19 agosto, 2008

Estranhas lágrimas


Lágrimas... Noutras épocas verti-as.
Não fui de olhar enxuto como agora.
Eu próprio então me aconselhava:
"Chora que o pranto é um refrigério às agonias."

Ah! quantas vezes, pelas faces frias,
Melancolicamente, hora trás hora,
Gota a gota, rolando, elas, outrora,
Marcaram noites e marcaram dias!

Vinham do oceano da alma, estranho e fundo,
Quentes, num debulhar sincero e franco,
Mal reprimindo a minha angústia louca.

Nos olhos, hoje, as elimino e estanco.
Jorram, no entanto, sem que as veja o mundo,
Sob a forma de risos, pela boca!

(Félix Pacheco)

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