03 julho, 2007

Mesmo pequenino!

Às vezes aproveito o tempo que gasto nos comboios e no metro para observar as pessoas. Quase sempre aparece alguém mais interessante, alguém que chama a minha atenção, às vezes por muito, outras por muito pouco. Hoje a única pessoa que me chamou a atenção era uma mulher entre os 40 e os 50 anos, cabelo com madeixas alouradas, brincos de argolas (pechisbeque dourado) com argolas por dentro e uma blusa que do sítio onde eu estava me parecia de lantejoulas, mas depois quando ela se levantou, percebi que apenas o decote era de pedraria... achei um bocadinho despropositado, mas isto cada um anda como quer, que assim é que é bonito e se não fosse esta variedade que graça teria? De que falaria eu hoje? Provavelmente de mim, mais uma vez, das poucas qualidades e muitos defeitos, mas qualquer dia hão-de pensar que o meu umbigo é do tamanho do mundo.
Por isso voltemos ao comboio onde observei atentamente todos os rostos que viajavam voltados para mim. Em nenhum deles vislumbrei aquele sorriso idiota dos apaixonados que, cada vez mais raramente é certo, às vezes vejo.
Vi gente cansada, a dormitar, ao telemóvel sem qualquer expressão especial, a olhar pela janela com ar de quem vai a pensar nas contas por pagar e não a apreciar a paisagem que, diga-se de passagem é bem bonita.
Este é o país que temos. Estes são os cidadãos (e cidadões, também) deste país. Mas, aqui entre nós, quem é que em seu perfeito juízo se pode sentir feliz, sabendo que pode ser espiado e delatado por qualquer coisa que, por mais ínfima que nos pareça, nos pode trazer uma carga de trabalhos, para já não falar na possibilidade, sempre presente, de podermos vir a fazer parte do número de desempregados deste nosso país, tão pequenino. Pequenino mesmo, claro!

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