22 janeiro, 2008

Memórias de Março


Quando amanheço... leito manso e lento
Nesta manhã sob este sol silente
A cidade desperta calmamente
Ao meu olhar atônito e em tormento.
Uma canoa tangida pelo vento
Com as lembranças da última enchente
Em mim desliza e a cidade sente,
À margem, nos degraus, um leve alento.
Mas a tristeza morre neste instante
Quando, no Pontal, o Itacaiúnas
Vem, farto de canoas, desaguar...
E sou, portanto, este olhar brilhante
Cheio de lembranças, de botos, de buiúnas...
Que corre lento assim de encontro ao mar...
(Abilio Pacheco)

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