27 janeiro, 2008

Como num quadro de Goya



Na sessão de umbanda não durmo
num banco esperando minha mãe.
Ela rodopia, me abraça
um arrepio sem espírito nem luz.
Parece feliz na sua infelicidade de bruxa.
Canta, muda o corpo e a voz,
e nem sabe do abandonadinho.
As velas espiam,
os barcos navegam
o rio calmo e traiçoeiro.
Hinos
mordem meus ouvidos.
Brancos aventais
trazem todas as sombras.
(Paulo Bentancur)

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