26 dezembro, 2006

VOU SAUDAR 2007 JUNTO AO MAR










Tanta coisa nos acontece quando deixamos que nos aconteça!
Claro que para deixarmos que nos aconteça é porque estamos abertos para isso,é porque nos fomos abrindo,é porque, como os frutos, estamos maduros para a recepção dos eventos.
Não estou a dizer nada que as crianças adultas não saibam. Mas por que haveria de ter a pretensão de o fazer?!Não tenho, não!.
Apetece-me apenas falar da necessidade de nos abrirmos para as coisas boas da vida, para o que é inocente e puro, para o que nao tem maldade, para o que alimenta e desenvolve em cada um de nós o que de melhor existe em nós e muitas vezes desconhecíamos que em nós existia, ou, se conhecíamos, permitíamos que continuasse adormecido e sem expressão...
Vamos pois, com este espírito, de peito aberto, receber o ano novo, de 2007, com amor, sem medos e muita alegria.
Eu, por mim, nem queiram saber, adoro dançar, na passagem do ano, comer as doze passas, beber champanhe, dizer adeus ao ano que passou, entoar um hino de louvor ao universo pelo facto de ester vivo...
Vou fazê-lo, mais uma vez, junto ao mar, como o faço há uns anos a esta parte. Não pensem que é lugar de banzé, não. Sou alegre, mas de alegria reservo-balançada,sou festivo, mas não gosto de barulho amalucado, gosto de cansar meu corpo até à exaustão e de sentir o suor a correr-me na fronte e sentir-me como um menino que faz diabruras saudáveis, como se recebesse um prémio, a que tem direito, pelo simples facto de ter nascido...
Faço-o normalmente com pouca gente, até porque sou pessoa que tem poucos amigos. Mas os que tenho, são bons. Cuja companhia é muito importante.E vou fazê-lo junto ao mar de Santa Cruz. Na praia azul. Com as ondas bravas.E com a espuma a ver-se, por certo, na friagem da noite.
Mas... até lá, nos poucos dias que faltam, vou fazendo o meu balanço, de tanta coisa que me foi acontecendo durante este ano que está morrendo...Coisas que me aconteceram, porque deixei que me acontecessem. E se deixei que me acontecessem é porque chegou o tempo para elas acontecerem.
Foi um ano bom.
Um ano em que me aposentei.Gostosamente.Era funcionário público e ouvia e lia que estava a mais.Que fazia parte de não sei quê de corporações, etc. Pois achei que era mais digno ir-me embora.Não foi fácil.Ainda podia ficar mais algum tempo. Mas, não: sentia que tinha afinal a oportunidade de fazer outras coisas de que gostava ainda mais. Um ano em que me pus a abrir as gavetas da minha memória. Em que me pus a rasgar, como aliás sempre o fiz, ao longo da vida, muitos papéis, com poemas, contos, crónicas, cartas, apontamentos...Em que fiquei com dúvidas sobre se estaria a fazer bem rasgando aquelas coisas. Em que me arrependi de ter rasgado algumas coisas depois de as ter rasgado.Um ano em que afinal descobri coisas que já sabia, mas que o tempo gasto em nos gastarmos tudo fez para que o esquecesse, ou o não lembrasse: há de facto mais coisas para além do déficit, perdão, que coisa horrível,mas que raio de propaganda, há mais coisas para além dos processos, dos pareceres,da pressão psicológica e doentia da vida dita profissional, há coisas que têm a ver com a vida, com a beleza, com a poesia, com a amizade, com o amor, com outra maneira saudável de tomar um copo com tempo e com o espaço...
Bom ano para todos.
Parabéns, Eduarda, que tens um blogue bonito.
Eu vou dançar
Para junto do mar.

Eduardo Aleixo

1 comentário:

Anónimo disse...

Desejo-lhe um bom ano de 2007.
Gostei muito de conhecer este Eduardo, o poeta, o analista, o homem generoso, sensível.