22 maio, 2009

Lego

Está tudo conformado

Ao triste proprietário.

Mecânicas ovelhas,

na erva de plástico,

têm pastor de pilhas

e cão pré-fabricado.

Flores marginam esse

Às peças-soltas prado.

Elétricas abelhas,

obreiras sem contrato,

daquele herbário extraem

um mel supermercado.

A malhada, no estábulo,

Quase manga de alpaca

(é A VACA, sabias?),

dá leite engarrafado.

No céu (para colorir)

A nuvem, pontual,

Aguarda a vez de ser

Chovida no nabal,

enquanto o Sol dardeja

na eira proverbial.

Já tudo afeiçoado

Ao bom do proprietário

(ervas, bichos, moral),

Ele conta com os seus

e espera sempre em Deus.

(“—Deste corda ao pardal?”)


(Alexandre O'Neill)

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