04 maio, 2009

Cromo


andamos pelo mundo 
experimentando a morte 
dos brancos cabelos das palavras 
atravessamos a vida com o nome do medo 
e o consolo dalgum vinho que nos sustém 
a urgência de escrever 
não se sabe para quem 

o fogo a seiva das plantas eivada de astros 
a vida policopiada e distribuída assim 
através da língua... gratuitamente 
o amargo sabor deste país contaminado 
as manchas de tinta na boca ferida dos 
tigres de papel 

enquanto durmo à velocidade dos pipelines 
esboço cromos para uma colecção de sonhos lunares 
e ao acordar... a incoerente cidade odeia 
quem deveria amar 

o tempo escoa-se na música silente deste mar 
ah meu amigo... como invejo essa tarde de fogo 
em que apetecia morrer e voltar 

(Al Berto)

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