24 junho, 2006

O cantinho do sossego


Chego ao fim de uma semana de seis dias, completamente estoirada... Para ajudar à festa ando a dormir pouco ou nada há demasiado tempo. Mas enfim... quem corre por gosto não cansa. E este é o meu cantinho do sossego, o meu espaço do interior para o exterior, o meu psicanalista pessoal... é o único espaço onde consigo mostrar-me pelo avesso, se é que alguém vai entender o que eu quero dizer.
Antes de entrar aqui no meu canto, fui espreitar a casa de um vizinho. Apercebi-me que ele excluiu a segunda e última postagem que tinha feito. Se me estiveres a ler vizinho, diz-me: costumas arrepender-te de tudo o que fazes assim com essa rapidez toda? Porque limpaste o que tinhas escrito? Não era verdade? Creio que anda por aí algum sentimento semelhante à vergonha, e se for este o caso aproveito para te dizer que não tens razão para te envergonhares do que escreveste. Amar, na tua idade é uma coisa linda (é linda em qualquer idade, desde que se acredite, claro!). E se a tua amada souber que gostas tanto dela, acabará por abrir um espaço para ti.
Feito este parêntesis, dirigido ao meu vizinho, aproveito para falar de arrependimento.
Não gosto da palavra. É arrevesada! Faz-me lembrar salas de catequese aonde nunca estive. Faz-me lembrar o velho da catedral da Guarda! (claro que não sabem do que estou a falar, um dia destes eu conto e ficam a saber).
Não me lembro de me arrepender do que quer que fosse que tenha feito. Posso até pensar que se calhar não fiz o que devia, se calhar magoei alguém, se calhar vou magoar-me... mas arrepender-me mesmo, não! Fiz está feito e ponto final. Disse, está dito, paciência.
Faço o que me dá na real gana a maior parte das vezes, sem olhar para trás. Quando entrei nos 40, decidi que tinha chegado à maioridade e adquirido o direito de fazer o que me apetecesse. É claro que não saí por aí aos tiros em quem não gosto. Bem me apetece às vezes mas não perdi de todo a sensatez. Ganhei foi a minha liberdade! Ganhei espaço! Conquistei novos amigos, novos interesses, novos horizontes... a vida é uma aliada, os anos que nos vão deixando marcas são nossos amigos, saber envelhecer e disso tirar o melhor partido é a maior sabedoria que algum de nós pode desejar. Viver mais devagar, saborear cada pedacinho é o meu próximo objectivo. Se houver por aí alguém que me queira acompanhar é favor ligar para o 000 000 000 (claro que o nº não existe!, isto não são os classificados Ocasião!).
Este cantinho faz parte desta nova vida que conquistei. Sem ele não estaria tão inteira, tão atenta ao que se passa à minha volta, às cores que me rodeiam. Escrever para mim, não me dava esta sensação que eu tenho, agora que sei que há alguém do lado de lá que vai ouvir o que escrevo, (ouvir, pois, não é engano, foi o que eu quis escrever) que vai gostar ou não, que vai rir ou chorar, achar que tenho piada ou perguntar-se porque raio teimo em escrever...

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