22 novembro, 2006

VOU VER O MAR


Vou para junto de ti. Como sempre. Já nem é uma questão de desabafo.Desabafar contigo seria reconhecer que não me conheces. Que não sabes o que se passa comigo. Claro que sabes. Sabes que não é preciso falar contigo. Nem tu comigo. Somos um. Basta-nos estarmos assim. Em silêncio. Não há forma mais perfeita de amor do que a que existe entre mim e ti.
Tu sabes que estou triste. Sabes que o blogue respira tristeza. Certos acontecimentos... Eu sei o que as tuas ondas me vêm dizer: a vida sempre foi assim: por que não aprendes? As pessoas que se movem pelo poder é o poder que querem: não é isto lógico?. As pessoas que se movem pelo amor fazem parte de um mundo diferente. As águas tênm de ser separadas. O normal na vida não é o amor, mas sim a ingratidão, a vingança, a inveja... Quantas vezes já não me disse isto o mar?. É verdade.
Eu sei que a vida é assim. O meu cérebro diz-me isto e eu percebo. Nã sou parvo.
O mar sabe também que o meu coração não aceita isto. Não compreende.
Assim eu balanço sempre entre o conhecimento que me vem do que observo e a lógica do que penso e aquilo que o meu coração me diz...
Há um conflito, que me há-de acompanhar até à morte.
Mas tenho o mar.
Outras pessoas terão o padre.
A Igreja.
Os amigos.
Eu tenho o mar.
O meu grande poema.
O meu silênciio do mundo, que fala.
É uma sinfonia enorme.
Enche o universo.
Estou só.
Mas nunca estou só.
Vou ter contigo.Não falamos.
Não precisamos de falar.
Nem sei como lhe poderia falar.
Fico calmo.
O mar é a minha grande amante.
Quando morrer, vou ter tantas saudades de ti, ó mar.
O mar é o meu grande poema.
Se eu soubese cantar, cantaria como tu, ó mar.
Não tenho mais palavras para te cantar.
Vou ter contigo.
Esta semana houve coisas tristes, preciso de te ouvir.
Agradeço a Deus poder ouvir-te, de noite, a tua música permanente, no silêncio que fala, enquanto olho para o céu estrelado e ouço também as râs e os grilos e os pássaros nos canaviais...
Que bom!.
Afinal não sou tão ignorante assim: sei alguma coisa do maior poema do mundo, que é o Mar, e por que hei-de permitir que as vaidades do mundo da política me angustiem?
Vou ter contigo, Amigo.
Até amanhã.

Eduardo Aleixo

1 comentário:

Maria Eduarda disse...

o mar é teu. O mar é meu. É nosso... e é muito maior do que tudo. É tão grande que o meu irmão, quando o viu pela primeira vez aos 2 anos, disse "que banheira tão grande!"
E, ao contrário da política é cristalino, mesmo quando, em noites como esta se adivinha tempestade e as ondas em torvelinho, arrastam o lixo que o ser humano lá despeja, sem pestanejar, diariamente.