07 dezembro, 2006

AINDA O 25 DE NOVEMBRO E O PCP

O artigo de José Manuel Barroso, publicado no passado dia 5, com o título em epígrafe, no Diário de Notícias, é importante para as pessoas da minha geração que, como eu, sempre estranharam o silêncio do PC perante o 25 de Novembro, a estupefacção dos militantes e comunistas em particular perante a derrota das forças que se tinham sublevado nos quarteis e alinhadas com a estratégia de domínio do poder por parte do PCP e sem que o Partido desse uma explicação, concretamente para a não saída desses militares dos quarteis e a sua submissão a um militar sem importância conhecida, chamado Eanes, bem como o mistério sobre se houve,ou não, negociação para que Portugal, não se transformando numa nova Cuba na Europa, que daria em troca?...Daria Angola?.Teria sido assim?!...

O PC nunca deu, que se saiba, explicações aos seus militantes sobre o assunto.Limitou-se sempre a dizer que não esteve envolvido no caso e que o 25 de Novembro foi um golpe contra-revolucionário!.

Pois vale a pena ler o artigo de José Manuel Barroso, o qual, baseado em investigações por cerrto credíveis, vem trazer luz sobre as interrgações levantadas, nomeadamente no artigo que consta no nosso blogue, durante o mês de Novembro. Tomo a liberdade de transcrever algumas passagens:

« É que na sequência do pedido que eu lhe fizera ( pedido feito pelo jornalista ao Marechal Costa Gomes...,que era, como sabemos, presidente da República na data em apreço), para que me revelasse os passos dados, desde que tivera conhecimento da sublevação dos para-quedistas da Base de Tancos, da ocupação do comando operacional da Força Aérea, em Monsanto, Lisboa, da tomada de posição do Ralis.......ele me respondera ter tomado a iniciativa de ter ligado para o secretário-geral do PCP, Álvaro Cunhal, e para os dirigentes da Intersindical, a central sindical dos comunistas...»

«...Parece óbvio que se o PCP nada tivesse a ver com os acontecimentos, a central sindical que ele dominava e as estruturas locais do partido não se teriam arriscado......não teriam avançado para as unidades militares para incentivar ou para impedir a saída dos militares.»

« Cunhal e o PCP classificarão sempre os moderados como " contra-revolucionários", nunca condenarão a sublevação,protege os militares detidos no rescaldo do golpe ( enviando ao palácio de Belém, para apelar a Costa Gomes, uma comissão dirigida por um comunista conhecido, Ruy Luís Gomes, ex-tutor político de Costa Gomes, quando jovem estudante de matemáticas no Porto ). Os mlitares fugidos à prisão ( Duran Clemente, Costa Martins, Varela Gomes ) serão protegidos pelas estruturas do PCP, enviados em fuga para uma residência de um conhecido militante comunista de Coimbra, professor de Direito Costitucional, na Beira Interior, passados a salto para Espanha, refugiados na embaixada cubana em Madrid, circulados depois por Moscovo e por Havana e, depois do regresso a Portugal, protegidos pelas câmaras comunistas da Gande Lisboa, e nada disto tem a ver com o PCP?»

«...É certo que o PCP não quis também uma guerra civil. É certo que lhe faltou o apoio, por muitos esperado, de Otelo, como chefe militar.É certo que Costa Gomes alinhou pelo lado da geopolítica da URSS - libertando África e largando a Península Ibétriaca...».

Acho este artigo esclarecedor.

Eduardo Aleixo

1 comentário:

Anónimo disse...

"O PC nunca deu, que se saiba, explicações aos seus militantes..."
Então não leu os livros de Álvaro Cunhal, pois não?
Uma sugestão: leia «A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril (A contra-revolução confessa-se)»