13 abril, 2007

Maneiras de viver.

Há gente que aprendeu a viver da compaixão dos outros. Choram, lamentam-se, contam umas estórias que, às vezes não se sabe muito bem se são verdade ou não. O que importa é que as contem bem contadas, para poderem viver à custa da piedade dos papalvos que vão engolindo estórias. Vivem a vida inteira disto e conseguem até certo ponto fazer passar a mensagem de que apesar das suas dificuldades são dignos e nunca tiveram a ajuda de ninguém.
Choramingam constantemente por uma ajuda e quando a conseguem representam bem a humildade do agradecimento. Depois saem dali e vão gastar a ajuda para bens essenciais em supérfluos que, quem os ajudou não pode ter.
Têm geralmente o nome mais sujo que uma lixeira mas armam-se em grandes senhores(as). Quem os ouve não os leva presos. São gente digna que não deve nada a ninguém. Têm uma vida pobre, mas felizmente ainda vai chegando para um bom plasma, um bom PC, uma ligação como deve ser à NET, uns perfumes cheirosos, uns cosméticos de marca, umas idas ao cinema, uns MP3 razoáveis, uns telemóveis com câmara... enfim: pequenas coisas, sem as quais gente de berço não pode viver.
Se as dívidas se acumulam paciência. Se o senhorio está a arder com uma série de rendas de casa em atraso (enfim, ele terá com certeza outros rendimentos, pode esperar, por dias melhores). Essencial é ter dinheiro para o tabaco e para o café. Para almoçar fora (e jantar também se possível), que isto de fazer refeições é uma trabalheira...
E o emprego? Bem aí a coisa é fácil de levar e vai-se levando... Um gemido aqui, um ai acolá e sempre há-de aparecer uma alma generosa que faça o trabalhinho. Afinal de contas andaram à procura de emprego e não de trabalho. E acharam-no com a graça de deus. Que sempre haverá outros papalvos a quem enganar quando estes perceberem o logro em que caíram.

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