Os amigos servem para os maus momentos. E para os bons dir-me-ão... mas há amigos com que estou apenas nos momentos muito maus. Porque a distância a que vivem de mim é tão grande que não dá para ser de outra maneira. Não percebo como se pode viver atrás das pedras uma vida inteira, passar anos sem ver o mar... não percebo!
Pois o que se passa nos funerais é que para além da tristeza, geralmente existe a alegria de rever velhos amigos. Hoje revi pessoas que não via há 30 ou 35 anos. É verdade. Hoje revi o meu primeiro namorado, (vive no Porto e eu nem sabia...) e o que nos rimos, porque ele conheceu-me (deve ser devido à minha imagem de marca) e eu não conseguia sequer imaginar quem era... se passasse na rua pela maior parte das pessoas que ali estavam e que fizeram parte da minha infância não conheceria nenhuma. É verdade. O que o tempo faz connosco! O marido da minha amiga estava chocado comigo. Realmente é dos poucos que eu tenho visto com alguma regularidade ao longo dos anos. Pois não o conheci! Ele dizia-me com um ar muito triste "mas eu estou assim tão velho"?. Não amigo, na verdade nunca consegui imginar-te assim para o "gordito", tu que eras um pau de virar tripas, nem calvo, tu que até há pouco tempo tinhas uma farta cabeleira. Mas estás bonito na mesma, não te preocupes. Gosto muito de ti, porque tens sido sempre o amparo da minha amiga. Que tem penado muito nesta vida, mas tem uma bela família: um marido como tu e duas filhas amorosoas.
Para além de todas as mães destes amigos que me perguntavam "sabes quem sou Bebé?" e eu a disfarçar "sim claro, é uma das tias". Porque na verdade eles eram a família que eu nunca tive em Angola e o "Dadinho"/ Eduardo, já se vê era assim a modos que primo meu... e quando eu dizia isto a malta gozava e saía-se com a célebre "quanto mais prima, mais se lhe arrima". A verdade é que foi um namorico infantil que nunca passou do beijo ao de leve nos lábios e que eu já achava uma grande "ousadia"... parece que ainda me sinto corar quando penso naquele beijinho...
Como o tempo passa... mas o meu primeiro namorado continua bem giro, lá isso é verdade. E vaidoso sem incomodar, porque continua a dizer tudo a "brincar".
Apesar do desgosto dos meus amigos e dos filhos deles, soube-me bem levar um dia inteiro a ouvir chamar por mim como "Bebé". Ao princípio ainda disse sou a Maria Eduarda, mas logo me responderam que para eles seria sempre a Bebé. Fico contente por me verem ainda dessa maneira...
3 comentários:
Essa de dizeres ao teu amigo que era um pau de virar tripas, convenhamos que é um pouco duro de ouvir. Só entre amigos. Mesmo assim, se fosse eu, não gostava.Mas perdoava-te, claro, porque entre amigos tudo se perdoa.
Em Angola, um "pau de virar tripas" é alguém muito magro. Nada tem de ofensivo. Mas os mesmos termos têm significados diferentes conforme as terras. Não faço ideia o que para ti quer dizer, para que ficasses ofendido. Mas já agora gostava que esclarecesses para eu não "meter o pé na argola"
Não vês que estava a brincar, rapariga?!
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