Acabo de saber: morreu o ouro negro que restava. Fico triste, pois claro. Cresci a ouvi-los, a ele e ao Milo. Tinha eu 2 anos quando eles começaram: foi uma vida inteira a ouvir o Duo Ouro Negro.
Raul Indipwo nunca mais foi o mesmo homem, após a morte de Milo. E por muito que ele afirmasse a sua alegria de viver, sentia-se que era a forma dele sobreviver à saudade daquele que o acompanhou durante tantos anos.
Passou a vestir sempre de branco: a cor do luto em África. Pintava mais do que cantava. É mais fácil sobreviver à dor de uma grande saudade, pintando ou escrevendo, do que cantando... A música africana é feita de dor, mas também de muita alegria. E o Raul perdeu a alegria quando ficou só.
De vez em quando ouvia falar dele. E ficava incomodada porque ele se deixava usar por algumas figuras do nosso inventado jet-set. Acho que ele estava tão cansado de viver aquele luto que tentou fugir-lhe de alguma maneira... há sempre quem aproveite o lado menos mau de cada coisa!
Sei que ele acreditava em Deus, que era um homem de fé. Por isso Raul, que Deus te proteja e que encontres o teu Amigo Milo de boa saúde. Por cá fico eu, um pouco mais pobre!
A vida continua.
1 comentário:
Pois é. É a sensação de vazio. De mais um vazio. E são tantos os vazios desta vida. Hoje vai valer-me a garrafa de Ballantines. Vazio por vazio...
Orlando Castro
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