22 julho, 2007

O Zé que não existe

O Zé tem 25 anos. Não existe. É alentejano e trabalha no Porto. Entroncado, de cabelo e olhos claros, passaria bem por um tripeiro de origem inglesa. Ou por galego. Falador e respeitador. O Zé é um encanto de rapaz.
O Zé que conheci este fim de semana é zeloso dos seus deveres laborais. Como um jovem com ambição, pensa de mais em trabalho. Nem o fim de semana fez com que deixasse de falar em trabalho. Até cansar. Quando percebeu que estava a falar só de trabalho, pediu desculpa. Como pede desculpa por tudo e por nada.
O Zé, embora seja independente respeita pai e mãe. Um rapaz, como diria a minha mãe, à moda antiga. Na verdade não me lembro de conhecer nenhum rapaz como o Zé. Uma total ausência de rebeldia. Uma total compreensão dos motivos de toda a gente. Mesmo quando se queixa, o Zé vai explicando que não tem nada contra.
Mas até o Zé, às tantas conseguiu descontrair. O stress tomou conta dele. Está sozinho numa cidade estranha. Por companhia tem a Internet. E o trabalho.
O Zé não existe. Porque não tem os 25 anos que diz ter. Há-de fazê-los e ficou feliz por conseguir que o patrão lhe permitisse tirar dois dias para ir a casa festejar os anos. Com os pais e os amigos.
Qualquer dia o Zé há-de ter férias. Não quando quiser mas quando puder. Sem prejudicar o trabalho. Porque, como ele diz, respeita muito quem lhe paga o ordenado...
O Zé não existe. Definitivamente!

1 comentário:

Bartolomeu disse...

Agora escreves textos sobre extra-terrestres, Maria Eduarda?
:)))