25 janeiro, 2007

De braços cruzados, não!



Foi pelas cinco da tarde. Saí do Metro e vinha a fazer o balanço do dia: trabalhei imenso; isto é: consegui despachar imensas coisas; a meio do dia dei por mim a cantarolar uma velha canção em kimbundu (há quanto tempo não dava por mim a cantar?). Vinha satisfeita. Subi as escadas rolantes em direcção à plataforma número 4 para entrar no comboio das 17 horas. Não me deixei levar pelas escadas, subi pelas minhas pernas porque estava em cima da hora. Entrei no comboio e senti qualquer coisa atrás de mim. Virei-me e vi um sujeito a dar meia volta e sair pela mesma porta em que entrara atrás de mim. Escolhi um lugar junto à janela do lado do mar, como é costume meu e quando procurei pelo telemovel, já só lá estava o sítio! Procurar o celular foi instintivo porque tinha sentido realmente qualquer coisa nas minhas costas.
Entretanto o comboio partiu. Ia pouca gente na carruagem. O revisor não apareceu. A polícia não apareceu. Quando cheguei a Oeiras, dirigi-me à esquadra da estação. Descrevi o que tinha acontecido. Tenho esperança que as câmaras estivessem ligadas e não sirvam apenas para "enfeitar". Estava um homem a apresentar queixa... a descrição correspondia à minha, só que ele foi assaltado ontem e nas escadas rolantes. Ainda tentou enfrentar o assaltante mas logo surgiu um segundo. Só hoje ali estava. Mas não registou a queixa.
Eu resolvi registar. Estive cerca de 2 horas a descrever enquanto um agente escrevia. Obriguei-o a refazer uma página para que tudo ficasse correcto. Foram simpáticos sim... mas é tudo muito lento. Deram logo o alerta para a estação do Cais do Sodré e puseram agentes à paisana em campo. A ver no que dá. Sei que terei que me deslocar à PJ para identificar o possível ladrão, sei que arranjei uma carga de trabalhos, mas não estou disposta a "deixar andar". Estou farta deste país de faz de conta. Se mais pessoas se dispusessem a "chatear" as autoridades, se calhar a vigilância seria efectiva e não apenas aquela brincadeira do par que passeia pelos cais de embarque e pelos comboios, mais preocupados com o pessoal que tenta viajar de borla do que com situações de assalto.
Quando cheguei a casa liguei para a esquadra para dar o IMEI do telemovel. A ver o que acontece: o que quer que seja que me faça crer que ainda posso andar por Lisboa às 5 da tarde sem me preocupar com assaltos... Mas não creio!
Pelo menos faço o que me manda a minha consciência. Já lá vai o tempo em que eu me ficava sem mover uma palha. Temos que ser todos mais interventivos ou estaremos todos cada vez mais "lixados". O comodismo não ajuda senão os prevaricadores. É preciso ganhar o direito a ser cidadão e interventivo. E já descobri que não o conseguirei de braços cruzados, faz tempo!

1 comentário:

Unknown disse...

Concordo.
Só que este país precisa de mais gente como tu.
Olha: vamos esperar.
Que chatice!.
EA