25 abril, 2009

Agora mesmo


Está gente a morrer agora mesmo em qualquer lado 
Está gente a morrer e nós também 

Está gente a despedir-se sem saber que para 
Sempre 
Este som já passou Este gesto também 
Ninguém se banha duas vezes no mesmo instante 
Tu próprio te despedes de ti próprio 
Não és o mesmo que escreveu o verso atrás 
Já estás diferente neste verso e vais com ele 

Os amantes agarram-se desesperadamente 
Eis como se beijam e mordem e por vezes choram 
Mais do que ninguém eles sabem que estão a 
                               [despedir-se 

A Terra gira e nós também A Terra morre e nós 
Também 
Não é possível parar o turbilhão 
Há um ciclone invisível em cada instante 
Os pássaros voam sobre a própria despedida 
As folhas vão-se e nós 
Também 
Não é vento É movimento fluir do tempo amor e morte 
Agora mesmo e para todo o sempre 
Amen 

(Manuel Alegre)

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