04 outubro, 2006

Paixões e paixonetas!


Sou uma mulher de paixões. Apaixono-me por gente, causas, coisas, livros, lugares, ideias... As minhas paixões podem durar minutos, anos ou a vida inteira... depende (de quê, exactamente não sei). Sei que quando tenho alguma nova paixão, toda a agente fica a saber. Gosto de partilhar a minha felicidade. E é por isso que falo muitas vezes de lugares, pessoas, livros... porque estou apaixonada por eles...
Sei que é um tanto irracional deixar que a minha vida seja governada pelo coração em vez da razão... mas sinceramente sou muito pouco cerebral. E é por isso que às vezes as minhas paixões me fazem asneirar.
Para dar um pequeno exemplo... não gosto de comprar. Isto é: compro o que preciso quando preciso. Não sou dada a curar neuras ou crises existenciais com idas às compras. Para isso tenho o mar que é paixão da e para a vida inteira. Mas aqui há uns tempos apaixonei-me por um candeeiro... amor à primeira vista! Não o procurava porque não precisava dele, mas quando olhei para ele foi como se o ouvisse "leva-me, por favor". E não pensei duas vezes. Comprei-o. Por causa disso tive que mudar a decoração toda do meu quarto... É claro que não foi uma atitude racional! Mas fez-me muito bem. Gosto de acender "o meu candeeiro". Gosto de ler à luz azulada "do meu candeeiro". Já dura há algum tempo esta minha paixão... e pelo que me custou espero que saiba corresponder e portar-se à altura da minha devoção.
Tenho uma paixão compulsiva, para dar outro exemplo, pelos romances do António Lobo Antunes. Estou sempre à espera do próximo. E da última vez sairam apenas (este apenas soa-me mal) as cartas "D'este viver aqui neste papel descripto - Cartas da Guerra" Eu chamar-lhes-ia "cartas de amor". Porque são muito mais cartas de amor do que cartas de guerra. O dia a dia nelas contado é o diário de um homem que vive de e para a paixão que sente pela mulher e pela filha ainda por nascer.
Não sei porque é que me deu para falar do meu génio português predilecto. Acho que tenho saudades de um novo romance dele... deve ser isso.
Hei-de falar-vos aqui de David Lodge, um escritor britânico que só agora descobri e que, não sendo um génio como Lobo Antunes ou Milan Kundera entra na galeria das minhas paixonetas.
Apaixonem-se e sejam felizes.

1 comentário:

Anónimo disse...

Prefiro o coração ao cérebro.
Gosto mais da bondade do que da inteligência.
Eu também sou assim: o lado direito do cérebro é que domina a minha vida.
Há muitas afinidades entre nós.
Mas não pensem que os seres humanos são iguais.
Tudo é complexo. E misterioso.
Por exemplo: por que não consigo ler um livro de António Lobo Antunes até ao fim, ao contrário da Eduarda?
E, no entanto, quanto a outros escritores, e assuntos, a afinidade é total.
Não sei.
Contudo,tenho a obra toda dele.
Sei que mais dia, menos dia, vou entrar por aquela porta.
Sim, há escritores - todos os escritores e artistas - que têm uma porta e é preciso descobrir a chave.
Pois eu já tentei. E ainda não consegui descobri a chave.
Sei que Lobo Antunes é um grande escritor.Sei, porque sei.Porque também, embora tosco e rudimentar, sou um amante das palavras, dos livros, dos poemas...
Mas ainda não entrei na sua casa.
Sei que vou entrar um dia.
Sabem,?,. aconteceu-me o mesmo em relação ao Saramago.Que hoje cosidero um escritor espantoso.
Mas ainda não chegou a minha hora para o Lobo Antunes.
Mas isto vinha a propósito do coração e da falta de lógica...
Quero lá saber da lógica...
Bom feriado, Eduarda.Para si e para todos os seus amigos.