colas-te à minha pele como uma segunda pele e depois desapareces e deixas-me o trabalho doloroso de te arrancar de mim. pouco a pouco com jeito lá te vou arrancando mas é um trabalho demorado e requer paciência e capacidade de sofrer. e quando consigo arrancar-te finalmente e me sinto tão livre como a mulher mais livre do mundo tu apareces não sei de onde nem como nem quero saber porque deixo que te coles de novo e assustada fujo não sei para onde talvez um mundo mais que perfeito à minha medida onde apenas existem os meus livros e a minha música e este tempo em que vou espantando os meus maus espíritos. e permaneço na minha concha muito quieta como se não existisse mas tu apareces de novo e acordas-me e sei que vou sofrer de novo ao arrancar-te da minha pele mais complicado ainda da minha cabeça e mesmo assim sei que vou arriscar porque já não tenho nada a perder. fico-me no meu canto sentindo a humilhação da amante que se esconde de tudo e de todos e não gosto não quero viver escondida dou a cara e não me importo que te vás embora não me importo de arrancar de novo a segunda terceira quarta... pele. um dia serei capaz de desaparecer da face da terra dessa terra desse mundo onde tu vives... e não sonhas sequer que um dia eu quis fazer parte desse mundo. um dia quis. não quero mais.
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