22 janeiro, 2007

INCOMODIDADES



1. Gosto de João Cravinho.

Estou a vê-lo ( ontem),

a falar na TV, e vejo uma sintonia entre o que diz, o que pensa e o que sente. Não sendo eu de todo ingénuo, sei que é um homenm com grande experiência política. Portanto, mede as palavras. Mas vejo que deixou a máscara nos bastidores. Que ainda é capaz de o fazer. Que é daqueles que tem alma ao fazer política. Ainda há!

Fala na sua ida para o Banco Europeu. Mais uma pessoa que parte, porquanto temos excesso de valores!É preciso mandar embora os Cravinhos. Estão a mais. Por que será?.

A gente sabe.. O homem apresentou um projecto, com medidas de combate à corrupção. Ora eis uma coisa muito perigosa: combater a corrupção. Não pode ser.

Mas não é o PS um partido que está no poder, fazendo a grande reforma de Portugal?

Dizem. Mas pelos vistos, a corrupção, não.

Cravinho ainda tinha esperanças de que fosse possível que a sua proposta fosse analisada e aprovada pelos seus camaradas. Mas tudo leva a crer que analisada, sim, mas aprovada, não.

Ele terá de ir pregar para outra freguesia.

Mas teve o gesto. A frontalidade. Não foi politicamente correcto. Foi incómodo. Que é coisa que está faltando.

Boa sorte, Cravinho.

2. Ana Gomes.

Ana Gomes é outra incomodidade. Mas por outras razões, a primeira é que ela já tinha sido enviada para o exílio dourado da Europa, mal Sócrates chegou ao poder. Claro que ele viu logo o explosivo que ela significava, se cá ficasse.Mas Ana Gomes é um explosivo em todo lado...

Mas para mim é mais difícil falar sobre esta personagem. Tenho e sempre tive em relação a ela, como em relação a toda a gente da extrema-esquerda, um conflito que me vai acompanhar até ao fim da vida ( não é por acaso que tenho amigos e amigas com mentalidade de Ana Gomes, há muitos anos, e que não é por causa disso que deixamos de ser amigos, bem pelo contrário, parece que é uma atracção recíproca...). Não é agora o momento de fazer a análise psicológica deste fenómeno. Fiquem-se apenas com esta: tenho sempre uma necessidade profunda de atacar as Ana Gomes, mas não posso viver sem elas...

Dizendo isto, deixem-me falar com ela, como se ela me estivesse a ouvir:

Ouça lá, Ana Gomes, não sabe a sra. que, em todos os Estados, há assuntos confidenciais que não se tratam na Praça Pública? ( Disse ao público, por acaso, tudo o que sabe sobre Timor?? ).Vocè não sabe que a luta contra o terrorismo é algo legitimamente susceptível de ter tratamentos secretos? Você não sabe que não é só a CIA que terá esses comportamentos? Você não sabe que a Europa a que pertencemos muito deve a medidas de segurança secretas?. Caro que você sabe. Terá agido com bom senso em todo este processo?

Claro que Ana Gomes é incómoda também, como João Cravinho o é.

Pretendo ser justo. Acho que Ana Gomes tem uma virtude neste caso, já que o governo de Sócrates, inflexivo como é, não deve ter dado os passos indispensáveis para que o diálogo se tenha estabelecido,num caso delicado como este, talvez porque veja aqui uma oportunidade para a lixar definitivamente.

E qual é a virtude? De ser frontal e corajosa, nestes tempos que correm, de tanta paralisia intelectual e de tanto medo, que até faz comichões!..Outra questão, Sra Ana Gomes, seria discutir consigo um assunto essencial que é o de saber se o seu comportamento, que tanto admiro, de coragem e de frontalidade, se deve a um traço de personalidade independente e isento, ou se tal se deve antes ( e voltamos ao meu conflito circular, eterno) a um ódio visceral, que V.Exª deve ter contra o imperialismo americano?...

3. Outra incomodidade provável será se o político e filósofo Manuel Maria Carrilho, cuja fotografia não pus no blogue, porque a inflacção mediática já é muito elevada, no que lhe concerne, for para a UNESCO, como já ouvi dizer, o que seria uma pena, não para a autarquia de Lisboa, de que já se despediu, também não para o Parlamento, que carece de deputados mais trabalhadores e assíduos, mas para a investigação teórica e para o ensino da Filosofia, disciplina que o Governo tanto despreza ,onde podia fazer um brilharete, desde que não aparecesse muito na TV...

Eduardo Aleixo

1 comentário:

Maria Eduarda disse...

1. Não gosto de Cravinho. Não me perguntem porquê. É uma das minhas incompatibilidades. Agora que começava a achar que finalmente sairia daquela cartola algum coelho, o homem vai para Londres. Teria a minha admiração se teimasse e ficasse! Mas ele não é uma "mula" como eu... é por isso que ele está onde está e eu continuo por aqui. Mas estou bem comigo e isso é o que me importa!
2. Já gostei mais de Ana Gomes do que gosto. Admiro a sua coragem e tenacidade. Admiro a sua maneira frontal de viver a vida. Tem uma qualidade que em política é um defeito: é impulsiva... como eu a compreendo.Mas acabará sempre a sair perdendo porque como diz o povo "quem casa não pensa e quem pensa não casa", se é que me faço entender.(O que não gosto nela são aquelas atitudes de mulher de bairro, mãos na naca e coisa e tal, estão a ver?)
3. Então tu querias que o homem ficasse por cá como professor? A ganhar o que ganham os professores? Sem a mediatização tão essencial a si mesmo e à sua Barbie? Ainda és mais ingénuo que eu!