Entrei no café com um rio na algibeira
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr
da imaginação...
A seguir, tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
a concebê-las.
Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.
E agora aqui estou a ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir
-onde só procuro a Beleza
para me iludir
dum destino.
José Gomes Ferreira
1 comentário:
A fantasia, a imaginação, o andar em outro mundo, o olhar tristemente ausente, irónico, melancólico, o sorriso de mistério nos cantos da sua boca, te lembro, José Gomes, hé tantos anos, numa noite bonita, na feira do livro, em Lisboa, no Parque Eduardo VII, tu, com aquela ausência presente, dos sábios, que olham em todas as direcões ao mesmo tempo, no espaço e no tempo, com quase medo de assinares o autógrafo, tarefa para ti sem grande significado e eu. à tua frene, atrapalhado, desejoso de poder dizer que tinha um livro por ti assinado...Que saudades desse tempo, José Gomes...
Sabes, Eduarda, estes poemas no blog também têm este sortilégio: aproximam-nos a todos, nós, os vivos, e os outros que já foram...
É desta ideia que eu gosto: estamos todos juntos, na distância...
EAleixo
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