Está tudo conformado
Ao triste proprietário.
Mecânicas ovelhas,
na erva de plástico,
têm pastor de pilhas
e cão pré-fabricado.
Flores marginam esse
Às peças-soltas prado.
Elétricas abelhas,
obreiras sem contrato,
daquele herbário extraem
um mel supermercado.
A malhada, no estábulo,
Quase manga de alpaca
(é A VACA, sabias?),
dá leite engarrafado.
No céu (para colorir)
A nuvem, pontual,
Aguarda a vez de ser
Chovida no nabal,
enquanto o Sol dardeja
na eira proverbial.
Já tudo afeiçoado
Ao bom do proprietário
(ervas, bichos, moral),
Ele conta com os seus
e espera sempre em Deus.
(“—Deste corda ao pardal?”)
(Alexandre O'Neill)
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