29 novembro, 2006

POLÍTICA SEM ÉTICA

O Sr Ministro,Mariano Gago,chamou aos seus colaboradores,subordinados embora,mas colaboradores,sub-desenvolvidos!E isto,em público,em frente de todo o país,no programa,de grande audiência,"Prós e Contras".
Trata-se,a meu ver,de um acto de má educação.Ele ainda quis emendar o que disse nas palavras,mas estas... já tinham sido... atiradas.
Um ministro, que assim age, pode ser considerado, nos tempos que correm, muito bom ministro.Podem considerá-lo um ás de eficácia.Podem alguns vir dizer-me que é assim que se processa a mudança...Para mim, não é assim que se cria, se promove, a motivação.Ou então,o que li,durante anos e anos, sobre a teoria da motivação, já está ultrapassado. O que li sobre a indispensabilidade de fazer-se a mudança com as pessoas é uma coisa que foi já considerada uma abordagem anacrónica...
Claro que sei qual é a teoria, que não é nova, diga-se: já outros governos anteriores a puseram em prática, só que não de um modo sistemático, e não servido pela propaganda. Em que consiste a teoria, e, pelos vistos, agora, a prática? O processo de mudança tem de ser muito rápido, para evitar que as forças anti-mudança, inerentes à condição humana, se organizem e oponham resistência. Então, como é que se ultrapassam as críticas de os governos não ouvirem os colaboradores?. Ultrapassam-se, dizendo: não, os objectivos foram indicados, todos tiveram conhecimento deles, souberam dos prazos, das metodologias de aplicação, etc... Uma patranha!. Porque estes processos precisam mesmo mais de tempo para as pessoas se identificarem com eles, os perceberem...Não é suficiente enviarem os objectivos para as chefias intermédias falarem com as pessoas....O processo envolve gente. E por isso tem de ser feito com humanidade, embora com firmeza.
Se os senhores Reitores não prestam... há que falar com eles em privado.Se eles têm de ser demitidos...o Sr Ministro resolva lá esse problema no seu gabinete e não na praça pública... e muito menos como se fosse um espectáculo!!
Finalmente...quanto ao que se passou com o Sr.Professor, Adriano Moreira, um professor brilhante e respeitado por todos, independentemente das ideologias, um mestre em Ciência Política, com um percurso exemplar na sociedade portuguesa, vê-lo a ter necessidade de defender-se, num programa televisivo, como se estivesse em tribunal, indício de que não lhe deram oportunidade de dizer das suas razões, em local próprio, foi triste demais...
A mudança faz parte da vida. Como se ouve nas palestras, nas conferências, nos simpósios, etc, nada no mundo mudou mais do que a mudança...A gente sabe que a mudança do país é indispensável. Mas é absolutamente indispensável lembrar a esta classe política, que nunca se preocupou com a mudança, nos governos anteriores, PS e PSD, ou quando se preocupou, foi tratando mal as pessoas, que faça a mudança, com respeito, com educação, porque só uma política que respeite o ser humano é digna de legitimar a mudança que o país requer...

Eduardo Aleixo

1 comentário:

Anónimo disse...

Também vi parte desse debate e fiquei "enojada". Sim, não me enganei, fiquei enojada, parecia aquelas cenas de final de relação, quando as pessoas já não se respeitam, quando perdem toda a noção de decência. O Ministro (parece que a moda pegou) chamou de incompetentes aos reitores e estes chamaram-no de mentiroso.TAmbém me custou ver o Prof. Adriano Moreira naquela situação embaraçosa. Este governo, todo ele devia inscrever-se em programas de boas maneiras, de como motivar as pessoas para a mudança, de como tratar com as pessoas. O governo devia procurar saber a diferença entre "AUTORITARISMO E AUTORIDADE".