão extenso e tão importante que julgo ter sido muito útil voltar a pegar-lhe. porque de muitas notas já não me recordava. uma das que me deixou maior marca é a confissão de Gabito de que dá erros ortográficos. o que prova que para ser um bom escritor não é necessário saber escrever no sentido literal da palavra. e por analogia e também porque estamos na época das "voltas" lembrei-me de Joaquim Agostinho que tantos prémios de ciclismo ganhou sem saber andar de bicicleta. foi talvez por isso que morreu tão cedo. ele caía muitas vezes. não sei se ouvi esta afirmação da boca do próprio ou de alguém como o meu pai que era um profundo admirador de Joaquim. sei que foi uma frase que me ficou na memória. ficamos pois neste pé. há coisas que não é necessário saber para se ser um bom profissional. há dias ouvia alguém falar de um grande jornalista que apenas tinha terminado a quarta classe. se calhar hoje enfiavam-no nas novas oportunidades... nem por isso teria sido melhor jornalista. disso tenho a certeza.

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