26 dezembro, 2006

Acabo de ler enternecida a crónica do Eduardo, abaixo. Porque ele nos fala de si, o que pelo que conheço dele, não é pouca coisa. Porque nos fala de uma terra que pode competir com qualquer outra e ganhar como a mais bela de Portugal... e só admira que tão poucos filhos da terra tenham essa necessidade de voltar às origens, quando a família que lá tinham se extingue. Acho que isso é fantástico; como se pode "esquecer" uma terra como aquela? Eu que não sou de lá, nem de perto nem de longe, sinto necessidade de a visitar de vez em quando, e mais a mais, como diz o Eduardo não tem mar, que me é quase imprescindível... mas tem um rio belíssimo e é realmente uma terra encantadora.
Tenho vários amigos alentejanos que, embora tenham perdido todos os laços familiares que os ligavam às suas aldeias e vilas, compram casas ou montes e voltam às origens. Acho que é muito saudavel e confesso que tenho uma certa inveja de não ter uma terra aonde voltar... Mas adiante.
Quanto à simplicidade dos natais da sua infância, pois os tempos eram assim mesmo. O Natal era uma festa religiosa onde se misturava um pouquinho de paganismo. As prendas eram escassas. Lembro-me que eu, embora os meus pais vivessem bastante bem e tivéssemos uma boa casa nunca havia exageros com os presentes de Natal. Eu tinha geralmente uma boneca, com que me entretinha dois dias, não mais, e depois arrumava junto das outras, e coisas que tivessem a ver com a praia, tipo baldes de plástico, forminhas para bolos de areia, etc., etc. Mais tarde quando aprendi a ler tinha sempre bastantes livros, porque era o que eu pedia. Com os meus irmãos passava-se o mesmo, recebíamos jogos didácticos mas tudo em pequenas quantidades. E dávamos valor às coisas e tal como o Eduardo, mal dormíamos para podermos ver no dia seguinte os presentes na chaminé, que em minha casa eram deixados pelo menino jesus... é que o pai natal, segundo o meu pai, era empregado do menino jesus e é claro que a nós só podia ser mesmo o próprio menino a servir!
Hoje o natal é um negócio de muitos milhões. Só uma das crianças da minha família ganhou este natal entre outras coisas: um PC portátil, uma viola de verdade que custou mais de € 100,00, um leitor de MP 3 com a capacidade de 1 GB, uma tostadeira (porque o puto gosta de cozinha), vários jogos de playstation, vários bonecos desses que andam por aí a ser anunciados na TV. Fiz as contas por alto (e não vi tudo o que ele recebeu só dos pais) e estavam ali mais de € 5.000,00. Por muito que goste deste miúdo, que de resto sempre conheci a adorar receber presentes e a quem só este ano contaram que não há pai natal, (e mesmo assim ele estava um pouco na dúvida e queria sair de casa para ver se o pai natal voltava com mais presentes), fico chocada com este tipo de atitudes. É isto que desvirtua o natal, esta ideia de consumismo que destruiu completamente o espiírito de algo que devia ser bonito e se me tornou cada vez mais desprezível. Felizmente em todos os outros núcleos familiares da minha vasta família, existe a regra de os pais darem apenas um presente a cada criança, visto que receberão sempre muitos mais dos resto da família e dos amigos.
Quanto a mim, este ano, apesar de não ter tido natal, o pai natal deu-me 3 livros o que fez de mim a menina mais feliz à face da terra... mas olhem que o ano passado fartei-me de barafustar por naõ ter recebido um único livro. Por isso, apesar de ser uma menina mal comportada, ainda assim fui agraciada.
Mas estou aliviada por ver este natal por trás das costas! Ai estou, estou!

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