19 junho, 2010

está

saramago diria que já não está. diria deixei de estar. e esta é uma maneira bonita de dizer deixei de viver. de certa maneira é verdade. se saramago ainda cá estivesse acabaria o romance que estava a escrever e daria aos seus leitores convictos mais uma estória que os faria menos ignorantes da vida e sobretudo do ser humano. quantos cães das lágrimas perdemos só porque saramago deixou de estar? quantas polémicas e palavras duras com apoiantes de um lado e inimigos convictos do outro deixaremos de assistir? saramago deixa um amargo de boca a todos aqueles que se entretinham a dizer mal dos seus romances sem sequer se terem dado ao trabalho de ler uma linha de qualquer dos seus livros. aqueles que toda a vida se incomodaram pelas suas opções políticas e nunca se deram ao trabalho de prestar atenção ao saramago que se preocupava com os seus semelhantes. aqueles que como aníbal ficarão o resto da vida a remoer os sarcasmos com que foram brindados pelo génio e jamais conseguirão perceber porque foi atribuído um nobel da literatura a alguém que ludibriava e reinventava a gramática portuguesa para já não falar da obra publicada e amada nos mais diversos países. pobre país que estás entregue uma horda de gente que por mais licenciaturas que apresente nunca conseguiu ler o evangelho ou caim mas mesmo assim se atreveu a falar do que não sabia. sramago não está? está pois. por muitos e bons anos para quem não dispensa um bom livro e uma boa estória.

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