11 dezembro, 2010

restou a rosa

cuido das minhas rosas melhor das minhas roseiras na verdade rosa neste momento há apenas uma mas é uma bela rosa vermelha sangue e enquanto isso os espinhos arranham-me e não sei porquê penso em ti e na rosa que nunca me deste fosse como esta cor de sangue ou negra branca amarela apenas a rosa que não existiu como tu afinal não exististe foste apenas mais um personagem que criei para fazer parte dos meus cenários apenas uma invenção mais uma só isso e então pergunto-me porque mentes tanto afinal se és só uma personagem se não passaste nunca disso porque te dei tanto porque te dei tudo o que era porque fiquei assim com cara de parva quando tu mesmo me chamaste a atenção e me disseste porque te dás inteira se não tenho nada para te dar e tu a repetires e eu teimosa dizendo não percebes nada eu não te dei nada que não tivesse recebido e era assim mas não tinha recebido de ti e o que te dei não te pertencia não era para ser desperdiçado com alguém que nunca me deu uma rosa qualquer rosa que não foste capaz de roubar num jardim como as crianças fazem no dia da mãe e deve ser a única coisa que acho que foi feita para ser roubada mas mesmo assim eu teimava em dar como se o mundo fosse todo meu e agora sinto uma coisa pegajosa que se solta das roseiras algo que me incomoda como isto de estar a pensar em ti quando devia apenas estar a pensar no que estou a fazer. tão insólito este sentimento de saber que afinal o que me fez lembrar de ti quando cuido das rosas não são os espinhos como não foi a rosa que nunca me deste mas esta coisa viscosa que se cola à minha pele. restou a minha rosa.

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