04 março, 2007

Ir vivendo... não sei se chega!


Pois por aqui vamos andando, que é uma expressão bem portuguesa, e eu gosto mesmo de gerúndios... como os alentejanos e os brasileiros, que são gente sem pressa, que a pressa nunca deu bom resultado e eu sou a prova viva disso! A verdade é que tenho mesmo que começar a ir andando se quiser que esta minha vida chegue a bisnetos. A questão é que não me parece possível ir andando aqui em Portugal. As pessoas correm, correm, empurram-se, a gente a julgar que querem um lugar ao sol (no sentido literal da palavra), mas o que querem afinal é um postozinho com um pedacinho de poder para poderem dizer, lá em casa à família e aos amigos, sabes, eu mando em três pessoas! Que bom que deve ser mandar em três pessoas! Deve ser uma coisa tão boa, tão boa, que desatam a correr para chegar lá. Porque aquilo é assim a modos que uma prova de atletismo. O que se despachar mais depressa é que ganha. Só que no atletismo cada um tem que contar consigo mesmo e com a equipa que o apoia, e nestes casos há que contar com as "cunhas". É preciso ver quem tem as cunhas mais poderosas, aquelas que mandam em mais que três pessoas!
Toda esta correria me cansa. É como os espectáculos da Mercury. Gosto muito dela mas fico cansada só de olhar... bem, isto agora também não são termos de comparação porque eu estou cansada mesmo sentada. Parece que acabei de fazer a maratona e ainda me obrigam a outro tanto... Mas é apenas uma imagem para vos dizer que preciso mesmo de mudar de vida, ou de país. E das duas uma: ou consigo fazer de conta que as pessoas à minha volta não existem e estou-me nas tintas para que pensem que sou louca (no fim de contas, da fama já não me livro, e no Júlio de Matos agora até se deve estar bem: há por lá umas peças de teatro, umas exposições, enfim um arremedo de vida cultural bastante interessante para os loucos como eu), ou mudo mesmo de continente para onde possa ir andando... o Juca mudou para o Alentejo. Morreu na mesma, mas talvez tenha ganha uns anitos. Qualidade de vida, felicidade e alegria sabemos nós que ganhou. Não foi mau. Valeu a pena. Só qe eu não sou o Juca e o Alentejo já não é o que era... Está cheio de gente pretensiosa (mil vezes mais pretensiosa do que as pessoas que me rodeiam). É por isso que eu não ponho a hipótese Alentejo. Veremos o que posso fazer. Há uma coisa que eu quero: viver sem pressa. Já corri tudo o que tinha para correr. Agora só quero ir vivendo este meu tempo.

Só mais uma questão ainda a propósito de Naide Gomes. A atleta queixa-se, e com razão, do pouco espaço que foi dado na imprensa portuguesa ao seu triunfo. Já disse aqui mais do que uma vez que não percebo porque é que em Portugal parece que só existe um desporto - o futebol - que não passa de um amontoado de corrupção e negócios escuros com atletas pagos a peso de ouro. Mas o OURO da Naide é como se não existisse. Este país não aprende a dar valor a quem o tem? Jamais?. Esquecem os Carlos Lopes, as Rosas Motas, os Onjakis, as Naides, e mais uma centena de gente que trabalha todos os dias quase sem condições (se as querem têm que treinar fora de Portugal)... isto para já não falar dos atletas deficientes que fazem sempre brilharetes nas provas internacionais e de que ninguém fala. É difícil viver num país como este, tendo um coração como o meu... é quase impossível.
O que me vai valendo ainda é o Dr. House!

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