04 março, 2007

A VIDA TROCA-NOS AS VOLTAS

Ontem estive aqui, no Colombo, a escrever sobre uma crónica que andava com azar, pois que, concebida faz hoje uma semana, peripécias várias têm impedido que ela entre em contacto com o mundo.
E pus-me ontem a contar essas peripécias, escrevi, escrevi, e, quando, feliz, ia clicar no sítio respectivo para que a crónica aparecesse publicada, eis que, mais uma vez, os deuses não quiseram: à minha frente o que me apareceu foi o computador indisponível. Chamei a rapariga da loja, fiz a queixa. Ela respondeme, afável, que o meu tempo tinha terminado. Claro!.Esqueci-me, com o entusiasmo, que tinha pago por 1 hora! Lá fui furioso para casa.
Neste momento, vou escrevendo e vou, de quando em quando, olhando para a indicação do tempo: faltam 31,18 minutos. É o tempo que tenho para fazer referência à crónica que ainda não consegui escrever.
A crónica que eu queria escrever...foi bem preparada. Com amor. Rigor. Era sobre o anúncio da Primavera.
Queria ser eu o primeiro a dizer aos meus amigos que ela está aí.
Antes das andorinhas chegarem e o resto da passarada espiolhar os recantos folhosos das minhas árvores, à procura de lugares para os seus ninhos, queria ser eu a escrever-vos sobre isso. Queria falar-vos sobre o grande acontecimento que é a chegada do sol, do amor, do calor suave, das esperanças renovadas que podemos aprender com a Natureza.
Como preparei a crónica?
Muni-me da máquna fotográfica e percorri o terreno da minha casa de campo-mar, onde as árvores esperam, há meses, activamente que as mãos do sol lhe tragam o perfume do amor.
Apressa-te, Eduardo. Faltam 25 minutos.
Pois em primeiro lugar tenho a magnólia, com os nódulos nos ramos prontos para que os seios redondinhos brotem e se deixem apalpar docemente pelos afagos de Março.
Mas não é só a magnólia.
Não querem ver que o diospireiro, o magano, tão novinho, não se fica atrás e apresenta, rosadinhos, pequenos pontos nos caules, que querem rebentar, e, se calhar, no momento em que escrevo, espreitam já para a luz do dia?
Finalmente, também a macieira.
A festa aproxima-se.
Não obstante a chatice da vida, a festa vem aí.
Ela chega sempre, a Primavera.
Era sobre este assunto tão singelo que vos queria falar, mas a crónica tem tido muitos sustos, já não sai, como tinha imaginado.
Mas é o melhor que se pode arranjar.Bom domingo.
E desculpem não aprentar a foto da magnólia.

Eduardo Aleixo

1 comentário:

Maria Eduarda disse...

Pois é. Estas coisas acontecem. Já me aconteceu aqui em casa, quando o sistema de repente emperra!. E quando queres escrever de novo, nada sai como antes... deixa lá. Ficou a intenção. Eu até acho que o anunciar da Primavera este ano está atrasado, uma vez que ainda não acordei com o chilrear dos passarinhos. Aí é que eu sei que ela está para chegar.Mas ainda não aconteceu. Tens tempo de fazer o teu anuncio com a devida pompa e circunstancia!