Tenho um amigo de infância, com quem falo regularmente por telefone (quase sempre por iniciativa dele, diga-se em abono da verdade, uma vez que eu não aprecio o aparelho particularmente)... Ao longo de 30 anos, estivemos juntos apenas em ocasiões de luto, excepção feita a uma visita que ele me fez, há muitos anos... E íamo-nos prometendo beber um copo, almoçar, jantar, mas sempre adiando...
Mas desta foi! Ele telefonou-me e combinámos o tal encontro, que afinal foi almoço. Que se prolongou tarde fora... às 17 horas percebemos que eram 17 horas... e que os empregados estavam todos à nossa espera para irem à sua vida... E decidimos continuar a conversa em casa dele, que fica perto do restaurante.
Tenho andado a pensar nesta conversa, porque este meu amigo, é uma daquelas pessoas que, a certa altura da vida, estacionou... Isto é: fala como se tivesse mais de 80 anos. Coisas do tipo "no nosso tempo, lembras-te..." Acontece que o meu tempo é quando... está a acontecer neste momento. A vida não parou lá atrás, o país não estacionou no tempo em que fizemos o liceu... nessa altura, o ensino ainda não estava democratizado... era para muitos, mas não ainda para todos... Hoje há escolas bem difíceis... e pretender que o ensino seja instrução é completamente utópico. Como é que um professor consegue dar uma aula a alunos que indisciplinam uma turma inteira? E como é que pais que estão ocupados em ganhar dinheiro a tempo inteiro, podem educar os seus filhos?
O que eu acho, sinceramente, é que temos o mundo ao contrário. Invertemos a ordem dos factores e ficámos muito felizes por termos casas e carros e roupas de marca e viagens a sítios mais ou menos exóticos... Enchemos os filhos de tudo o que está na moda... qualquer puto do básico, tem hoje telemóvel... que atende durante as aulas! Quando não é ele mesmo a fazer chamadas ou enviar sms! Achamos uma maravilha um jardim de infância aberto 24 horas por dia... Isto é extraordinário! Não admira pois, que cada vez haja menos casais dispostos a ter meninos... realmente, para os depositarem mais tarde num qualquer sítio que recolha crianças, mais vale ficarem quietinhos!
Sou apologista de famílias grandes... acho que os casais deviam fazer e ter muitos meninos e meninas... gosto de crianças e elas são muito necessárias a qualquer país que se quer desenvolver... Mas vamos mesmo ter que confiar nos nossos emigrantes, alguns com culturas mais evoluídas, que se dão ao trabalho de ter crianças e de as educar... e deixam então a instrução a cargo da escola... infelizmente estas crianças não tirarão todo o proveito disto, porque os pais portugueses e africanos estão ocupados a ganhar muito dinheiro, para poderem comprar tudo o que as criancinhas precisam para não ficarem traumatizadas ou para ganhar o pão do dia a dia... e esperam que os seus filhos deseducados se tornem instruídos.
Não adianta pois, amigo, ficar parado a olhar para trás, para "como era". Agora é diferente... não é melhor nem pior! É como é, e não vai melhorar se ficarmos de braços cruzados a olhar para trás ou se passarmos cada vez mais tempo fora de casa a ganhar dinheiro em vez de passarmos mais tempo com as nossas crianças... que já passam os seus "maravilhosos" dias a ver TV ou a jogar no computador. Há que dar a volta a isto...
Conheço um belga que tinha 4 filhos e vendeu o carro para poder ter mais 1... Pode ser que um destes dias a nossa gente comece a acordar... e perceba que os filhos são muito mais interessantes, sobretudo mais estimulantes do que casas com piscina e bólides que chegam aos 300 km/h!
E daqui te digo mais uma vez amigo: não basta saber enviar e abrir e-mails! Faz um upgrade ou estás tramado!
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