17 junho, 2007

A chave inglesa


Era um corpo inteiramente
português.
Transido de ternura
o óleo das suas mãos
protegia-me
o coração.

Não sei que mecanismo
despertava em si
quando chorava,
fazia crescer a relva,
meus dentes indecisos
como crias
corriam e devoravam.

Escreveu-me duas cartas
em cima de um tractor
e nelas descrevia
em frases simples
o modo tortuoso
que me fez traidor.

(Armando Silva Carvalho)

1 comentário:

Bartolomeu disse...

É sempre assim... quando elas desatam a escrever cartas em cima de tractores... hum...hum... não pode sair coisa boa.
:))