Por me teres levado de volta a Abril. Aos Abril do pós revolução quando eu acreditava que este país ainda era possível, que podíamos mostrar ao mundo que é possível sonhar e realizar os nossos sonhos de igualdade.
O concerto Ligação Directa, abre ao som de uma máquina de escrever. Depois segue-se uma mistura de canções do álbum e outras, tantas outras, mais antigas, que puseram o Maria Matos a cantar, a bater palmas, a dançar...
Todo de negro, Sérgio Godinho canta e encanta com a encenação simples das suas canções. A mim deixou-me rendida. Duas horas de concerto, às vezes a solo, mas quase sempre acompanhado pelos seus sete músicos com quem se percebem intimidades e afinidades mas sobretudo uma fraternidade, um respeito a que já nos desabituámos noutros músicos.
Por me teres lembrado que homens como tu ainda existem, que posso nadar em seco mas ainda posso sonhar, que ainda posso continuar a ser eu, que posso protestar porque tu estás aí, todo de negro, com um sorriso acolhedor, sem vaidade e sem pedantismo. Tu sozinho, ou com a tua viola, ou com os teus músicos, lembrando que sabes fazer canções. Canções que contam estórias. Canções que falam do amor e do desamor que vivemos. Canções de intervenção que nos fazem lembrar que a revolta é possível, é justa e que cantá-la é uma maneira de dizermos que somos livres!
Obrigada Sérgio.
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